Quem manda, Por que manda e Como manda?
Papa Sufre Fernando Quadé |
Na
Guiné-Bissau, tudo passa pela esfera da intimidade (aqui, até os santos são
chamados no diminutivo), num impressionante descompromisso com a ideia de bem
público e numa clara aversão às esferas sociais de poder.
Existem
outras facetas que fazem parte de “matchu-garandi” (e da expressão) do país.
O
clima de resistência à ditadura já se anunciara em shows, como opinião estreado
a partir dos anos passados e que se alastrou até a data presente.
Em
verdade, há os líderes natos, mas a grande maioria não o é, mas pode vir a ser
algo próximo a isso, desde que encare suas responsabilidades. Um líder que só
pense em si próprio está fadado ao insucesso, e nem chega a merecer a alcunha
de líder, e a estrutura que comanda, fadada ao fracasso. Será traído, confrontado,
e culpará a sorte, quando deveria culpar a si.
Por fim, amado leitor, pergunte a si próprio qual o objetivo da sua autoridade. O que pretende dela? Poder, posição social, mulheres, vingança? Ou há algum idealismo em ti?
Por fim, amado leitor, pergunte a si próprio qual o objetivo da sua autoridade. O que pretende dela? Poder, posição social, mulheres, vingança? Ou há algum idealismo em ti?
Está-se construindo na Guiné-Bissau “um monumento à
negligência social”.
A
miséria e a fome crônica na Guiné-Bissau tornaram-se temas de discussões
obrigatória em todos os fóruns nacionais e internacionais, ao lado das
discussões a respeito de corrupção, de reformas políticas-militares, social,
econômica, educacional e entre outras. O ensino público rebaixado. A saúde em
colapso, os presídios vazios, uma justiça lenta e ineficiente, tudo empacado,
sem solução, para além do que mostrava a modernidade proclamada pelos ditos
políticos durante as campanhas presidenciais e legislativas.
Na
verdade, a cultura do marketing e a
sociedade do espetáculo encobriram uma enorme rede de interesses particulares,
em que estavam envolvidas parte significativa e/ou, maioria dos políticos e
seus subalternos.
O
fato é que “o país é muito atrasado”. Isso eu posso repetir quantas vezes for
necessário e com muito orgulho enquanto guineense nato.
Desde
o início desta curta história da independência de quarenta anos e uns quebrados
e, também vinte anos e uns quebrados da democracia, já era patente, na nossa
democracia uma ditadura encoberta que acaba gerando um processo difícil de
construção de formas compartilhadas de poder e zelo pelo bem comum.
Escrever
sobre a vida do nosso país implica questionar os episódios que formam sua
trajetória no tempo que vivemos – para compreendermos os guineenses que somos e
os que deveríamos ou poderíamos ter sido.
A
imaginação e a multiplicidade das fontes são dois predicados importantes na
composição da história. Nela, cabem os grandes tipos, os homens públicos, as
celebridades; cabem igualmente personagens miúdos, quase anónimos. Em nenhum
inspirou o gesto. É preciso “usar os óculos do morto – Amílcar Cabral”, para conectar
o público e o privado, para penetrar num tempo que não é o nosso, abrir portas
que não nos pertencem, sentir com sentimentos de outras pessoas e tentar
compreender a trajetória dos protagonistas da nossa história e da nossa Nação,
igualmente. Tudo isso porque é necessário, as visões, ouvidos e viver do povo,
segundo os quais, as exigências do seu tempo e não de acordo com as exigências
do nosso tempo –, tempo dos políticos. E, é, ainda, não ser indiferente à dor
ou à alegria do guineense comum, invadir o espaço da intimidade de personagens
relevantes e escutar o som das vozes sem fama.
O
tempo presente é um pouco de cada um, e, quem sabe, cabe ao leitor anotá-lo com
precisão e crítica. Eu aceito a crítica e estou aberto a ela.
A
Guiné-Bissau arromba toda concepção que a gente faça dele. Longe da imagem do
país pacífico e cordato, ou da alentada democracia racial e ditatorial.A
Guiné-Bissau, é ao mesmo tempo, uma nação marcada por gaps sociais e índices elevados
de analfabetismo. A história da Guiné-Bissau, por suposto, não cabe num único
livro. Até porque o paradeiro de outras pessoas ainda há por esclarecer, mas
que não se sabe até quando.
Parece
não existir na Guiné-Bissau nenhum homem republico, e que nem zela, ou trata do
bem comum, senão cada um do bem particular.
A
Guiné-Bissau caracteriza-se por um aprofundamento das discussões e conflitos
nos planos social e político-institucional. Em contrapartida, é também período
de graves impasses no processo de reestruturação democrática. O país assistiu a
embates político-institucionais, conflitos sociais, pactos políticos os mais
díspares e, ainda surpreendentes “deslizamentos” ideológicos – de partidos e de
atores políticos, sociais e culturais.
A
crise político-ideológica generalizou-se.
A
república ainda sofreria vários impasses e desafios, sobretudo no âmbito
econômico, com a imposição de diversos planos fracassados, até a atual e
relativa estabilização. Impasses institucionais, políticos, econômicos, sociais
e, até, no âmbito dos costumes – corrupção generalizada e impunidade, que se
prolongam até os dias atuais – sinalizaram as dificuldades a serem enfrentadas
pela nova ordem republicana, não isenta de contradições e de vícios dos antigos
regimes.
À
percepção do povo, entretanto, escapou o fato de que o padrão histórico-cultural
e político em que se vive no país nas últimas duas décadas passou a ser
definido pelos valores da sociedade do espetáculo e da cultura do marketing. Na
verdade, é a propaganda que comanda o jogo político, centralizado nas emissoras
estatais e privadas do país e alastrando ao nível internacional, ao passo que
por dentro se vive o clima de caos.
É
de se esperar que o aprendizado tenha sido definitivo e que o país que estamos
legando às futuras gerações – uma Guiné-Bissau que, embora ainda marcado por
problemas graves e que se avolumam – pode ser colocado no patamar das pequenas
nações democráticas mundiais. Apesar do longo caminho a percorrer para se
implantar justiça social para esta sociedade – ou, quando menos, diminuir a
injustiça, o que não é pouco – várias conquistas já são apreciáveis.
O
saldo da consolidação dessa democracia liberal incompleta é, portanto, em
quaisquer circunstâncias, positivo. Urge preservá-la a todo custo e avançar:
embora a nova sociedade civil seja ainda exígua, ainda resta retirar de seu
trágico destino as milhares de pessoas que mal sobrevivem abaixo da linha da
miséria. Criando condições efetivas – e não paliativas – de vida para todos os
guineenses.
O
Legal e o Legítimo
Partimos
de uma distinção necessária.
Distinguimos
entre o legal e o legítimo. Toda lei
é legal, obviamente. Mas nem toda lei é legítima.
Sustentamos que só é legítima a lei
provinda de fonte legítima.
O
único outorgante de poderes legislativos é o Povo. Somente o povo tem
competência para escolher seus representantes. Somente os Representantes do
Povo são legisladores legítimos.
A
escolha legítima dos legisladores só se pode fazer pelos processos fixados pelo
Povo em sua Lei Magna, por ele também elaborada, e que é a Constituição.
Afirmamos,
portanto, que há uma ordem jurídica
legítima e uma ordem jurídica legal. A ordem imposta, vinda de cima para
baixo, é ordem ilegítima. Ela é
ilegítima porque, antes de mais nada, ilegítima é sua origem. Somente é
legítima a ordem que nasce, que tem raízes, que brota da própria vida, no
seio do Povo.
Nego
peremptoriamente a possibilidade de coexistência, num mesmo País, de duas
ordens constitucionais legítimas, embora diferentes uma da outra. Se uma ordem
é legítima, por ser obra da Assembleia Nacional Popular do Povo, nenhuma outra
ordem, provinda de outra autoridade, pode ser legítima.
Afirmo
que a outra lei não tem o condão de transformar uma Ditadura numa Democracia,
um Estado de Fato num Estado de Direito.
Por:Papa
Sufre Fernando Quadé - Jahu/SP, 25 de Abril de 2016
OBS: Todas as opiniões aqui editadas são da inteira responsabilidade do seu titular (autor)
parabéns! este artigo evidenciou mais uma vez a sua grande capacidade de análise politico.Há muita confusão no nosso país que infelizmente se propaga cada vez mais pelo fato da grande parte da população serem analfabetos como você bem colocou.Queira Deus um dia abençoar o nosso país!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarBoa reflexão. Infelizmente, hoje em dia no nosso país estamos carentes de valores e boas referencias.
ResponderEliminarParabéns meu grande Papa! Boa reflexão, infelizmente os nossos políticos nao sei se teve oportunidade de ver este trabalho, verdadeiro sento Machú grandi é trabalhar com seus esforço próprios pra garantir o modo de ser homem na sociedade ou seja lutar para dignificar o modo de ser nao fazendo coisas aleias a exigência profunda da politica, um politico que só pensa nas coisa dele este politico está ir contra as exigência profunda da politica, entao é preciso refletimos sobre esta sua abordagem.... Queremos pessoas competente, sérios, honestos, comprometida para dirigir o País, nao pessoas que nao são capaz de escutar os outros, é preciso consolidar o esforço dos grandes ideias que estavam na origem da nossa determinação de Opções estou querendo referir homens e mulheres que lutar pela independência, hoje podemos dizer queremos isso mais aquilo, mas temos que respeitar esse indivíduos.
ResponderEliminarParabéns amigo! Texto elucidativo do que acontece em seu país natal, porém, aplicável a muitos outros países, inclusive o nosso, além de motivador, demonstrando que não podemos ficar calados e devemos participar ativamente da política sempre com a motivação de mudar e avançar.
ResponderEliminarParabens!!!! Muito rica a sua analise!!!
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