domingo, 9 de setembro de 2012

 A JUSTIÇA NO FUTURO IMEDIATO DA gUINÉ-BISSAU

Por: Samba Bari
Uma nação é reflexo da capacidade de realização e, sobretudo, do carácter dos seus políticos, governantes, e demais agentes públicos. Todo esse conjunto é que determina a grandeza e a solidez das instituições que compõem o Estado.

Mas um Estado desprovido de bons exemplos e de práticas saudáveis do ponto de vista ético e moral, que cultiva um corporativismo obscuro e inexplicável, que tem mais a ver com o truque diário que se faz em política do que com a realidade do que há a fazer, jamais alcançará os níveis de progresso desejáveis para galgar uma posição de real desenvolvimento.

É bom que cada um de nós esteja a beneficiar com a bondade de Deus, e a sua mãozinha de bênsão... Mas não vale a pena que ninguém esteja confiante em triunfar com os propósitos de tramar alguém, de fazer mal ou com espíritos de vingança.

Porque se o maltrato cria ódio, semeia rancor e espírito de revolta... A vingança propositada também não  consegue promover o reencontro e entendimento, já que não nos afasta daquela linha continua do ataque e de contra-ataque. E qualquer sociedade que vive nessa rotina, não consegue estar em sossego nem contar com o sucesso... muito menos no desenvolvimento.

É verdade que na Guiné-Bissau, muita história passada nos demonstrou a inexistência de uma justiça consistente e responsável, pelo que, todos se vociferam pela necessidade de haver uma justiça séria para inumeros casos que precisam de esclarecimento e de punir os seus responsáveis.
Contudo, não é menos importante ter atenção para que essa justiça seja conduzida de forma isenta de vingança, coerente em ação e equilibrada na decisão.

Porque os desafios são enormes numa sociedade completamente desorganizada... As acusações são muitas, partilhadas em autorias morais e práticas... As responsabilidades  são misturadas, entre políticas e pessoais... E o país vive num mundo de inocentes, cheio de suspeitas e nenhum acusado formal.

Tudo isso, são factos que se deve ter em conta, para moldar uma justiça maleável, de formas a não ultrapassar as barras de uma justiça justa e saltar sem dar por isso, para as margens de vingança. Porque a vingança em si, transpõe as medidas isentas, criando em contrapartida uma outra injustiça.

E toda injustiça é uma degradação do ser humano, uma humilhação e uma afronta aos seus direitos. A Guiné-Bissau vive um momento de dificuldades marcado pela impunidade, pelo que o trabalho dos responsáveis da Justiça são muito importantes para o futuro imediato do país.  

Os tamanhos processuais não devem ser pequenas, porque as gerações envolvidas são diversas... As suspeitas não são poucas, e as aparições surpreendentes serão eminentes... uma sociedade completamente desorganizada em que prevalece o espírito de querer enriquecer agora e neste momento. Para desafiar este sistema é preciso uma equipa coordenada de justiça com muita coragem.

Quem será o homem forte, para acusar tão delicados processos e de tamanha complexidade?
Será Abdú Mané?... ou o seu sucessor?...
Quais serão o colectivo de Juízes heróicos e corajosos para decidir de forma justa e aplausível as futuras sentenças?...
Serão os de agora?... ou os que vão suceder?...

Quando uma pessoa comete uma injustiça contra alguem, no fundo o que faz o injusticeiro se sentir superior, é a certeza de que a sua conduta injusta ficará impune.
Na terra dos acontecimentos, os culpados devem viver de sabor amarga das suas culpas. Mas a vulnerabilidade de fazer justiça na Guiné-Bissau, é como um atravessar de pés descalços o fio da navalha.

Em todo caso, quem precisa de voar alto, é normal que comece olhar para o céu... Mas sempre cuidando com os degraus de vida, sem pressa e com atenção... E ao subir, não esquecer, a cada passo mais alto do chão, é o sinónimo de mais um perigo de queda repentina.


A terra é nossa, e o guineense não deve sentir um desalento, impotência ou de pensar que todos os esforços que empreende em busca do desenvolvimento e da justiça se tornam insignificantes, diante do sofrido desmando e da falta de valores morais e éticos que nos impôs na realidade histórica que hoje caracteriza a República da Guiné-Bissau.


Temos que acreditar convictamente que ainda existe uma receita entre as grandes competências do país,  que têm capacidade de inverter essa realidade em que vivemos. Muito embora não nos parece tão fácil pela simples razão da inexistência de uma fórmula exacta para erradicar as injustiças que ainda assolam o nosso país.

Contudo, os primórdios para a mudança de rumo dos acontecimentos, deve ser a valorização da competência, e a preservação da vida humana. Onde cada um de nós possa acreditar de forma confiante no seu valor enquanto cidadão, e de seguir respeitosamente um caminho  como peregrino, em busca de um mundo novo livre de impunidade.

Samba Bari

2 comentários:

  1. Gostei do que li. Espero que este site possa frutificar e trazer-nos mais contribuições interessantes para a delucidação do complexo quadro político e social em que a Guiné-Bissau se encontra presentemente. Bem haja!

    Leopoldo Amado

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  2. Muito obrigado pela sua disponibilidade e gosto desse artigo...
    E da mesma forma agradecer o seu encorajamento que me da mais força e animo de enfrentar essa luta que é de todos nós

    Obrigado mano

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