PAIGC está a viver um ambiente de alta tensão
Na semana em que o partido viu detido dois dos
militantes, Armando
Correia Dias e o irmão, a
má nova chegou à sua
bancada parlamentar.
Leopoldo de Jesus Araújo
“Néné Cá”, promoveu uma
conferência de imprensa
para denunciar que a sua
residência tinha sido
“invadida” por militantes do
PAIGC.
A “invasão” terá ocorrido
após circularem notícias
que indicavam que este
deputado poderá no
próximo dia 29 de Junho
votar favoravelmente aos
partidos que apoiam o
actual Governo de Nuno
Nabiam, nomeadamente
PRS e o MADEM. Rumores
que o deputado não
desmentiu limitando-se a
armar que, quando tiver
acesso à ordem do dia, irá
posicionar-se. Uma posição
que conrma que o
deputado não está
submetido a qualquer
orientação de voto.
Nos bastidores dos
“Libertadores” garantem
que é uma dissidência conrmada. Néné Cá,
deputado do PAIGC, eleito
nas listas do partido em
Bissau no Círculo 25, na
conferência de imprensa,
sobre a referida “invasão”
da sua residência por
militantes do PAIGC,
insistiu que a violação da
sua casa estaria
relacionada com a opção do
seu voto na próxima sessão
parlamentar.
Segundo Néné Cá, o grupo
que foi a sua casa não o
encontrou, porque tinha
desgosto e estava ausente.
O grupo de militantes do
PAIGC pretendia que o
deputado assinasse uma
declaração de
compromisso
relativamente ao seu voto.
Como não conseguiram
encontrar o deputado, o
grupo de militantes terá
pedido à esposa Néné Cá
para assinar o mesmo
documento. A esposa
recusou, alegando que,
tratando-se de algo privado
e que deveria ser tratado
apenas pelo próprio
deputado.
“Quando não me
encontraram em casa,
porque tinha saído por
causa de desgosto de um
familiar, uma companheira
ligou-me a dizer que
estavam à minha espera.
Rearmei que estava
ausente. Perguntou-me a
que horas nos poderíamos
encontrar. Perguntei a
razão, mas não disseram”,
contou Néné Cá.
Para Leopoldo de Jesus
Araújo “Néné Cá” a
situação crítica que se vive
neste momento é o reexo
das acções e actos dos
militantes do PAIGC. A
sustentar a sua posição,
Néné Cá explicou que, se
hoje, alguém diz que o
partido e o seu candidato
perderam as eleições, foi
porque pessoas que
receberam fundos
nanceiros para fazer a
campanha mas não zeram
nada.
“É possível acompanhar nas
redes sociais uma
campanha contra alguns
dirigentes do partido. O
mais chocante é ver ser vaiado o presidente do
Parlamento, a segunda
gura do nosso partido e do
próprio país. Ele está a ser
vaiado nas ruas pelos
próprios militantes do
PAIGC. Isto não pode
acontecer. E eu sou contra
isso”, disse.
Apesar do tema do
momento ser sobre uma
“deslocação da maioria” no
Parlamento, com
deputados do PAIGC a
votarem a favor dos
adversários políticos dos
“Libertadores”, Leopoldo de
Jesus Araújo permaneceu
vago, insistindo que não
pode revelar a orientação
do seu voto enquanto não
tiver acesso à ordem do dia,
podendo todavia votar a
favor ou contra a posição
do PAIGC.
“A única garantia que posso
dar é que não vou
comprometer a função de
deputado. É preciso que
cada posicionamento do
deputado tenha em
consideração o momento. É
isso que vou fazer”, disse.
Reconhecendo que está a
ser alvo de muita pressão, o
parlamentar garantiu não
ter conversado com
ninguém sobre a
orientação do seu voto. No
entanto, entre três
deputados que os
militantes do PAIGC
suspeitam que vão votar a
favor do campo politico
oposto, o seu nome gura
na lista, juntamente com o
Presidente da ANP e do
deputado eleito nas listas
do PAIGC no Círculo 18,
Sonaco. Néné Cá, prefere
salientar que ninguém o
pode impedir de votar em
quem entender. “Disseram
que eu fui visto à noite na
casa de Cipriano Cassamá e
depois na casa do Braima
Camará. Mas eu não
preciso de ir a estas
localidades à noite. Quem
não sabe que sou grande
amigo de Cipriano
Cassamá? Quem não sabe
que sou amigo do Braima
Camará? Portanto com os
meus amigos, ninguém
pode impedir-me de
relacionar”, disse.
Ameaças de uma suposta
“ala militar do PAIGC”
Depois dos adversários
políticos do PAIGC terem
manifestado que têm
garantida a “nova maioria”
parlamentar, contando
assim com o voto de
dissidentes dos
“Libertadores”,
imediatamente alguns
deputados foram
considerados “suspeitos”.
A reforçar o ambiente de
tensão já patente, está a
circular nas redes sociais
um vídeo com indivíduos
envergando uniformes
militares camuados e
ameaçam em crioulo de
matarem todos os
deputados do PAIGC que
traírem o partido, assim
como perseguirem
eternamente as suas as
suas famílias.
Os autores do vídeo
assumem-se membros de
uma suposta “ala militar do
PAIGC”. Na parte nal do
vídeo os mesmos
indivíduos prometem que,
até 29 de Junho, vão dar
sinais para que as pessoas compreendam que o que
está em jogo é sério.
O PAIGC distanciou-se
totalmente dos propósitos
patentes no vídeo, tendo a
juventude dos
“Libertadores”, em
conferência de imprensa,
repudiado os actos de
humilhação que os
dirigentes do partido estão
a ser alvo. Armanda Vieira
Monteiro, secretária-Geral
Adjunta da JAAC pediu aos
militantes do PAIGC para
estarem atentos sobre o
alcance daquilo que está a
ser perpetrado pelos seus
adversários. “Isto já deixou
de ser Domingos Simões
Pereira. Se continuarmos
assim, um dia será contra
qualquer um”, sublinhou.
Rispito.com/e-Global, 24-06-2020
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