segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Crianças da Guiné têm segunda oportunidade chamada Netos de Bandim

Image result for netos de bandim guine bissauCriado há quase 18 anos, coordenado por Ector Diogenes Cassamá, o grupo de danças tradicionais guineense Netos de Bandim procura ajudar as crianças que vivem em situação de pobreza ou risco de exclusão social, dando-lhes a oportunidade de terminarem os estudos e terem um futuro melhor. Este verão atuaram em várias zonas de Portugal e, no próximo dia 24, regressam à Guiné-Bissau.

Carel Baptista era uma criança tímida mas que gostava muito de dançar. Um dia, estava numa das ruas do seu bairro em Bissau, o de Missira, quando viu atuar um grupo de dança com o nome de outro bairro vizinho, o de Bandim. Eram os Netos de Bandim, grupo de músicas e danças tradicionais guineense, fundado e coordenado por Ector Diogenes Cassamá há quase 18 anos com a ajuda da ONG Associação dos Amigos da Criança da Guiné-Bissau (AMIC).

"Eu já os conhecia, porque às quintas-feiras ouvia na rádio as peças que teatro que eles também fazem, via-os na televisão nas atuações que tinham pelo país, mas nunca os tinha visto dançar ao vivo, fiquei fascinado", conta ao DN o jovem de 19 anos, antes de um espetáculo que o grupo deu em Lisboa, este sábado à noite. "Fui pedir aos meus pais para me deixarem ir dançar com eles. Na altura não deixaram porque era pequeno. Para chegar ao bairro de Bandim tinha que atravessar três estradas", explica, sublinhando que, por não ter transporte, só mais tarde integrou o projeto.

Foi durante o desfile de Carnaval, momento alto do ano em Bissau, em que o grupo aumenta sempre, pois aos membros atuais que tem no momento, hoje em dia 120, juntam-se outros antigos. Em 18 anos passaram por lá 650 pessoas. "Deixei de ser tímido. Fiz muitas amizades. Estou no grupo desde 2011. Continuei sempre a estudar. Já fiz o 12.º ano". Atualmente a frequentar um curso de formação de professores de bioquímica na Escola Normal Superior Tchico-Té em Bissau, Carel diz que o que quer mesmo ser é médico. Quer ajudar as pessoas do seu país.

Filho único, algo invulgar no sítio de onde vem, este jovem guineense descreve-se acima de tudo como muito curioso. Graças aos Netos de Bandim fez um curso de informática e gestão de três meses, é escuteiro, foi voluntário da Cruz Vermelha, tem um curso de Saúde e Participação Comunitária e é agente de saúde comunitária no seu bairro, formado pela ONG portuguesa VIDA. Ajuda na triagem de crianças doentes entre os 0 e os cinco anos. Quando é preciso. É uma espécie de bombeiro voluntário disponível sempre que pode para responder a qualquer eventualidade.
Rispito.com/DN, 20-08-2018

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