sexta-feira, 26 de abril de 2013

Agricultores da Guiné-Bissau preocupados com preços baixos do caju

Os agricultores da Guiné-Bissau consideram baixos os preços de venda de caju, o principal produto do país, e querem a intervenção do governo para que haja mais compradores e por isso mais concorrência e melhores preços.


Os agricultores e a Câmara de Comércio reuniram-se ontem (25 de Abril) em Bissau com o primeiro-ministro de transição, Rui de Barros, e o presidente da Assembleia Nacional (e Presidente da República em exercício dado a ausência do país do Presidente de transição), tentando sensibiliza-los para o problema.


"A situação no terreno é precária, os preços não são os melhores. Estão a 100 francos (15 cêntimos) o quilo, no máximo 150 francos. E há troca de caju por arroz, um quilo de arroz por três de caju. Isto é inaceitável", disse aos jornalistas o presidente da Associação Nacional de Agricultores, Mamasamba Embaló.

Dado que existe um "fundo do caju" (uma espécie de taxa por cada quilo vendido nos anos anteriores), os agricultores defendem que esse dinheiro sirva de garantia para os bancos emprestarem dinheiro aos empresários guineenses, aumentando assim a concorrência e por conseguinte o preço praticado.

Segundo o responsável, mas também segundo o vice-presidente da Câmara de Comércio, Abel Encada, neste momento apenas estão no terreno a comprar caju empresários da Mauritânia e da Índia e nenhum nacional.

A disponibilização do fundo de garantia do caju para assim poder apoiar os empresários nacionais a comprarem castanha de caju vai ser discutida de novo entre governo e Câmara de Comércio na sexta-feira, disse Abel Encada.

Este ano, ao contrário de épocas anteriores de apanha de caju, o governo não fixou um preço mínimo, o que foi contestado por intermediários e agricultores. Abel Encada disse ter informação de que nas zonas fronteiriças está a ser vendido caju a 300 francos o quilo e que na zona sul os preços não vão além dos 150 francos.

Mamasamba Embaló alertou para "a crise social que se vive no interior do país, onde faltam alimentos", e afirmou-se preocupado com o agravar da situação que pode acontecer com o início da época das chuvas, já no próximo mês.

"Se o governo nos tivesse pedido a opinião diríamos que devia ter indicado um preço de referência mínimo", disse o responsável, afirmando: "um quilo de arroz por três quilos de caju é uma exploração extrema".

Em 2011 a Guiné-Bissau exportou mais de 170 mil toneladas de caju, que renderam cerca de 156 milhões de euros. No ano passado, devido ao golpe de Estado, mas também a menor produção, a exportação baixou.

Na Guiné-Bissau, um dos países mais pobres do mundo, um bom ano de colheita de caju é fundamental para a economia do país, que assenta essencialmente no produto. Cerca de 85% das pessoas nas zonas rurais são pequenos produtores de caju.

A taxa criada pelo governo em 2011 (0,07 cêntimos por quilo exportado), o chamado Fundo de Promoção de Pequenas e Médias Indústrias de Transformação, foi dotada nesse ano de uma verba superior a 10 milhões de euros. É esse dinheiro que os agricultores querem que sirva de aval junto dos bancos para empréstimos a empresários nacionais.
Lusa - 25 de Abril de 2013

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