segunda-feira, 7 de abril de 2014

Livro sobre história de Guiné-Bissau é lançado em Lisboa

Um livro de referência sobre a Guiné-Bissau, um roteiro inédito de cinco séculos que realiza um enquadramento histórico, literário e económico do país desde a época colonial, será lançado na quarta-feira, em Lisboa, disse hoje um dos autores.
"Nós pensámos que era preciso existir um roteiro sobre a Guiné-Bissau", disse à Lusa o embaixador Francisco Henriques da Silva, sublinhando que "não há obras de referência sobre o país, há um vazio nesta matéria".

A obra intitulada, "Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau -- Um Roteiro", escrita por Henriques da Silva e Mário Beja Santos, recupera cinco séculos de história do país, desde o período colonial português até o pós-independência.

Para o diplomata, já reformado, o livro pretende dar um panorama geral da Guiné-Bissau durante os períodos abordados e indicar ainda aos leitores leituras sobre os diversos assuntos tratados.

De acordo com o autor, o enquadramento histórico "ocupa dois terços do livro", sublinhando ainda que abordam "temas como a literatura, as principais personagens guineenses, a política de cooperação, a economia, os povos e a língua portuguesa na Guiné-Bissau".

"O livro tem um limite temporal, que é o dia 12 de abril de 2012, data do mais recente golpe militar no país (que depôs o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior)", explicou o embaixador.

O autor do livro disse que trataram as questões de forma geral, tentando não tomar partidos, "apesar de ser muito difícil, quase impossível", sobretudo "devido à situação em que se encontra o país".

"Nós dizemos que o país soube conduzir a guerra (de independência), mas o problema é que não soube gerir a paz", sublinhou, acrescentando que faltavam quadros, executivos, pessoas qualificadas e, além disso, vieram ao de cima vários problemas, como as questões étnicas (entre balantas, fulas e outras etnias) e as lutas entre os militares.

Francisco Henriques da Silva disse que o livro surge também do conhecimento dos autores como combatentes da guerra colonial, pela sua experiência como diplomata e pelas investigações que Mário Beja Santos faz há anos sobre o país.

"Eu fui embaixador de Portugal na Guiné-Bissau num período muito conturbado, entre 1997 e 1999, no período em que ocorreu a guerra civil", sublinhou.

Depois de sucessivos golpes de Estado, a guerra civil na Guiné-Bissau foi desencadeada, em junho 1998, por um golpe contra o Presidente João Bernardo Vieira (assassinado em 2009, noutro golpe de Estado), liderado pelo brigadeiro Ansumane Mané e que só terminou em maio de 1999.

"Num país pobre, há sempre alguém que se tenta aproveitar da situação e daí surgem casos graves de subornos nas forças armadas, casos graves de suborno e corrupção nas forças políticas e, inevitavelmente, aparecem outros fenómenos, como o narcotráfico", disse.

Para o autor, os sucessivos golpes no país desde a independência provocam "uma instabilidade muito grande, afastando também empresários, pessoas que podiam cooperar, colaborar com a Guiné-Bissau", sublinhando que o futuro do país "está nas mãos dos próprios guineenses".

"Falei recentemente com pessoas na Guiné-Bissau e disseram-me que não sabem o que vai acontecer", afirmou o escritor, lembrando que as eleições gerais no país estão marcadas para 13 de abril.

O diplomata já lançou um livro que aborda o período da guerra civil, intitulado "Crónicas dos (Des)feitos da Guiné", em 2012.

O coautor Mário Beja Santos, também especialista em direito do consumidor, tem outras obras sobre a Guiné-Bissau: "Diário da Guiné (1968-1969) -- Na Terra dos Soncó", "Diário da Guiné (1969-1970) -- O Tigre Vadio, Mulher Grande" e "A Viagem do Tangomau".

O livro "Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau -- Um Roteiro" será apresentado por Julião Soares Sousa, guineense e professor da Universidade de Coimbra, e por Eduardo Costa Dias, docente no ISCTE, no Palácio da Independência, em Lisboa.
Noticias ao Minuto ' 07 de Abril 2014

Sem comentários:

Enviar um comentário

ATENÇÃO!
Considerando o respeito pala diversidade, e a liberdade individual de opinião, agradeço que os comentários sejam seguidores da ética deontológica de respeito. Em que todas as pronuncias expressas por escrita não sejam viciadas de insultos, de difamações,de injúrias ou de calunias.
Paute num comentário moderado e educado, sob pena de nao sair em público