terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Sissoco perde a paciência e diz que a CEDEAO tem de acabar com o “teatro político” no país

Image result for umaro sissoco embalóO candidato declarado  pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) vencedor da segunda volta das eleições presidenciais disse ser obrigação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) acabar com o “teatro político” prevalecente na Guiné-Bissau e que a própria comunidade iniciou.

No dia em que deixou o país, para participar na reunião convocada pela CEDEAO sobre o imbróglio eleitoral, Umaro Sissoco Embaló garantiu que vai tomar posse no próximo dia 27 e impor ordem na Guiné-Bissau, sublinhando que por vezes é necessário “fazer a guerra para ter a paz”. Um termo que tem causado muito furor nos debates políticos guineenses e nas redes sociais. 

Desde 7 de Fevereiro que todos os olhos estão postos na reunião da União Africana (UA), mas as deliberações da CEDEAO, e a não participação oficial de Umaro Sissoco Embaló, provocaram outro ambiente. O país esteve representado pela demissionária ministra dos Negócios Estrangeiros Suzi Barbosa, apesar dos protestos do Governo e de alguns círculos da sociedade.

A recente decisão da Conferência dos Chefes de Estado da CEDEAO em convidar o Supremo Tribunal a desempenhar plenamente seu papel, de acordo com as disposições constitucionais e o código eleitoral de Guiné-Bissau, e finalizar o seu trabalho até 15 de Fevereiro de 2020, a fim de permitir a normalização política e institucional, é mais um capítulo no controverso processo eleitoral nacional. Para além das diversas interpretações que cada uma das partes faz, a ansiedade da população já é notável. A maioria não sabe o que pode acontecer em ambos cenários, com anulação ou validação dos dados da CNE.

No Supremo Tribunal de Justiça, instituição para qual todas as atenções estão agora viradas, os trabalhos não param. Só esta segunda-feira o colectivo de advogados de Umaro Sissoco Embaló, chefiado pelo ex-PGR, Abdú Mané, entregou contraalegação face ao pedido de anulação dos resultados da segunda volta, requerido pela candidatura de  Domingos Simões Pereira. 

Sobre a eventual decisão a ser tomada pelo STJ não há nenhuma garantia, mas há mais reticências nos apoiantes de Umaro Sissoco Embaló em virtude do posicionamento do mesmo contra o Tribunal e os juízes, mas também devido a decisão da CNE de aparentemente ignorar as deliberações da corte suprema.

A Guiné-Bissau está em suspense, e um pouco por todo o país as pessoas questionam sobre o que poderá acontecer. Estas interrogações foram inicialmente alimentadas pelo candidato declarado vencedor pela Comissão Nacional de Eleições, Umaro Sissoco Embaló.

No momento do seu regresso ao país, após um périplo no  estrangeiro, garantiu que vai tomar posse com ou sem a presença do Presidente da ANP; desvalorizou também a intervenção do STJ no processo e qualificou de “palhaçada” todas as acções que estão a ser desenvolvidas em torno do contencioso eleitoral

Para Umaro Sissoco Embaló, não existe qualquer contencioso e designou a acção no Tribunal de “um pseudo processo”, tendo desafiado o STJ a tomar a decisão que entender. “A única garantia que posso dar é que vou ser investido como Presidente da República”, reforçando a armação com “Cunfa yakun”, termo árabe que significa “se Deus quiser ou não, vai acontecer”.

As mesmas palavras foram rearmadas quando deixou o país rumo à Cimeira da  CEDEAO que decorreu em Addis Abeba (Etiópia) à margem da Cimeira da UA. Nestas declarações, proferidas na noite de sexta-feira, 7 de Fevereiro, Sissoco Embaló voltou a advertir que, há pessoas que receberam dinheiro para alterar os resultados eleitorais, mas a única garantia que pode dar é que muitas delas não vão usufruir do mesmo. “Por vezes é preciso fazer a guerra para ter a paz. Estou disponível para fazer a guerra”, disse, rearmando que a sua vitória é incontestável, e por esse motivo não vai discutir com ninguém.

“Fiquem tranquilos isto está resolvido. Se até o Domingos Simões Pereira felicitou-me, não vou dar a ninguém a oportunidade de discutir este assunto comigo. Se o STJ quiser, que tome a decisão que quiser. Se não lhes agradar, que vão  para Haia ou Tribunal Penal Internacional. O que sei é que este país vai ter ordem”, garantiu Umaro Sissoco Embaló.

No seu último regresso ao país, Umaro Sissoco Embaló já começou a ser escoltado por militares nacionais. Quando da sua partida para Addis Abeba (Etiópia) eram visíveis militares da Marinha bem equipados com kalashnikov. Um dispositivo que o Governo opõe-se, mas existem ordens do Estado-Maior para os militares garantirem a protecção de Sissoco Embaló.

Com base nas declarações “virais” do candidato declarado vencedor pela CNE, em comunicado de imprensa a 7 de Fevereiro, o Governo acusou Umaro Sissoco Embaló de estar a instigar a uma “guerra” e pediu ao Ministério Público para assumir as suas responsabilidades. Para o Governo a referência a “guerra” é bélica e não um termo metafórico para definir a actual disputa de posições políticas e interpretações.
Rispito.com/e-Global, 11-02-2020

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