Sissoco perde a paciência e diz que a CEDEAO tem de acabar com o “teatro político” no país
O candidato declarado
pela Comissão Nacional
de Eleições (CNE)
vencedor da segunda
volta das eleições
presidenciais disse ser
obrigação da
Comunidade Económica
dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO)
acabar com o “teatro
político” prevalecente na
Guiné-Bissau e que a
própria comunidade
iniciou.
No dia em que deixou o
país, para participar na
reunião convocada pela
CEDEAO sobre o
imbróglio eleitoral,
Umaro Sissoco Embaló
garantiu que vai tomar
posse no próximo dia 27
e impor ordem na Guiné-Bissau, sublinhando que
por vezes é necessário
“fazer a guerra para ter a
paz”. Um termo que tem
causado muito furor nos
debates políticos guineenses e nas redes
sociais.
Desde 7 de Fevereiro
que todos os olhos estão
postos na reunião da
União Africana (UA), mas
as deliberações da
CEDEAO, e a não
participação oficial de
Umaro Sissoco Embaló,
provocaram outro
ambiente. O país esteve
representado pela
demissionária ministra
dos Negócios
Estrangeiros Suzi
Barbosa, apesar dos
protestos do Governo e
de alguns círculos da
sociedade.
A recente decisão da
Conferência dos Chefes
de Estado da CEDEAO
em convidar o Supremo
Tribunal a desempenhar
plenamente seu papel,
de acordo com as
disposições
constitucionais e o
código eleitoral de
Guiné-Bissau, e finalizar
o seu trabalho até 15 de Fevereiro de 2020, a fim
de permitir a
normalização política e
institucional, é mais um
capítulo no controverso
processo eleitoral
nacional. Para além das
diversas interpretações
que cada uma das partes
faz, a ansiedade da
população já é notável. A
maioria não sabe o que
pode acontecer em
ambos cenários, com
anulação ou validação
dos dados da CNE.
No Supremo Tribunal de
Justiça, instituição para
qual todas as atenções
estão agora viradas, os
trabalhos não param. Só
esta segunda-feira o
colectivo de advogados
de Umaro Sissoco
Embaló, chefiado pelo
ex-PGR, Abdú Mané,
entregou contraalegação face ao pedido
de anulação dos
resultados da segunda
volta, requerido pela
candidatura de Domingos Simões
Pereira.
Sobre a eventual decisão
a ser tomada pelo STJ
não há nenhuma
garantia, mas há mais
reticências nos apoiantes
de Umaro Sissoco
Embaló em virtude do
posicionamento do
mesmo contra o Tribunal
e os juízes, mas também
devido a decisão da CNE
de aparentemente
ignorar as deliberações
da corte suprema.
A Guiné-Bissau está em
suspense, e um pouco
por todo o país as
pessoas questionam
sobre o que poderá
acontecer. Estas
interrogações foram
inicialmente alimentadas
pelo candidato declarado
vencedor pela Comissão
Nacional de Eleições,
Umaro Sissoco Embaló.
No momento do seu
regresso ao país, após
um périplo no estrangeiro, garantiu que
vai tomar posse com ou
sem a presença do
Presidente da ANP;
desvalorizou também a
intervenção do STJ no
processo e qualificou de
“palhaçada” todas as
acções que estão a ser
desenvolvidas em torno
do contencioso eleitoral
Para Umaro Sissoco
Embaló, não existe
qualquer contencioso e
designou a acção no
Tribunal de “um pseudo
processo”, tendo
desafiado o STJ a tomar a
decisão que entender. “A
única garantia que posso
dar é que vou ser
investido como
Presidente da República”,
reforçando a armação
com “Cunfa yakun”,
termo árabe que significa
“se Deus quiser ou não,
vai acontecer”.
As mesmas palavras
foram rearmadas
quando deixou o país
rumo à Cimeira da CEDEAO que decorreu
em Addis Abeba (Etiópia)
à margem da Cimeira da
UA. Nestas declarações,
proferidas na noite de
sexta-feira, 7 de
Fevereiro, Sissoco
Embaló voltou a advertir
que, há pessoas que
receberam dinheiro para
alterar os resultados
eleitorais, mas a única
garantia que pode dar é
que muitas delas não vão
usufruir do mesmo. “Por
vezes é preciso fazer a
guerra para ter a paz.
Estou disponível para
fazer a guerra”, disse,
rearmando que a sua
vitória é incontestável, e
por esse motivo não vai
discutir com ninguém.
“Fiquem tranquilos isto
está resolvido. Se até o
Domingos Simões
Pereira felicitou-me, não
vou dar a ninguém a
oportunidade de discutir
este assunto comigo. Se
o STJ quiser, que tome a
decisão que quiser. Se
não lhes agradar, que vão para Haia ou Tribunal
Penal Internacional. O
que sei é que este país
vai ter ordem”, garantiu
Umaro Sissoco Embaló.
No seu último regresso
ao país, Umaro Sissoco
Embaló já começou a ser
escoltado por militares
nacionais. Quando da
sua partida para Addis
Abeba (Etiópia) eram
visíveis militares da
Marinha bem equipados
com kalashnikov. Um
dispositivo que o
Governo opõe-se, mas
existem ordens do
Estado-Maior para os
militares garantirem a
protecção de Sissoco
Embaló.
Com base nas
declarações “virais” do
candidato declarado
vencedor pela CNE, em
comunicado de imprensa
a 7 de Fevereiro, o Governo acusou Umaro
Sissoco Embaló de estar
a instigar a uma “guerra”
e pediu ao Ministério
Público para assumir as
suas responsabilidades.
Para o Governo a
referência a “guerra” é
bélica e não um termo
metafórico para definir a
actual disputa de
posições políticas e
interpretações.
Rispito.com/e-Global, 11-02-2020
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