terça-feira, 5 de maio de 2020

Covid-19: Guineenses debatem eficácia de chá de Madagáscar

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Chá "milagroso" de Madagáscar contra a Covid-19 chegou a Bissau no sábado (02.05). Eficácia ou não do "alegado tratamento" é tema de debate na Guiné-Bissau. Subiram para 413 os casos da doença no país, há 19 recuperados.
Esta segunda-feira (04.05), a Presidência guineense, através do Chefe de Gabinete de Sissoco Embaló, começou a distribuição para alguns países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) das amostras do chá importado de Madagáscar, que também vai ser usado na Guiné-Bissau.

O medicamento tradicional é produzido a partir de ervas e tem sido utilizado em Madagáscar no âmbito do tratamento da Covid-19.
O chá, doado pela República de Madagáscar, chegou a Bissau no sábado trazido pelos enviados do Presidente Sissoco Embaló, o ministro da Defesa Nacional, Sandji Fati, e o Chefe do Gabinete de Embaló, Califa Soares Cassamá.

O ativista cívico guineense Badilé Domingos Sami admite que o medicamento natural seja eficaz no combate a coronavírus.
"São medicamentos tradicionais que não têm aprovação da Organização Mundial de Saúde, mas usámo-los e dão certo. E, neste momento, eu acho que temos que ter confiança neste produto", diz Sami. "Mas para oferecer mais confiança, apesar de ser um governo simbólico, os governantes têm que ter a coragem de criar as condições para que o povo, realmente, tenha confiança neste produto."

No entanto, o médico Hedwis Martins desaconselha o consumo do medicamento importado, porque há ainda muita coisa por esclarecer: "O chá proveniente de Madagáscar ainda carece de uma validação científica e farmacêutica. Ainda não há nada que confirme que tem efeitos para o tratamento da Covid-19."
O médico alerta ainda para os possíveis efeitos secundários deste chá de Madagáscar.
"Sabemos que todos os medicamentos, mesmo os medicamentos inventados a nível dos laboratórios, têm efeitos colaterais e adversos, e imagine um chá caseiro, que ninguém sabe a dosagem, que nem foi testado para saber se é bom ou não para a Covid-19, mas as pessoas estão a consumir. Eu aconselho o não consumo, conclui.

Para o sociólogo Infali Donque, a sociedade guineense não deve entrar na euforia sobre a capacidade de cura do medicamento importado.
"A credibilidade vai depender da eficácia deste medicamento no tratamento de pacientes que já temos aqui no país. Mas, seja como for, é preciso dar tempo ao tempo, porque o que toca na saúde humana é extremamente delicado."
413 infetados na Guiné-Bissau

Entretanto, continua a subir o número dos infetados pelo novo coronavírus na Guiné-Bissau.
Alguns membros do Governo guineense, incluindo o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, que estão infetados pelo vírus, encontram-se em quarentena num dos hotéis de Bissau, requisitado para receber alguns doentes.
No boletim divulgado esta segunda-feira (04.05), o Centro de Operações de Emergência de Saúde confirmou que a Guiné-Bissau já regista 413 casos positivos da Covid-19, um aumento de 156 casos desde o último balanço, divulgado na sexta-feira passada.

Sobre a subida dos números, Hedwis Martins responsabiliza a comissão interministerial que está a acompanhar a situação da pandemia no país: "Para além de estar a abordar [a doença] de uma forma muito leve, também está a criar a possibilidade de que aumentem cada vez mais os números", afirma o médico em entrevista à DW.
"Como é possível que as pessoas infetadas continuem nas suas casas? Isso não é admissível. Esta é a razão do aumento dos números de casos, não existe outra razão."
Rispito/DW, 05-05-2020

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