quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

DETENÇÕES DE BAMBA E QUEBA REVELAM FISSURAS NO MADEM-G15

O deputado do Movimento para Alternância Democrática (MADEM G-15), Bamba Banjai, e o militante do partido Queba Sané, vulgo R Kelly, foram detidos no princípio da tarde desta terça-feira (27.04) na 2ª Esquadra em Bissau, pelo Departamento de Investigação Criminal do Ministério do Interior, e libertados esta quarta-feira.

A detenção ocorreu na sequência de uma queixa-crime apresentada contra os dois pelo também deputado do MADEM, e Conselheiro do Presidente da República, Sandji Fati.

A ordem de detenção foi dada por um ex-fiel de Braima Camará, José Carlos Macedo, Secretário de Estado da Ordem Pública, mas que segundo o advogado José Paulo Semedo não é da competência do Ministério efetuar detenções desta natureza, após longas horas de audição e de passagem de gabinete em gabinete do deputado e o aludido militante.

Entre os motivos da detenção, constam no processo "calúnias e difamação", mas sobretudo o facto de ambos terem comparecido para prestarem declarações após uma notificação do Ministério do Interior. José Paulo Semedo admitiu recorrer ao JIC esta quarta-feira (28.04) por tratar-se das liberdades e garantias dos cidadãos, e adiantou não compreender como se pode deter um deputado "fora de flagrante delito", supostamente "por difamação ou a mando da ordem superior".

O deputado apresentou-se esta terça-feira no Ministério do Interior acompanhado do advogado, depois de no dia anterior, o Coordenador do MADEM ter assegurado que, acordara com o ministro do Interior de que o mesmo poderia aparecer para ser ouvido.

Em causa de toda a polémica estão as declarações do deputado que, há cerca de duas semanas, durante uma conferência de imprensa, acusou Sandji Fati de "assassino", tendo inclusive citado nomes que supostamente foram vítimas de "ações sanguinárias" do Conselheiro do Presidente da República.

Sandji Fati qualificou as declarações de ultrajantes e perigosas, para si e para a família, tendo de imediato apresentado a queixa, não só contra Bamba Banjai, como contra Queba Sané, outro dirigente do MADEM, que dias depois foi o autor de um direto nas redes sociais em que atacou verbalmente o Conselheiro do Presidente da República.

Não se tendo apresentado no Ministério do Interior após as notificações, o Secretário de Estado da Ordem Pública, José Carlos Macedo, também dirigente do MADEM, ameaçou que os mesmos seriam detidos assim que fossem localizados. O mesmo disse também que as alegações de Bamba Banjai são perigosas e os familiares das vítimas podem, um dia vingar, de Sandji Fati ou da sua família. "Mas podem ficar tranquilos. A detenção vai acontecer, basta serem vistos", dissera José Carlos Macedo em Gabú

Estando os visados da queixa de Sandji Fati em local desconhecido, Braima Camara tentara, a 26 de Fevereiro, junto do Ministério do Interior apaziguar a tensão e garantiu à imprensa que os dois visados seriam ouvidos e acompanhados por um advogado. Mas também, após as garantias expressas pelo ministro do Interior, Botche Candé, que afirmara desconhecer o assunto, Braima Camará manifestou-se convicto que os dois visados apenas seriam ouvidos, porém, acabaram por ser detidos e por fim libertados 24 horas depois.

Este caso acabou por revelar os choques internos e fissuras no MADEM-G15. Numa ala, Braima Camará a defender Bamba Banjai e Queba Sané, vulgo R Kelly, e no campo adverso Sandji Fati e José Carlos Macedo. O único ponto comum entre os cinco é o MADEM-15.
e-Global, 28-02-2024

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