segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

ESTADISTA PRECISA-SE

A condução do Estado é considerada uma arte, e o estadista, deve ser um autêntico artista. Assim, o estadista é adaptável às circunstâncias, harmonizando o próprio comportamento à exigência dos tempos. Sua virtude é a flexibilidade moral, a disposição de fazer o que for necessário para alcançar a glória cívica e a grandeza - quer haja boas envolvidas - contagiando os cidadãos com essa mesma disposição. O estadista é visto como simulador e manipulador da opinião pública ("a acção acusa mas o resultado escusa"), em uma sociedade acrítica e influenciável pelas aparências, constituída de indivíduos interessados exclusivamente em seu próprio bem estar. Mas a corrupção é vista como perda da virtude pelo conjunto dos cidadãos.

No ensaio Mirabeau o el político (Revista de Ocidente, Madrid, 1927), Ortega

Gasset classifica os governantes em estadistas, escrupuloso e pusilâmine. O homem de Estado deve ter o que chama de "virtudes magnânimos" e não as "pusilâmine". Mirabeau (1749-1791) é tomado como arquétipo do político, porém Ortega alerta que um arquétipo (aquilo que é) não se confunde com um ideal (aquilo que deve ser). Isto porque a confusão entre arquétipo e ideal levaria a pensar que o político, além de bom estadista, deva ser virtuoso, o que, segundo o autor, seria um equívoco. Tampouco, segundo Ortega, dever-se-ia confundir um político e um intelectual. Um político é aquele que se ocupa; intelectual aquele que se preocupa. Ou se vem ao mundo para fazer política ou para elaborar definições, mas não ambas as coisas, pois a política é clara no que faz, no que consegue, mas é contraditória na sua definição.

Normalmente ocorre de o estadista ser incompreendido pois preocupa-se com o longo prazo e toma decisões impopulares a curto prazo, enquanto a maioria dos políticos preocupa-se com resultados imediatos de suas acções. Assim se diz que:
- O estadista se preocupa com a próxima geração e o político com a próxima eleição.
Já, um biógrafo de Alexander Hamilton, diz que o estadista pratica a política da colmeia, ao passo que os “políticos” praticam outra política – a política da abelha. No primeiro, tudo se subordina ao interesse colectivo. Nos segundos, tudo se subordina ao interesse individual.
O indivíduo com uma missão criadora (o magnânimo) é radicalmente diverso do indivíduo sem missão alguma (pusilâmine). Virtudes convencionais (honradez, veracidade, escrúpulos) não são típicas do político, que costuma ser propenso a certos vícios - desfaçatez, hipocrisia, venialidade. Portanto, diz Ortega, não se deve medir o grande homem político pela escala das virtudes usuais, pois a grandeza, inevitavelmente, vem acompanhada de suas próprias baixelas.

O que o estadista mais anseia por produzir é um certo carácter moral nos seus concidadãos, particularmente uma disposição para a virtude e para a prática de acções virtuosas, é fazer a ponte entre a experiência e a visão, tem o dever de revolver a complexidade, e não contemplá-la.

Se um político pensa nas próximas eleições, um estadista pensa nas próximas gerações, daí que a diferença entre um estadista e um político, é que Um estadista faz aquilo que pensa ser melhor para o seu país enquanto que um político faz aquilo que pensa ser melhor para ser reeleito.

Por: José Carlos Baldéum destacado quadro guineense  a viver em Portugal durante vários anos, com muita experiência politica e social.
OBS: Todas as opiniões aqui editadas são da inteira responsabilidade do seu titular (autor)

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