domingo, 10 de março de 2013

Garantias traídas

As facetas de vida real nunca corresponderá as vozes que falam em garantias, que pronunciam a paz, que pensam da estabilidade ou que imaginam em desenvolvimento... Enquanto não houver uma verdadeira vontade e de clara renuncia com a velha mentalidade.

As retas finais de varias crises,  em reações pública após muitos incidentes e nos intervalos de momentos de acalmia, sempre se falou da paz e da estabilidade na Guiné-Bissau... E na algumas vezes até com garantias de que “a paz veio para ficar”, com promessas de que “ninguém mais se levantará com armas para perturbar o povo” ou, ainda, que “as injustiças e as impunidades acabaram”.
  
Certo é que, o percurso histórico de avanços e recuos, com repetidas decepções  intercaladas, demonstra ainda hoje o que na verdade se prevalece... A final, as garantias ainda se convivem com as incertezas, tudo pela culpa de velha mentalidade que tira o poder  em garantias, para que  “ninguém possa dar garantia de nada”; “ninguém possa servir de garante de nada” ou, “ninguém seja o que aparenta num líder de carisma”.

A ma mentalidade que se semeou com 14 de Novembro, cresceu ao longo desse regime, fez-se instaurar corrupção e interesses pessoais, depois acabou por criar revoltosos e o não poder de controlar as revoltas. Partiu-se daí a ruína do que é "garante da estabilidade". Revelando afinal, o regime de então não era tão seguro quanto se julgava... Anos depois, em 1999, provou-se a falta de ser garante de estabilidade, consumou a deposição do protagonista do Movimento Reajustador de 1980, por uma Junta Militar, viria a provar que, afinal, ele mesmo não tinha nem os poderes nem a dimensão que se supunha, ou seja, não era o garante da tranquilidade que serviria de base para que o país se projectasse para o futuro nas condições ideais que permitissem a implementação de todas as facetas do desenvolvimento em bases sólidas. 

Como se não bastasse, outra falta de garantia é o fim violento do líder da Junta Militar, primeiro, e as mortes de personagens ligadas às mais altas esferas da sociedade castrense, que se seguiriam culminando em 2009 com os assassínios de chefe do estado-maior general das Forças Armadas e de forma inédita com o Presidente da República e ainda com deputados da Nação… 

A ocorrência no dia das mentiras (1º de Abril de 2010), reafirmou em conjunto, que NINGUÉM é garante de nada, enquanto não mudar as mentalidades. Pelo que é só com um total empenho de todos nós, com o trabalho de fundo no capítulo da pacificação dos espíritos e da organização do aparelho do Estado... Coisa séria. 

Muita experiência passada, deu provas de que a resolução dos problemas da Guiné-Bissau  não está só em fazer eleições, ou com “governos de unidade nacional” que os problemas de fundo serão resolvidos. Mas fundamentalmente nas mudanças de mentalidade e encontro de entendimento entre os protagonistas de áreas essenciais do país, para fazer uma organização eficiente do aparelho do estado, que assegure efectivamente, para que haja continuidade em todas as esferas... Assim, consegue-se o contorno de colmatar esse ciclo vicioso do eterno recomeço na vã tentativa de encontrar as causas e as consequências dos conflitos e sobressaltos. O que sempre levou  em pôr de lado o nosso presente e de não encontrar o nosso futuro com os desejos sonhados.

Agora a preocupação somente em fazer as eleições, sem controlo das atitudes ou mecanismos de moldar os comportamentos, não passa de simplesmente agradar a comunidade internacional em gosto de  ler, ver ou ouvir... Mas na realidade, o país  continuará vulnerável e incapaz de produzir quaisquer resultados susceptíveis, devido a manutenção dos comportamentos menos desejáveis em prol da estabilidade para que a sociedade possa viver finalmente em paz...

Amigo leitor e caros compatriotas...
Peço desculpas de hoje (esta semana) fazer um repisar de contos, que muitas vezes serviram de noticias, de cronicas e "N vezes" escritos... Mas por vezes é necessário repescar o passado para trabalhar o presente e prevenir o futuro... Daí a obrigação de jogar com esse futuro que se espera, muitas vezes com entusiasmo e esperança, as vezes atraiçoadas pela falta de precauções e cuidados... Contudo, só acreditando e resistindo é que se consegue... Já que o sabor da vitória exige de muita  luta, pagando por isso, o custo de vários sacrifícios.


Samba Bari - Licenciado em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa
Nota: Leia mais analises do PONTO DI MIRA, a partir do domingo de manhã da próxima semana. Até lá

1 comentário:

  1. Ora viva nha ermon fidju di tchon Samba Bari,cada dia mais fico fascinante com a tua escrita,com a tua narração,com o teu brilhante raciocínio intelectual sobre os problemas da nossa Guiné-Bissau.
    Eu pessoalmente sou de opinião de que os problemas do nosso País não se resolve com as realizações das eleições( Legislativas ou Presidenciais),como disseste e bem,mas apenas para agradar a comunidade internacional e os Guineenses que se lixem.
    Os problemas da nossa Guiné-Bissau não reside nas realizações das eleições,mas sim nas mentalidades das pessoas,enquanto nós (Guineenses) não mentalizamos que para progredir é necessario mudanças e mudanças exige alterações estruturais,alterações dos trajectos e até alterações nos recursos humanos.
    Infelizmente há muitos irmãos Guineenses que ainda não estão preparados para essas mudanças,por isso fazem de tudo para que essas mudanças não aconteçam.
    PÕ TUDU TARDA KI TARDA NA MATU, NUNKA I BIDA LAGARTU

    Nha mantenhas

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