terça-feira, 2 de outubro de 2012


Murargy disse que CEDEAO em vez de ser solução "Faz parte do problema"
Murade Murargy - Secretario executivo de CPLP
O novo secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) acusou  a CEDEAO de estar a ser "parte do problema" na Guiné-Bissau, em vez de "parte da solução", violando normas internacionais.
"A ação da CEDEAO complica um pouco todas as outras ações internacionais porque violam todas as normas do Direito Internacional em relação à Guiné-Bissau", reconheceu, em entrevista à Lusa, na sede da CPLP, em Lisboa, o moçambicano Murade Murargy, que inicia agora o seu mandato à frente da organização lusófona.
O diplomata de carreira recordou que a CEDEAO "empossou um Governo" não eleito na Guiné-Bissau (numa alusão ao apoio manifestado aos militares golpistas) e mobiliza, no terreno, "forças compostas por países que são parte interessada no conflito".
Mas, destacou, que o Governo deposto e o Governo de transição  iniciaram um diálogo em Nova Iorque. Raimundo Pereira e o Serifo Nhamadjo reuniram-se à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que termina sem que nenhum representante da Guiné-Bissau suba ao palanque para se dirigir à restante comunidade, dadas as divergências entre as partes.
No final do encontro, ambas as partes encarregaram os seus ministros dos Negócios Estrangeiros de continuar as discussões.
Murade Murargy confirmou que "há muitos esforços que estão a ser desenvolvidos" para "identificar as divergências que existem", mas salientou que o conflito é "um problema a ser resolvido pelos próprios guineenses", que "têm de dialogar".
As organizações internacionais podem ser apenas "facilitadores e promover o diálogo", sublinhou Murade Murargy.
"É um assunto de guineenses, tem de ser resolvido pelos guineenses", insistiu, sem arriscar um prazo, porque, "em questões de conflitos internacionais, é difícil prever um tempo", mas esperando que "seja o mais rapidamente possível".
"Enquanto tivermos um membro na situação em que se encontra a Guiné-Bissau, dificilmente podemos desenvolver ações de cooperação mutuamente vantajosas entre nós", disse Murargy.
As outras organizações internacionais envolvidas na resolução do diferendo -- ONU, União Europeia, União Africana -- "estão de acordo" no que é preciso fazer agora, garantiu Murade Murargy.
"Querem que a legalidade internacional seja reposta, (...) que "as forças da CEDEAO sejam substituídas por forças internacionais, que envolvam outros países, incluindo os da CPLP, e que seja constituído um Governo de transição com base nos resultados das eleições", enumerou.
Murade Murargy disse não temer o peso que o conflito na Guiné-Bissau poderá ter no seu mandato. O assunto "está a ser seguido ao mais alto nível", nomeadamente entre representantes da CPLP e da CEDEAO, e disse acreditar que vai ser possível "encontrar uma saída para este imbróglio".

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