segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Guiné-Bissau reforça segurança na linha da fronteira leste e sul com a Guiné-Conacri

A Guiné-Bissau reforçou as medidas de segurança na fronteira leste e sul com a Guiné-Conacri, depois de forças especiais daquele país terem afirmado que capturaram o Presidente, disseram hoje à Lusa fontes militares.

Os batalhões dos aquartelamentos de Gabu (leste), de Quebo e Buba (no sul) receberam ordens do Estado-Maior das Forças Armadas no sentido de reforçarem as medidas de segurança nos postos de fronteira com a Guiné-Conacri.

Fontes do Governo disseram à agência Lusa que Bissau "está a acompanhar o evoluir da situação" na Guiné-Conacri.

As forças especiais da Guiné-Conacri afirmaram hoje ter capturado o Presidente Alpha Condé e "dissolvido" as instituições, num vídeo enviado à agência de notícias AFP e que está também a circular nas redes sociais, enquanto o Ministério da Defesa garantiu ter repelido a tentativa de golpe.

"Decidimos, depois de retirar o Presidente, que atualmente está connosco (...), dissolver a Constituição em vigor e dissolver as instituições; decidimos também dissolver o Governo e fechar as fronteiras terrestres e aéreas", disse um dos membros do grupo envolvido no alegado golpe de Estado e que se apresentou de uniforme e armado numa declaração divulgada nas redes sociais, mas não transmitida pela televisão nacional.

O autor das declarações foi identificado como sendo o coronel Mamady Doumbouya, comandante das forças especiais, que anunciou também o encerramento das fronteiras terrestres e aéreas da Guiné-Conacri.

Foram também divulgadas imagens do chefe de Estado, nas quais lhe perguntam se foi maltratado, tendo Alpha Condé, vestido com calças de ganga e camisa e sentado num sofá, recusado responder.

Por seu lado, o Ministério da Defesa afirmou, em comunicado, que "os insurgentes semearam o medo" em Conacri antes de tomarem o palácio presidencial, mas que "a guarda presidencial, apoiada pelas forças de defesa e segurança leais e republicanas, conteve a ameaça e repeliu o grupo de atacantes".

Hoje de manhã foram ouvidos tiros de armas automáticas no centro de Conacri, capital da Guiné-Conacri, e muitos soldados eram visíveis nas ruas, segundo relataram várias testemunhas à agência AFP.
A Guiné-Conacri, país da África Ocidental que faz fronteira com a Guiné-Bissau e é um dos mais pobres do mundo e enfrenta, nos últimos meses, uma crise política e económica, agravada pela pandemia de covid-19.

A candidatura do Presidente Alpha Condé a um terceiro mandato, considerado inconstitucional pela oposição, em 18 de outubro de 2020, gerou meses de tensão que resultou em dezenas de mortes.

A eleição foi precedida e seguida da detenção de dezenas de opositores.

Vários defensores dos direitos humanos criticam a tendência autoritária observada durante os últimos anos na presidência de Condé e questionam as conquistas do início da sua governação.

Condé, um ex-opositor histórico, preso e até condenado à morte, tornou-se, em 2010, no primeiro Presidente eleito democraticamente no país.
Rispito.com/RTP Noticias, 06/09/2021

Sem comentários:

Enviar um comentário

ATENÇÃO!
Considerando o respeito pala diversidade, e a liberdade individual de opinião, agradeço que os comentários sejam seguidores da ética deontológica de respeito. Em que todas as pronuncias expressas por escrita não sejam viciadas de insultos, de difamações,de injúrias ou de calunias.
Paute num comentário moderado e educado, sob pena de nao sair em público