sexta-feira, 12 de abril de 2013

Presidente de Cabo-Verde defende uma diplomacia internacional inteligente face à Guiné-Bissau

Jorge Carlos Fonseca
O presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, afirmou quinta-feira que a diplomacia internacional deve ser "perseverante, lúcida e inteligente" para que os golpes de Estado deixem de acontecer na Guiné-Bissau. 

Jorge Carlos Fonseca, que falava aos jornalistas no final de um encontro com o representante especial do secretário-geral da ONU para a Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, sublinhou que a escolha do ex-presidente de Timor-Leste para moderar a crise político-militar guineense "pode ser um factor" que facilite o caminho.

"O papel da diplomacia deve ser perseverante, ter lucidez e inteligência e creio que a nomeação de Ramos-Horta pode ser um factor que facilite a procura de melhores caminhos", respondeu Jorge Carlos Fonseca, lembrando que, na Guiné-Bissau, nunca um governo ou um presidente concluiu os mandatos. 

Questionado também sobre se os militares, sempre responsáveis pelos sucessivos golpes de Estado na Guiné-Bissau, devem submeter-se ao poder político, Jorge Carlos Fonseca sublinhou ser esse um dos factores a trabalhar pelos parceiros envolvidos na resolução da crise. 


"Creio que o trabalho da ONU, da União Africana (UA), da União Europeia (UE), da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental)" e da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) já deu alguns passos para facilitar, finalmente, caminhos para melhorar a situação", argumentou. 

Para Jorge Carlos Fonseca, uma presença internacional "dinâmica e forte" torna "mais fácil" a resolução dos problemas, permitindo, ao mesmo tempo, resolver outros, como os das instituições democráticas, da consolidação do Estado e ainda da reforma dos sectores da Justiça e da Defesa e Segurança. 

O chefe de Estado cabo-verdiano disse haver "sintonia de posições" em relação ao que está e deve ser feito na Guiné-Bissau pela ONU, salientando que Cabo Verde apoia a ideia de elaboração de um Roteiro da Transição, calendarização do processo eleitoral, formação de um governo inclusivo e realização de eleições gerais. 

"Fui informado sobre os condicionalismos que impedem um consenso sobre todos estes problemas, para que todos aceitem os resultados eleitorais e para que o país tenha um percurso de estabilidade. Cabo Verde está disponível para colaborar na medida em que a sua colaboração foi solicitada ou considerada útil", referiu. 

Sobre as declarações do Procurador-Geral da República (PGR) guineense, Abdu Mané, que acusou implicitamente Cabo Verde de ser um "mau vizinho" da Guiné-Bissau, Jorge Carlos Fonseca considerou tratar-se de uma "expressão imagética". 

"Os cabo-verdianos são amigos dos guineenses, a Guiné-Bissau é um país amigo e irmão de Cabo Verde. Aquilo que os guineenses considerarem que são as melhores vias e se a nossa colaboração for pedida, estaremos sempre disponíveis para o apoiar", disse, indicando que conhece pessoalmente Abdou Mané. 

"Conheço pessoalmente o PGR, pessoa de quem sou amigo. Foi bastonário da Ordem dos Advogados, esteve cá várias vezes e não creio que isso possa ter algum relevo negativo para aquilo que é essencial. Que estes eventos não perturbem a procura de uma solução política inclusiva e abrangente para a Guiné-Bissau", concluiu.
Angola Press - 12 de Abril de 2013

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