sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A escolha que perspectiva o futuro para a Nação


“Não fazem parte da nação aqueles que apenas falam a mesma língua, ou que apenas professam a mesma religião, mas aqueles que partilham um processo evolutivo histórico comum e que por isso partilham uma identidade que daí resultou.”

Ter as bases para a construção de uma Nação forte e coesa significa ter sentido de responsabilidade no exercício do poder, possuir maturidade cívica, política e democrática, assumir e comprometer a estratégia partidária com a identidade nacional.
Este facto observa-se tanto na escolha das lideranças partidárias como também na selecção dos projectos políticos que garantem uma visão e um objectivo estratégico congruente com os caminhos que a própria Nação pretende seguir. 

Antes de mais, quando abordo o conceito “Nação” faço-o partindo do pressuposto que, como é costume alocar, uma nação é uma comunidade que partilha uma língua, uma cultura, uma identidade material, uma história comum de luta pela sobrevivência e perpetuação ao longo dos tempos. É uma comunidade que partilha um conjunto de valores que são intuitivos, normas não-verbais que resultaram de séculos de identificação e comunhão na luta pela preservação e continuidade da comunidade. Não fazem parte da nação aqueles que apenas falam a mesma língua, ou que apenas professam a mesma religião, mas aqueles que partilham um processo evolutivo histórico comum e que por isso partilham uma identidade que daí resultou. Essa identidade foi construída ao longo da evolução de um povo pela partilha da mesma luta de sobrevivência e perpetuação, aqueles que se deslocaram para o mesmo espaço e aí construíram a sua civilização, aqueles que passaram pelas mesmas lutas, que estiveram sujeitos às mesmas dificuldades, que construíram um código de comportamento similar. Portanto, a Nação, como alguém um dia disse, é acima de tudo um sentimento de pertença natural e de identificação histórica.

Esta nota introdutória é apenas para alertar sobre o processo de reforço da unidade nacional alcançado durante a luta de libertação, em torno de um projecto de coesão e de construção da Nação que, agora, sofre de robustez na sua essência e enfrenta desafios e contingências de várias ordens, sendo uma das mais visíveis a sua própria identidade. 

O que me apraz referir é que não se concebe a manutenção dessa identidade e reforçar a coesão nacional com base em boatos, intrigas, calunias, divisões, compromissos antecipados, estratégias eleitoralistas e confrontos vis-à-vis. Entendo que a Nação é superior a tudo isso, não podendo a mesma confundir-se com as frustrações pessoais de cada um de nós.

Neste momento da vida nacional é possível assistir, com algum pesar, disputas eleitorais e posicionamentos no campo da estratégia política, desde a observância estrita do comportamento individual como da assunção de um projecto de liderança partidária. Sobre este aspecto gostaria apenas de alertar para o facto de que o maquiavelismo político é de uma forma tão violenta que é capaz de minar os sonhos de uma Nação e, com as garras de aço, destruir os anseios de um povo.

Talvez seria necessário, neste momento, dar algum relevo a discussão em torno de um projecto Nação, que se inicia nas bases dos partidos e atravessa toda a sociedade civil, não imiscuindo, como é óbvio, o compromisso de afirmação da causa nacional. 

Não quero com isto afirmar que não é vital discutir a refundação do Estado, partidos políticos e/ou administração pública. Mas, antes de mais, torna necessário autonomizar os conceitos e dar o tratamento que cada um merece em dado tempo, através da definição dos objectivos e visão estratégica que se pretende para o País, pois acontece que o Estado e Nação não só não são coincidentes como são muitas vezes conceitos antagónicos. 

Portanto, condicionar a discussão simplesmente partidária e na vertente de uma disputa eleitoral com o objectivo único de administrar o aparelho de Estado (entenda-se governo) sem contudo observar as estratégias e a forma do exercício do poder tendo em conta o conceito “Nação”, é um erro grave. 

Na verdade, uma verdadeira Nação, como é hábito referir, não necessita de instituições jurídicas que a mantenham unida, pois os seus membros sentem-se parte do mesmo legado e pretendem um futuro comum, daí entender ser necessário um debate aprofundado em torno da ideologia e da identidade nacional, neste momento em que o País se encontra com sérios riscos de divisão no seu seio. 

Portando, talvez seja necessário repensar o papel dos vários players, entenda-se candidatos às eleições gerais (legislativas e presidenciais) e direccionar o debate para uma participação política mais responsável e coerente, onde a competência, seriedade e honestidade sejam condições primárias e de acordo com os reais interesses da Nação. 

Obviamente que não se pode escolher quem deve ou não participar na democracia, porque isso é limitar o exercício da participação política que o País tanto carece. Mas, convenhamos que o elevado número de candidatos às presidenciais e partidos políticos às legislativas, que têm surgido de alguns anos a esta parte, a maioria não contribui em grande medida para o processo de discussão que se pretende em torno do projecto Nação, tendo em conta os princípios programáticos que defendem, as suas lideranças e as bases ideológicas em que se assentam. Contudo, sobre os partidos políticos e suas lideranças é importante aflorar a verdadeira dimensão dos seus projectos e condicionalismos democráticos na participação e no diálogo nacional.



Tal como iniciei concluo insistindo no debate em torno do projecto Nação e coesão nacional, acreditando piamente que a única forma do País se alavancar, tendo em conta os atuais desafios, é através de uma liderança forte, mobilizadora, responsável e com sentido de Estado.

Acrescento, humildemente, que é hora de pararmos a prática de capelas vazias que caracterizam as nossas disputas estéreis e antagonismos que quase sempre se traduziram em discussões improdutivas e inúteis. É hora de implementação de mecanismos de discussão e aprofundamento do diálogo responsável, da participação política e da integração harmoniosa de todos filhos e filhas a viverem dentro e fora do país.

É importante ter presente que grandes feitos foram conquistados do que parecia impossível, como bem dizia Mahatma Gandhi! LV

Lisboa, 23 de Janeiro de 2014.
Luís Vicente
OBS: Todas as opiniões aqui editadas são da inteira responsabilidade do seu titular (autor)

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