segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

A NECESSIDADE DE DIVERSIFICAÇÃO DA ECONOMIA GUINEENSE

Alguns países, habitualmente os menos avançados, limitam-se apenas a comercializar as matérias-primas de que dispõem no seu território.Já os países mais avançados, se estiverem imbuídos de recursos naturais,a sua comercialização é feita maioritariamente após a transformação de tais recursos ou matérias-primas através de um processo tecnológico. E esta diferença é precisamente a génese da diferença da riqueza entre as nações.
Diversificação económica não só traz uma variada gama de produtos a serem produzidos como também a transformação de matérias-primas em diferentes derivados e novos produtos,trazendo assim um acréscimo no valor original de mercado da matéria-prima.

A Guiné-Bissau é um país com enormes recursos naturais e se nos basearmos na teoria da economia internacional de Hecker-Ohlin ’’a produção e o comércio internacional são realizados na base da dotação de recursos’’,a Guiné-Bissau deveria ser um pais comercialmente rico. No entanto, esta mesma teoria não leva em consideração a transformação de tais recursos para obtenção de valor acrescentado.
As consequências da não-diversificação da economia são visiveis e não se podem ocultar. Por mostrar relutância em diversificar a economia, os seguintes défices foram registados na economia guineense : Contenção das despesas públicas, problemas sérios de liquidez no mercado (quando termina a campanha de castanha de caju a massa monetária diminui no mercado,consequentemente existe pouca circulação de dinheiro e as empresas e as familias terão dificuldades em satisfazer as suas necessidades), investimentos inviabilizados por falta de verbas, falta de confiança no sector bancário e poder económico decrescente. A política de diversificação económica deve ser realizada com tenacidade e de lado deve ser posto o espalhafato da diversificação.

Que passos então devem ser dados para diversificar a economia Guineense ?

O primeiro passo a ser dado deverá ser em direção a substituir os bens e serviços importados que podem ser produzidos internamente.

O processo natural de desenvolvimento leva a que, à medida que o desenvolvimento segue o seu curso,o país comece a produzir pelo menos alguns dos bens e serviços que inicialmente importava.
Reduzir a dependência em relação à castanha de caju, expandir a oferta de emprego, assegurar a auto-sufciência alimentar, substituir as importações e melhorar o equilibrio das finanças públicas.
Apostar na Agricultura convencional não de subsistência (produção de milho, amendoim,arroz,batata-doce,etc…) são com modities que o país já produzia. Introdução de novas técnicas de lavoura, aumento de produtividade e de qualidade.
Apostar no Turismo. Segundo um estudo recente de um gabinete de consultoria Espanhol, hoje a maior parte dos contribuintes do mercado de turismo (mercados ocidentais) estáà procura de zonas estaveis para fazer turismo. Estes turistas ja não vão aos paises da África do Magreb (Mauritânia,Argélia, Tunísia,Marrocos e Sahara Ocidental) nem ao Egipto, locais antes preferidos, devido à insegurança. 
Nós não temos o problema de insegurança no país não obstante a instabilidade política por isso, devemos aproveitar este momento e criar condições adequadas que promovam este sector que representa uma grande fonte de receitas.
Para estimular a actividade turística de maneira a que se traga mais turistas para o país,há necessidade de se flexibilizar o processo dos vistos e baixar os respectivos preços, de modo a não afuguentar os visitantes.
No sector industrial, sugeria que se criassem condições para a transformação dos produtos locais no país, bem como a comercialização destes produtos no mercado regional que é menos exigente.
Para todos estes projetos, o governo guineense deve estabelecer prioridades, pois a diversificação deve ser feita de forma programada, com estruturas e áreas bem definidas.
O incentivo ao sector privado (pequenas e médias empresas) não deve ficar de fora uma vez que ele é o parceiro priveligiado do governo, com vista a proporcionar empregos e desenvolver a economia guineense e que em minha opinião deve ser dominado pelos nacionais.
Essa aposta deve passar, necessariamente, pela formação,capacitação,estágios, etc.
Recorda-se que a Guiné-Bissau é um país cuja economia depende da comercialização de castanha de caju, sendo por isso vulnerável às variações, positivas ou negativas,ocorridas no mercado mundial desta mercadoria.
Para a dependência da castanha de caju não ser uma constante, é necessário que se diversifique a economia, no sentido de torná-la mais rebusta e capaz de melhor resistir às crises. Uma participação de 99% da exportação de um só produto faz da Guiné-Bissau o país africano com maior concentração de exportação por produto,ainda superior à Nigéria e à Guiné-Equatorial, países exportadores de Petróleo.
A multiplicidade de sectores que contribuem para a formação do Produto Interno Bruto (PIB) só irá acontecer quando se investir fortemente na economia real, ou seja, nas cadeias produtivas, com o objectivo de produzir de forma rápida e integrada,bens alimentares básicos.
É imprescendivél que se saiba quanto é que a Guiné-Bissau deve investir no futuro e determinar o horizonte temporal para que se tenha uma estrutura económica menos dependente de castanha de caju e centrada numa economia diversificada.
Em África, a agricultura continua a ser um grande sector em muitas economias, o que representa cerca de 20% do PIB regional (em comparação com uma quota de 6% a nível mundial) e cerca de 65% dovolume de emprego.
Desde já são importantes transformações estruturais que permitam no médio/longo prazo a emergência de sectores de actividade fora do caju. Os desafios passam por diversificar a estrutura produtiva, alargar a base de tributação, aumentar os níveis de emprego, melhorar a balança de transacções correntes e garantir o equilíbrio orçamental.
A diversificação da economia deve ser vista como o caminho para um desenvolvimento sustentado.
Mestre : Aliu Soares Cassama

1 comentário:

  1. Une très bonne réflexion économique. Encore faudrait-il que chacun, citoyen et politique, prenne conscience de ces paramètres de diversification et arrête de s'enorgueillir du prix de cajou à 1200f le kilo.

    ResponderEliminar

ATENÇÃO!
Considerando o respeito pala diversidade, e a liberdade individual de opinião, agradeço que os comentários sejam seguidores da ética deontológica de respeito. Em que todas as pronuncias expressas por escrita não sejam viciadas de insultos, de difamações,de injúrias ou de calunias.
Paute num comentário moderado e educado, sob pena de nao sair em público