terça-feira, 5 de novembro de 2013

Rispito.com entrevista Dr. Hélder Vaz candidato às próximas eleições presidenciais

Dr. Hélder Vaz
Na procura de trazer aos estimados leitores os ideais e os projetos de todas as candidaturas as próximas eleições presidenciais da Guiné-Bissau, o cíclo das entrevistas continua no nosso/vosso querido espaço Rispito.com.
Dr. Hélder Vaz, um politico guineense conhecido como destacado militante da RGB/MB agora candidato independente as próximas eleições presidenciais é o entrevistado da semana do Rispito.com.
Uma conversa registada e pubilacada em audio (Clica aqui para ouvir) e escrita, da qual o espaço convida a todos para partilharmos.

Rispito - Como é que ressurgiu a sua ideia de voltar a politica ativa e de se candidatar a presidencia da republica?

HV - Para responder a pergunta é preciso ir longe a traz da historia, ou seja, recuar no tempo a cerca de quarenta anos.
Politica para mim sempre foi uma missão, os impulsos e os apelos da politica surgiu na minha vida sempre nos momentos em que o país passou pela dificuldade. Em 1973 com os meus três aninhos fui preso politico pela PIDE/DGS, que é a policia politica colonial Português por estar a distribuir panfletos protestando o assassinato do Amílcar Cabral. Neste momento fazer politica não trazia benefícios nem ser vaidoso como se costuma
dizer em crioulo "Roncu", era sim um risco de vida, mas como o país precisava de quem faz politica a favor dos interesses nacionais, da nossa emancipação e da nossa independência. Foi por isso com treze anos já estava a  fazer politica.
Mais tarde em 1974 quando se deu a independência mas sem corolário necessário na democracia multipartidário porque representava o regime de partido único, então entendemos que isso não podia representar a plenitude das ideias e dos anseios dos guineenses, porque os guineenses têm direitos tal como qualquer outro povo de serem diversos nos seus pensamentos e todos unidos a volta da causa nacional guineense.
Em 1975 formamos a Juventude Revolucionaria do Guineenses (JURGB) que depois  se integrou no OANG que mais tarde se deu origem a FURANG. Todo esse processo foi antes do 14 de Novembro e que era processos de elevado risco de vida e que levou muita gente na prisão, onde mais de 40 jovens foram aprisionados, entre os quais Tchandu Embaló, Zinha Vaz, Daniel Vaz etc, etc... E isso tudo em luta para a democracia e para a Guiné-Bissau.
Quem olha para a minha história poderá reparar que eu surgi sempre com propostas concretas para a Guiné-Bissau e em momentos difíceis da vida nacional.
O meu ressurgimento desta vez como candidato para as próximas presidenciais é o corolário natural da minha constante história de luta para a pátria guineense. Concorro as presidências como sempre apareci aos guineenses com propostas concretas, mensagens novas, criando esperança e mostrando um caminho de luto sempre que a pátria se deparou com momentos difíceis... De 1973 à 2013 são quarenta anos de politica e de tudo que eu fiz traduziu-se na minha consciência de que dediquei-me sempre nos momentos importantes e críticos de fazer com que o país seja acreditado como possível e futuro promissor.
Esta minha candidatura surgiu  numa realidade muito sério para o nosso país e que representa a última fronteira, porque é preciso criar um quadro politico que passa pela eleição de um presidente cujo a articulação seja próxima desse presidente para criar um conjunto de forças para congregar uma ampla aliança patriótica para salvação nacional, que consiga uma maioria parlamentar que formará um governo para salvar a Guiné.
Ninguém como Presidente da Republica pode sozinho mudar o país, isso depende de conjunto de patriotas decididos arriscarem a vida e de darem tudo para salvar o país.
A nossa candidatura é de rotura, mas num bom sentido, pagando todos e abraçando todos.

DR. Hélder Vaz é conhecido na politica como um dos fundadores da RGB/MB que outrora foi a 2ª força politica da Guiné e hoje sem expressão. Dr. é ainda apoiado por esse partido ou um outro qualquer?

O partido foi destruído como instituição mas os elementos estão no país dos quais recomecei o trabalhar desde passado mês de Agosto de 2012 a volta desse projecto.
Repara que ao longo desses anos muitos foram votar noutros partidos, mas nos ultimos atos eleitorais constata-se grandes abstenções para perceber o residual dos militantes do RGB/MB no terreno. Nós estamos a trabalhar mais arduamente no processo de reconstruir o partido desde falecimento do seu grande fundador Dr. Domingos Fernandes. Estamos a projectar realização de um congresso de reunificação do partido com uma lista única.
Queremos que esse RGB/MB se junte a outras forças politicas e toda a sociedade civil naquela aliança de salvação nacional anunciada.
Eu sou militante da RGB/MB, candidatei-me como independente, mas a minha candidatura é diferente das outras por não ser um corredor solitário, o projecto dessa candidatura não só visa apoio da RGB/MB como também integrar outras forças politicas e de toda a sociedade civil. Porque um homem só seja Presidente de Republica, seja Rei ou seja Imperador, não pode mudar um país com os problemas que a Guiné-Bissau tem. Isso tem que ser parte de um grande consenso nacional, consubstanciada num projecto politico e social que seja representado por um Presidente mas com maioria parlamentar e um governo que vai poder mudar o destino da Guiné-Bissau para concretizar o sonho de Cabral e completar o que está suspenso desde a tomada de independência.
Olha que isso não é só projecto de Hélder Vaz e o projecto só faz sentido com um presidente que está em sintonia com algo mais de que uma coligação mas sim de "ampla aliança" baseada num consenso programado de pelo menos uma década. Porque o problema do país não é de "Roncu" ou de ocupar a cadeira de um morto, mas o problema é como?... Com que visão estratégica?... Com que ideias?... E com que ações articuladas devemos usar para mudar o destino da Guiné-Bissau! o que nunca é possível só com uma pessoa.

Rispito - Qual será a prioridade do seu mandato caso for eleito?

Priorizando com uma questão do compromisso nacional para mudança, entre um presidente e uma ampla força tal como disse, que congrega muitos partidos, sociedade civil representado por varias instâncias a nível tradicional, desde régulos, chefes de tabanca e de varias personalidades reconhecidas e consideradas. Isso é um projecto de um grande esforço de unidade nacional. Atacando antes de tudo, a remoção de grandes
obstáculos que nos impediu progredir passados 39 anos, entre instabilidade politica e a instabilidade militar através de mobilização de uma unidade nacional entre todos, reconciliar os guineenses de todas as latitudes dentro e fora. 
Porque o nosso grande problema é das intensas fractura que fomos sofrendo desde assassinato de Cabral com 700 pessoas assassinadas  começou-se a criar problemas gravíssimas... Com o 14 de Novembro seguiu-se tantas histórias, o país se sangrou muito e com serias dilacerações . Daí o nosso grande problema é a falta de unidade e a desarticulação dos guineenses que se deve curar, mas essa cura implica uma rápida promoção de justiça. Depois disso partimos para a refundação do estado.

Rispito - Fala-se numa necessidade do país ter reformas profundas, não só no sector da Defesa e segurança como também em toda a administração pública do país, sobretudo no saneamento das finanças e no combater a corrupção... Que projeto politico o Dr prevê para tudo isso?

HV - Todos os guineenses que acompanham o meu percurso politico, podem testemunhar as minhas ideias desde 1994 no parlamento e comprovar que eu tenho ideias claras sobre essa matéria.
O primeiro problema após as eleições é a questão de refundação de estado, depois vêm as reformas. Porque o nosso problemas é tão grave que simples reforma não consegue sanear o nosso problema, pelo que é preciso mesmo de refundação que muito se fala hoje enquanto que eu vinha falando disso a muito tempo.
Mas falam-se de refundação dando respostas de reforma, a refundação não é um ato administrativo, a refundação deu-se em Boé, num ato politico de uma cadeira posta em cima de uma alicerce dos valores que defendíamos  tais como o valor da emancipação da nação guineense, da liberdade coletiva e o valor da auto-determinação. Foram esses dois valores que fundaram o estado da Guiné-Bissau. 
A questão do estado e os seus fundamentos é uma questão de valoração, questão acciológica e da ética politica. Então, a questão que nos coloca na Guiné é de ausência de valores e de referencias, pelo que temos que encontrar entre nós os valores ou valores de referencial mínimo, a nível valorativa, a nível acciológica em que nós todos podemos convergir sem divergências de maior. Esses valores são de ENTENDIMENTO que podem fundamentar a consciência coletiva nacional. A questão de refundação de estado hoje é a VERDADE que não temos na nossa Guiné-Bissau tanto no plano social como no plano politico, o valor da JUSTIÇA porque a degradação da justiça é que conduziu a degradação do estado, o valor da UNIDADE NACIONAL um valor completamente corroído e o valor do DESENVOLVIMENTO que todos os guineenses querem mas a maior parte não sabem o caminho e com que pernas para lá chegar. Então é a volta desses valores que podemos convergir para a

refundação do estado.
Um estado que dentro de pouco tempo consegue provar que o estado está refundado, tendo sempre como grande alicerce a justiça.
Como sendo cabralista (seguidor de ideias de Amílcar Cabral) todo esse ideal é fundado na base do cabralismo.
Hoje na Guiné não se discute valores, enquanto que em toda a conjuntura civilizada e de verdade não se pode encaminhar  para o desenvolvimento sem o empenho na defesa dos valores importantes, tendo na mente que cada um tem o seu lugar e que todos os lugares são dignos.

Rispito - O nome da Guiné-Bissau está com uma nodoa muito grande no que respeita a questão droga até no ponto de quererem desiganar o pais de um narco-estado. Uma questão que está afectar muito a nossa imagem externa e desacreditar até a nossa diplomacia... Como é que o Dr acha que podemos limpar essa nódoa?

HV - Isso requer a colocação de pessoas diferentes na frente do estado, que têm uma visão, que conhecem o mundo e sabem qual é o peso dessa estigma que pesa sobre o nosso passaporte e  nos ombros de cada cidadania guineense colocando a Guiné-Bissau entre as pairas do mundo.
Primeiro, há que colocar as pessoas que tenha essa tradução.
Segundo, essas pessoas têm que deixar claro ao mundo a partir da tomada de posse de que nós não somos autores desse crime mas sim vítimas desse crime...
Tudo porque a droga não é produzida na Guiné-Bissau e ela é trazida no nosso país de forma ilegal contra as leis nacionais, aproveitando da nossa pobreza e da nossa fraqueza para semear as raízes de entrada e de passagem. Uma entrada contra a vontade da geração politica a atuar na altura, porque isso também penetra na classe politica de forma nociva, tem parceiros nacionais entre os deputados, fala-se nas forças armadas, mas está mais enraizado no sector impresarial, atinge toda a sociedade, cria vícios e danifica as ordens.
Porque infelizmente os atuais politicos não tem ideias de aproveitar dos nossos potenciais recursos naturais, o povo vive so de colheita imidiata apanhando só o que está na arvore o que para distribuir é pouco, então isso dá origem na guerra de qualquer pão que lhes chegam na mesa do jantar onde cada um luta para ter um pedaço na mão. Daí que eu disse que somos vítimas.
Mas com a gente esclarecida o mundo é chamado da sua responsabilidade de controlar os aviões e barcos que saiem da América Latina para não ivadir onosso país aproveitando da nossa pobreza e tranformar-nos de uma plataforma de passagem de droga. Exigir também protecção e fornecimento de meios para que possamos proteger-se dessa invazão, mediante um programa de capacitação da autoridade competente, desde policia judiciaria, tribunais militares, guarda nacional e guarda foronteira.
Na segunda fase também criemos os nossos recursos próprios nas questões que tem a ver com a nossa soberania.

Rispito - Neste momento em que encontramos o país está num ritmo quente  e turbulento a nivel politico... Estando na presidencia da republica, o Dr consegue ter um coração suficiente de aturar tanta pressão politica e social para ser ao menos o 1º PR a terminar seu  mandato?


HV - Eu sou um homem habituado a trabalho e pressões em toda a minha vida. Mas a questão da Guiné é um caso particular, retirei-me da politica ativa durante algum tempo, por não haver condições de fazer politica, porque não faz sentido fazer politica encostando aos quartéis. Podia-me encostar porque tinha condições para isso, mas não faz sentido.

Agora questão fundamental é a paz, e a paz se compra. Há muitas questões fraturantes no plano etnico, no plano religioso e também no plano militar, que temos que saber resolver com dialogo, Temos que ser capazes de pagar pela paz tal como Angola fez. A paz compra-se com sacrificio, com cedencias e com harmonização de posições. O problema da Guiné  é de luta pelos recursos onde ninguém vê outro recurso a não ser o de ministério das finanças. Daí que temos de ser capazes de criar condições em que cada um se sinta num cidadão de primeira classe. Porque enquanto existe cidadãos de 1ª e de 2ª classe vamos ter problemas. Isso passa pela criação de condiçoes para que todos tenham a vida aceitavel e isso faz-se com desenvolvimento.

Eu ja me tinha apresentado um projecto de reforma ao representate do secretario-geral das Nações unidas que na altura achou caro, mas pude responder na altura o que é caro hoje daqui a alguns anos dez vezes desse valor não poderá reformar essas Forças Armadas.
Temos que criar condições de beneficiar todos, temos que entender uns aos outros, cada guineense em vez de insultar outro ainda tem que entende-lo.
A Guiné não tem sido governado porque os problemas não têm sido resolvidos.



Rispito - Quanto a Diáspora, quadros dispersos e todo o recurso humano necessario fora do país. Qual será a sua estratégia politica de migração no insentivo para captação dos intelectuais necessários?


HV - Tenho programa de incentivo e retorno dos guineenses com varios investimento do qual estará articulado com um outro programa do fumento e aplicação dos recursos dos emigrantes, com incentivo ao investimento e as aplicaçoes frinanceiras dos emigrantes, subsídio do fundo perdido, subsídios reebolsaveis, unificaçãoo das taxas de juro, emprestimo da taxa de juro zerro, facilidade de criação de empresas, sistemas de caussão mútua, assistencia técnica do estado em todo esse processo etc, etc...
Portanto são un conjunto de instrumentos para apoiar o retorno dos emigrantes.

Rispito - Qual é a sua mensagem de paz para a Guiné-Bissau e os guineenses?


HV - Mensagem de paz, primeiro é de esperança que todos tem direito de voltar confiar do seu futuro. Porque somos um capacidades intelectuais de excelencia, um povo valente que foi capaz de se agigantar perante o domínio colonial, libertando da tirania de forma
brilhante, um povo que conseguiu acabar com a dependencia. Por isso temos que ser capazes de reparar o nosso orgulho, temos que entender dos potenciais recusos naturais do país dos quais podemos exportar por boa parte de África e Europa.

Temos uma geração nova preparada para continuar com o bom trabalho que vamos começar agora. Portanto nós temos tudo para dar certo. Temos petroleo, ouro, bauxite, cobre, zinco, temos um potencial de pescas de 300 mil toneladas por ano.
Há que trazer o sonho de Cabral aos guineenses, há que motivar os guineenses para acreditar que nós podemos ter um país livre, justo com verdade, com desenvolvimento e próspero, pois é para isso que nós estamos a lutar. Eu decidi-me candidatar a presidência da republica para trazer essa virtude ao nosso povo e canalizar essas virtudes boas para o nosso desenvolvimento.
Temos que reconciliar e acabar com ostentações de vingança, criar condições para que os infratores e vítimas possam reconciliar e conviver. Temos que ser capazes de desenvolver um plano coletivo que seja a soma das vontades dos guineenses e que atenua as nossas diferencias para podermos recuperar o nosso património simbólico como um povo intercultural, solidário em que todas as etnias podem viver juntas onde as diferenças sejam uma riqueza e não dificuldade.

Rispito.com deseja que a Guiné-Bissau ganhe nas próximas eleições, contudo, se essa ganho passa pela eleição do Dr. Hélder Vaz para a presidência da republica desde já o espaço lhe deseja toda a sorte nas próximas eleições e da mesma forma desejar uma boa presidência se for o caso disso.

1 comentário:

  1. A Guiné precisa de homems politicos como Paulo Gomes e Helder Vaz. O regresso dos dois aumentara qualidade no debate politico

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