quarta-feira, 9 de novembro de 2016

AUSCULTAÇÃO: CONTINUIDADE DA CRISE OU O FIM DA CRISE?

Quem disse o quê? Responde a o diz.
Foi assim que num dia de muito cansaço em 2014 após mais um dia de estudos, peguei no meu pobrezinho celular/telemóvel e disquei/liguei por um amigo-irmão para demonstrar a nossa amizade da “guineendadi” aqui na Ilha de Vera Cruz - Brasil, eis que ele mal começou a conversa:
- Quem você está apoiando nessa eleição?Essa frase serviu-me de mais um início de uma outra preocupação adversa àquela da Faculdade que me vinha deixando mais pensativo e frustrado. Passado um tempo, comecei a refletir sobre esse conterrâneo e a frase de 2014, mesmo assim não vejo o que dizer por estar tão acostumado com as brigas constantes pelo poder na Guiné-Bissau.

A nossa vida e os nossos atos não passam de um Cartão de Crédito/Cartão Multibanco, com ele podemos comprar tudo que queremos duma vez que não exceda o limite mensal do cartão, mas o problema não é somente comprar; o grande problema é não ter o dinheiro para pagar as contas feitas no cartão e ficar inadimplente, porque depois mesmo querendo comprar mais, não vai conseguir comprar de jeito nenhum. Ao exemplificar isso cheguei um ponto de partida em relação aos nossos votos que os políticos pedem de nós nos momentos das campanhas eleitorais, e que depois de conseguirem ser eleitos, já não temos como retirar os nossos votos enquanto não chegar o pleito eleitoral.
É chagada à hora de respondermos ao que dissemos no passado. Afirmamos com franqueza e convicção que aquele e aqueles que detêm o poder merecem a um voto e um mandato. Passamos pouco tempo após a eleição e já não suportamos aqueles que escolhemos para nos governar durante os 4 anos para legislativa e o outro, 5 anos para presidência. O nosso pacto findou muito cedo, talvez o fizemos com muita pressa devido às ambições pessoais deles – políticos, e/ou pelas angústias que já nós – povo,não suportamos.
            O tempo é muito curto para chegarmos à conclusão que chegamos das querelas em que eles estão mergulhados, mas como são “pano di 10 bandas” não tardaria para aprovarmos dos nossos venenos amargos de que tanto gostamos de tudo o quanto é ruim. Com certeza, gostamos mesmo! Tudo isso ocorre porque a nossa visão de mudança não muda o nosso jeito de escolher. A maneira como nós estamos acostumados em escolher quem deve governar e a forma como eles governam estão ofuscadas pelas lentes polarizadas dos interesses pessoais sem precedentes dos políticos de meia tigela. “Haja vergonha”!
A eles retribuímos as culpas pelos atrasos vistos no processo do desenvolvimento do país e sem percebermos que a nossa culpa tem mais tamanha grandeza em relação à culpa deles – políticos. Enquanto não entendermos a proporção e o peso do nosso voto, estaremos sofrendo das decisões delas saídas. O exercício cívico pede de nós uma decisão responsável e sem preconceito em escolhermos quem deve estar à frente na condução do destino do país.
Depois da assinatura do memorando do entendimento em Guiné-Conacri, o que mudou?
 O documento foi adulterado ou as nossas formas de interpretar as versões em Inglês e Francês que vos trazem brigas de novo?
“Rally” para a procura da solução para o fim de uma crise que é advento de mais uma nos faz saber que as lutas pelo poder continuarão nessa legislatura cercada de falta de diálogo entre os atores nacionais, tudo isso acontece talvez porque o documento ontem assinado foi elaborado pelos outros, possivelmente isso tenha sido motivo pela qual ele carece da vossa compreensão. Até podemos elaborar o nosso pacto e assiná-lo com o nosso próprio punho sem que alguém nos obrigue a fazê-lo e daí chegaríamos a um consenso que nos levará a um caminho certo. Alguém afirmou em Bissau antes da ida à Conacri que a viagem estava sendo uma mera perda de tempo, soluções deveriam ser encontradas dentro de casa – no próprio país. Essa viagem de luxo acabou deitada pelas águas baixas em pouco tempo da assinatura do acordo. Um acordo que nem entrou em vigor, já começamos a sentir o cheiro desagradável.
            A interpretação do documento em Bissau não é nada mais que uma conversa fiada. Ponto final! Chega de blá, blá, blá, diz que diz.... Isso não nos levará a lado nenhum quanto à matéria de uma profunda reconciliação entre os filhos da nação de Amilcar Cabral. Se tivessem boa fé após a assinatura do documento em Conacri, estariam respeitando o documento outrora assinado com a vossa própria mão sem precisar fazer interpretações distintas e brincar com sentimentos do povo e desconsiderar as autoridades máximas da sub-região, nesse caso a CEDEAO.
“Recall” de Sua Excelência Presidente de República para mais uma nova onda de “Replay” de auscultação.
            Oluṣẹgun Mathew Okikiọla Arẹmu Ọbasanjọ num passado recente fora nomeado para reconciliar as partes desavindas advertiu que a solução para os nossos problemas deve partir de um diálogo de casa.
Só uma questão:
Será que Sua Excelência Presidente de República Dr. José Mário Vaz conseguirá obter consenso necessário para a estabilização da atual situação política que outrora responsabilizamos àquelas que cedo partiram: General João Bernardo Vieira Nino (Kabi Na Fantcham-na), Dr. Malam Bacai Sanhá, Dr. KoumbaYalá, General António Indjai e Sr. Carlos Gomes Júnior?
Quanto a isso, não quero ser pessimista em afirma que não e nem cometer um gafe, mas existe uma larga distância entre o meu sim e o meu não, tendo em conta as rondas de auscultação já feitas pelo atual presidente. E, o que faltou para atingir o consenso eu não sei dizer, talvez por estar longe do país e não conseguir viver a dia a dia com os que lá estão.
Para terminar, gostaria de uma maneira muito simples salientar que, se os políticos preocupassem com a questão ligada a solidariedade para com povo, eles não estariam na tanta luta pelo poder em que se encontram atolados. No dia em que decidirem caminhar juntos e com os seus próprios pés, saberem elaborar seus próprios projetos para o desenvolvimento do país, aí estariam a contribuir enquanto políticos visionários, porque até aqui não nos restam dúvidas que apenas os seus interesses os preocupam. A nossa autoestima não deve estar baixa, mas sabemos muito bem de que as auscultações iniciadas não terão uma novidade agradável como sempre foram, são e serão. 
É imprescindível que os políticos falem a mesma língua e sentarem na mesma mesa de negociação sem que alguém se sente rancor do outro, mas já deu para perceber que coisas deste tipo fica difícil acontecer nessa legislatura, por tudo quanto já assistimos, mas menos o bom.
Que DEUS abençoe a Guiné-Bissau!
Viva Unidade Nacional!
Papa Sufre Fernando Quadé, Graduando em Administração.

Jahu, São Paulo/Brasil, 08 de Novembro de 2016.

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