sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Guineenses presos no Tarrafal homenageados em Bissau com lançamento de livros
Os últimos seis antigos prisioneiros guineenses no Tarrafal foram  homenageados esta sexta-feira (30 Nov.) em Bissau, e recordaram os 100 presos do país no campo de concentração de Cabo Verde nos anos 60, do século passado. 
De acordo com a  Agência Lusa, a cerimónia decorreu no Centro Cultural Português e juntou os seis antigos presos políticos ainda vivos. Dos 100, morreram dois no Tarrafal e os restantes regressaram a Cabo Verde. Hoje restam apenas os seis, que foram pela primeira vez homenageados publicamente.  
Constantino Lopes da Costa, antigo embaixador da Guiné-Bissau em Portugal (2006 a 2010), hoje com 74 anos, é um dos sobreviventes que então lembrou os tempos do "campo da morte lenta", como se chamava à prisão construída no tempo da ditadura em Portugal e destinada a presos políticos. 
O campo funcionou entre 1936 e 1954 para presos portugueses e depois, de 1962 a 1974, para presos das antigas colónias, especialmente guineenses e angolanos. 
 "Fui preso a 15 de Março de 1962 e posto em liberdade a 3 de Agosto de 1969", explicou Constantino Lopes da Costa, lembrando que passou por duas prisões na Guiné-Bissau antes de embarcar para o Tarrafal.  
"Tivemos de suportar tudo em nome dos interesses que tínhamos em libertar o nosso país do colonialismo", disse, acrescentando que os seis sobreviventes continuam com o mesmo espírito, o de "continuar a luta em prol do desenvolvimento do país".  
A homenagem aos antigos presos fez-se no âmbito da apresentação em Bissau dos livros "Tarrafal -  Chão Bom" (dois volumes) do escritor e jornalista cabo-verdiano José Vicente Lopes.  
"Vim saldar uma dívida que tinha para com os sobreviventes", disse José Vicente Lopes, oferecendo um exemplar do livro a cada um dos seis, eles mesmos entrevistados pelo jornalista para a obra, a primeira parte composta por depoimentos.  
"Não tivemos essa iniciativa de deixar uma memória, um relato do que passámos. Por isso antes de ler o livro considero-o de muita importância", respondeu o antigo embaixador em Lisboa.  
José Vicente Lopes apresentou também hoje em Bissau o seu último livro, "Aristides Pereira, Minha Vida Nossa História", sobre o primeiro Presidente de Cabo Verde, que morreu no ano passado.  
Embora nascido em Cabo Verde, Aristides Pereira viveu uma década na Guiné-Bissau, pelo que o livro é também a História deste país. 
Angola Press 30/11/2012 

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