Por: Samba Bari
Uma nação é reflexo da
capacidade de realização e, sobretudo, do carácter dos seus
políticos, governantes, e demais agentes públicos. Todo esse
conjunto é que determina a grandeza e a solidez das instituições
que compõem o Estado.
Mas um Estado desprovido
de bons exemplos e de práticas saudáveis do ponto de vista ético e
moral, que cultiva um corporativismo obscuro e inexplicável, que
tem mais a ver com o truque diário que se faz em política do que
com a realidade do que há a fazer, jamais alcançará os níveis de
progresso desejáveis para galgar uma posição de real
desenvolvimento.
É bom que cada um de nós
esteja a beneficiar com a bondade de Deus, e a sua mãozinha de
bênsão... Mas não vale a pena que ninguém esteja confiante em
triunfar com os propósitos de tramar alguém, de fazer mal ou com
espíritos de vingança.
Porque se o maltrato cria
ódio, semeia rancor e espírito de revolta... A vingança
propositada também não consegue promover o reencontro e
entendimento, já que não nos afasta daquela linha continua do ataque
e de contra-ataque. E qualquer sociedade que vive nessa rotina, não
consegue estar em sossego nem contar com o sucesso... muito menos no
desenvolvimento.
É verdade que na
Guiné-Bissau, muita história passada nos demonstrou a inexistência de uma
justiça consistente e responsável, pelo que, todos se vociferam pela necessidade de haver uma justiça séria para inumeros casos que precisam de
esclarecimento e de punir os seus responsáveis.
Contudo, não é menos
importante ter atenção para que essa justiça seja conduzida de
forma isenta de vingança, coerente em ação e equilibrada na
decisão.
Porque os desafios são
enormes numa sociedade completamente desorganizada... As acusações
são muitas, partilhadas em autorias morais e práticas... As
responsabilidades são misturadas, entre políticas e pessoais... E o país vive num mundo de inocentes, cheio de suspeitas e nenhum acusado formal.
Tudo isso, são factos que
se deve ter em conta, para moldar uma justiça maleável, de formas a
não ultrapassar as barras de uma justiça justa e saltar sem dar
por isso, para as margens de vingança. Porque a vingança em si, transpõe as medidas isentas, criando em contrapartida uma outra
injustiça.
E toda injustiça é uma
degradação do ser humano, uma humilhação e uma afronta aos seus
direitos. A Guiné-Bissau vive um
momento de dificuldades marcado pela impunidade, pelo que o trabalho
dos responsáveis da Justiça são muito importantes para o futuro
imediato do país.
Os tamanhos processuais
não devem ser pequenas, porque as gerações envolvidas são
diversas... As suspeitas não são poucas, e as aparições surpreendentes serão eminentes... uma sociedade completamente
desorganizada em que prevalece o espírito de querer enriquecer agora
e neste momento. Para desafiar este sistema é preciso uma equipa
coordenada de justiça com muita coragem.
Quem será o homem forte,
para acusar tão delicados processos e de tamanha complexidade?
Será Abdú Mané?... ou o seu
sucessor?...
Quais serão o colectivo de
Juízes heróicos e corajosos para decidir de forma justa e aplausível as futuras sentenças?...
Serão os de agora?... ou os que vão suceder?...
Quando uma pessoa comete
uma injustiça contra alguem, no fundo o que faz o injusticeiro se
sentir superior, é a certeza de que a sua conduta injusta ficará
impune.
Na terra dos
acontecimentos, os culpados devem viver de sabor amarga das suas
culpas. Mas a vulnerabilidade de fazer justiça na Guiné-Bissau, é como um atravessar de pés descalços o fio da navalha.
Em todo caso, quem precisa
de voar alto, é normal que comece olhar para o céu... Mas sempre
cuidando com os degraus de vida, sem pressa e com atenção... E ao
subir, não esquecer, a cada passo mais alto do chão, é o sinónimo
de mais um perigo de queda repentina.
A terra é nossa, e o guineense não
deve sentir um desalento, impotência ou de pensar que todos os
esforços que empreende em busca do desenvolvimento e da justiça se
tornam insignificantes, diante do sofrido desmando e da falta de
valores morais e éticos que nos impôs na realidade histórica que
hoje caracteriza a República da Guiné-Bissau.
Temos que acreditar
convictamente que ainda existe uma receita entre as grandes competências do país, que têm
capacidade de inverter essa realidade em que vivemos. Muito embora
não nos parece tão fácil pela simples razão da inexistência de
uma fórmula exacta para erradicar as injustiças que ainda assolam o
nosso país.
Contudo, os primórdios para a mudança de rumo dos acontecimentos, deve ser a valorização
da competência, e a preservação da vida humana. Onde cada um de nós possa acreditar de forma confiante no seu valor enquanto cidadão, e de seguir respeitosamente um caminho como peregrino, em busca de um mundo novo livre de impunidade.
Samba Bari
Gostei do que li. Espero que este site possa frutificar e trazer-nos mais contribuições interessantes para a delucidação do complexo quadro político e social em que a Guiné-Bissau se encontra presentemente. Bem haja!
ResponderEliminarLeopoldo Amado
Muito obrigado pela sua disponibilidade e gosto desse artigo...
ResponderEliminarE da mesma forma agradecer o seu encorajamento que me da mais força e animo de enfrentar essa luta que é de todos nós
Obrigado mano