Compacto do BAD para os PALOP é boa ideia mas países têm de se organizar - Paulo Gomes
O consultor guineense Paulo Gomes considera que a ideia do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) de criar um Compacto de financiamento para os PALOP é positiva, mas lamentou que esses países de língua portuguesa não estejam organizados.
"O Compacto é uma boa ideia mas o desafio é sempre a capacidade dos lusófonos se organizarem para projetos bem estruturados e constituírem um 'pipeline' credível de projetos, e isso falta nos países lusófonos porque nós não estamos organizados para isto, então fica-se pelos anúncios em ocasiões como esta da CPLP, mas depois nada avança", disse o antigo candidato presidencial nas eleições de 2015 na Guiné-Bissau.
Em entrevista à Lusa no seguimento da participação nos Encontros Anuais do Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank), que decorrem em Abuja até sábado, Paulo Gomes considerou que o sucesso do Compacto, uma iniciativa do Banco Africano de Desenvolvimento para potenciar o financiamento a projetos nos países lusófonos, depende das pessoas que participarem no projeto.
"Depende dos atores que utilizam para essa reflexão", disse Paulo Gomes quando questionado sobre as expectativas para o Compacto, acrescentando que "há vários quadros no mundo da CPLP que existem em bancos privados, públicos e instituições financeiras, que conhecem os meandros destas realidades, que deviam ser envolvidos mesmo trabalhando 'pro bono' para dinamizar estas iniciativas".
O Compacto de financiamento para os países lusófonos tem como principais objetivos “mobilizar fundos financeiros privados, fundos soberanos e o setor privado para facilitar projetos de infraestrutura com a capacidade para transformar os países lusófonos africanos”, de acordo com documentação distribuída numa reunião de trabalho com representantes governamentais dos países lusófonos, durante os Encontros Anuais do BAD, em Busan, e a que a Lusa teve acesso.
O documento de apresentação do Compacto explica ainda que o objetivo é também “alavancar oportunidades relevantes para os PALOP dentro do âmbito mais alargado do Fórum de Investimento Africano, em particular, e ajudar a fechar o desfasamento entre o capital disponível e os projetos bancáveis”.
O terceiro objetivo, segundo a documentação, é “dar apoio às políticas e assistência técnica aos PALOP para usarem o crescimento rápido dos mercados regionais e global, e delinear um fluxo de projetos rentáveis”, a que a se junta, por último, a “melhoria do clima de investimento” nestes países.
A ideia do Compacto foi lançada em novembro do ano passado quando o Presidente do BAD visitou Portugal, tendo sido subsequentemente desenvolvida em março, durante uma deslocação da secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação portuguesa, Teresa Ribeiro, a Abidjan, a capital económica da Costa do Marfim e que é a sede do BAD, e nos Encontros Anuais do BAD, em Busan, Coreia do Sul.
O Afreximbank, cujos Encontros Anuais decorrem até sábado em Abuja, a capital da Nigéria, é um banco de apoio ao comércio, exportações e importações em África e foi criado em Abuja, 1993. Tem um capital de 5 mil milhões de dólares e está sedeado no Cairo.
Os acionistas são entidades públicas e privadas divididas em quatro classes e dele fazem parte governos africanos, bancos centrais, instituições regionais e sub regionais, investidores privados, instituições financeiras, agências de crédito às exportações e investidores privados, para além de instituições financeiras não africanas e de investidores em nome individual.
Rispito.com/Lusa, 13-07-2018
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