quinta-feira, 31 de agosto de 2017

COMUNICADO À IMPRENSA
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Caso dos Chimpanzés em “cativeiro” nos Parques da Guiné-Bissau

Há vários anos, o Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP) tem vindo a ser confrontado com a captura ilegal de chimpanzés juvenis para comercialização.
Em 2015, a Direção do Parque Natural de Cantanhez recuperou um chimpanzé fêmea juvenil denominada Bô e pelas informações de que dispomos, ela foi capturada por elementos da comunidade local a volta da Tabanca (aldeia) de Gandambel. Um especialista português em primatas tentou reintroduzi-la nas florestas, mas não foi possível, pois a Bô não quis voltar para as florestas e os outros grupos de chimpanzés não
quiseram aceitá-la.
Em 2016 foi recuperado o 2º chimpanzé fêmea denominada Bella cuja história não se conhece bem, tentouse reintroduzi-la na floresta, mas o processo também falhou, ela está atualmente sob a gestão dos serviços da Guarda Nacional da Região de Tombali em Manpatá-Forea. Meses depois um 3º chimpanzé fêmea, Emília, foi entregue a Direção do Parque Nacional de Dulombi, ela se encontrava em cativeiro em Banbadinca.
O Chimpanzé da África Ocidental (Pan troglodytes verus) é uma espécie integralmente protegida. Ela consta na Lista Vermelha da UICN, como vulnerável e também é sujeita a proteção pela Convenção CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Ameaçadas de Extinção), ratificada pela Guiné-Bissau. 
Estes animais selvagens após a captura são dificilmente reintroduzidos nos seus habitats de origem e na Guiné-Bissau não existem estruturas com competências para se ocupar destes animais. Neste contexto, o IBAP com a ajuda de diferentes parceiros, estabeleceu há mais de 2 anos contactos com estruturas internacionais para obter orientações sobre as modalidades a adotar. O PASA (Pan African Sanctuary  Alliance) foi contactado e segundo as informações, os únicos santuários disponíveis para receber estes animais se encontram na Quénia e na Zâmbia. Tendo entrado em contacto com eles, forneceram informações sobre os procedimentos necessários para a transferência destes chimpanzés, entre os quais exames veterinários, procedimentos adminiatrativos, construção de gaiolas de transporte, entre outros.
As condições para a exportação destes chimpanzés fêmeas, principalmente as que estão ligadas às questões veterinárias atrasaram muito o processo de transferência, o país de importação solicitou resultados de exames e certificados veterinários que devem ser realizados/emitidos por um especialista veterinário autorizado, atestando a ausência de doenças epizoóticas e zoonóticas ao qual a espécie é suscetível, entre as quais o ébola.
Considerando a inexistência de serviços especializados na Guiné-Bissau, o IBAP recorreu à Delegação da União Europeia na Guiné-Bissau (UE) e a uma Investigadora Pós-doutoral da CIBIO (Centro de lnvestigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos), para identificar um laboratório que aceite realizar estes exames. 
Os parceiros apoiaram a deslocação de um veterinário especializado em animais selvagens para a recolha de amostras que teve lugar em meados de Junho do ano em curso. Para esse efeito foi necessário uma anestesia geral nos 3 animais para se efectuar a recolha de amostras de sangue, medição dos aspectos biométricos, realização do teste de tuberculina, zaragatoas e finalmente a aplicação de um número de identificação subcutâneo. Esta anestesia também teve que ser trazida de Portugal tendo em conta as condições do país.
Por conseguinte, aproveitou-se da vinda deste especialita em veterinária para dar formação aos técnicos da Direção Geral da Pecuária.
As deslocações ao nível de 3 localidades na Guiné-Bissau para a realização destes trabalhos foram efectuadas pelo IBAP com o apoio dos Serviços Nacionais de Veterinária, da Direção Geral das Florestas e Fauna e da Delegação da União Europeia - GB.
Existe boa vontade das autoridades e das instituições concernentes da Guiné-Bissau na execução desta operação. Mas tendo em conta a necessidade de respeitar os trâmites administrativos de exportação e de importação (CITES) e também as exigências veterinárias, torna este processo que já está em curso há 2 anos complicado e moroso.
É importante ressaltar que a União Europeia e a Fundação MAVA disposeram-se em apoiar
financeiramente está transferência. A Embaixatriz da UE na Guiné-Bissau está envolvida directamente nesse dossier.
Manter um animal em cativeiro requer cuidados e gastos financeiros e para além disto, esta não é a filosofiado IBAP. Os chimpanzés fêmeas Bô e Emília teriam morrido a muito tempo se realmente passassem fome como foi noticiado. O IBAP decidiu colocar a Bô numa gaiola improvisada porque os estragos e conflitos com a população de Buba não deixavam de crescer e eram cada vez mais preocupantes.
Para além da captura de filhotes a população de chimpanzés da Guiné-Bissau tem sofrido muito com a degradação e fragmentação dos seus respectivos habitats. Em consequência, nos últimos anos, no sul do país, houve conflitos entre o Homem e o chimpanzé com ataques graves, estes últimos contra as crianças.
Foi uma situação delicada que o IBAP geriu com sabedoria. Todavia, a forma como a Agência Lusa tratou este assunto em uma reportagem, coloca o IBAP numa situação delicada associada ao facto de que dispõem de informações completamente desatualizadas.
O Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP) vem por este meio informar a opinião pública que este processo esta em curso e que serão respeitados todos os trâmites administrativos, veterinários e legais para que a transferência destes animais para um santuário apropriado seja bem sucedida.
Bissau, 17 de Agosto de 2017.

Para mais informações, contatar: Udimila Kadija Queta Responsável Comunicação IBAP Telm: (+245) 95 535 39 51 E-mail: udimilaqueta@hotmail.com

Avenida Dom Settimio Arturo Ferrazzetta. Caixa Postal 70 Bissau
Tel. (245) 320 71 06/07
Guiné-Bissau
Site: www.ibapgbissau.org

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