domingo, 29 de setembro de 2019

Governo fala na ONU de tentativas de desestabilização contra combate à droga

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Suzi Barbosa, disse que o crime organizado continua a ser uma grande ameaça para o país e que procurar combatê-lo está a levar a tentativas de desestabilização.
Falando na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, a responsável lembrou as recentes apreensões de cocaína para dizer que essas ações mexeram profundamente “com as estruturas políticas que sustentam esses negócios, sendo já visíveis e sentidos os ataques e tentativas desenfreadas de comprometer o processo de governação para repor o quadro de instabilidade favorável ao ´status quo´ que vinha perdurando há algum tempo”.

A Polícia Judiciária da Guiné-Bissau apreendeu em março cerca de 800 quilos de cocaína e no início de setembro voltou a fazer uma apreensão de quase duas toneladas.

Esta semana, o Ministério Público anunciou que acusou 12 pessoas e três empresas no âmbito da operação que culminou com a apreensão da droga em Canchungo e Oio, no norte do país.

Hoje, ao discursar no quinto dia da 74.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, a ministra lembrou as apreensões, que demonstram “vontade política e determinação do Governo” em combater “esse flagelo”, e avisou que o crime organizado põe em risco o esforço de estabilização.

“Sendo certo que não se trata de um fenómeno nacional, é inquestionável o aproveitamento que as instâncias do crime fazem da fragilidade do nosso Estado, envolvendo interesses locais bem instalados”, disse, apelando à comunidade internacional para o reforço dos mecanismos de acompanhamento do processo político e o apoio das instituições nacionais de segurança e justiça.

Suzi Barbosa começou por falar da vontade política do Governo de Aristides Gomes no processo de consolidação da paz e estabilização política, referiu “acordos sobre reformas do Estado” e disse que há um “ambicioso programa” para lutar contra a pobreza, promovendo a educação e apostando nos jovens e nas mulheres, tendo a igualdade de género sido um dos temas constantes do seu discurso.

“Sinais de esperança que não iludem a condição de Estado institucionalmente frágil, pós conflito e com parcos recursos financeiros. A Guiné-Bissau está em situação difícil e complexa, com ameaças internas e externas, para a qual a assistência internacional é chamada a exercer papel de estabilizadora”, disse.

Reiterando os apelos ao alargamento da composição do Conselho de Segurança da ONU, que a União Africana já tinha feito, a ministra apelou ainda à comunidade internacional para que garanta a operacionalidade da força conjunta internacional no Sahel, e ao apoio financeiro e técnico para as eleições presidenciais de 24 de novembro.

Na última quarta-feira, Aristides Gomes disse que a ação contra o narcotráfico é uma contribuição do país para cortar as fontes de financiamento do terrorismo no Sahel.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, disse na sexta-feira à Lusa que pediu condições de segurança para os militares portugueses no Sahel e na República Centro-Africana (RCA), em reuniões de alto nível em que participou nesta semana.

Santos Silva disse que a região do Sahel representa “uma questão essencial de segurança para Portugal” e que a prioridade para a região é garantir o apoio aos esforços de combate ao terrorismo e a criação de uma força conjunta pelos cinco países do Sahel (o chamado G5, constituído por Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger).

Augusto Santos Silva explicou que Portugal “tem interesses diretos no Sahel” e acrescentou que “basta pensar que países de língua portuguesa como a Guiné-Bissau estão imediatamente a sul da região”.
Rispito.com/PT Jornal, 29/09/2019

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