Alberto Nambeia: “Qualquer guerra política é melhor que as guerras armadas”
Líder do segundo maior partido da Guiné, Alberto Nambeia, pede ajuda de Portugal para fiscalizar o processo eleitoral. Em entrevista ao Observador diz que "ninguém quer voltar aos tempos do sangue".
A Guiné Bissau tem eleições marcadas para 18 de novembro, mas o segundo maior partido — que está no Governo com o PAIGC — denuncia que ainda nada foi feito para que o processo eleitoral se possa iniciar com normalidade. Uma delegação do Partido da Renovação Social (PRS), que incluiu o presidente Alberto Nambeia, deslocou-se no úlitmo fim-de-semana a Lisboa para pedir a ajuda de Portugal na fiscalização do processo eleitoral. O PRS tem dúvidas de que o processo seja transparente e até de que as eleições aconteçam. Ao mesmo tempo que a cúpula do segundo maior partido se deslocava para Lisboa, o primeiro-ministro Aristides Gomes, garantia na sede da ONU que as eleições não estão em risco, embora admita atrasos no processo eleitoral.
Numa pequena entrevista ao Observador, o líder do PRS, Alberto Nambeia, diz que quer acreditar no primeiro-ministro, mas adverte que “as eleições não se realizam sozinhas nem por mera manifestação de intenções“. Denuncia, por exemplo, que os partidos ainda não tiveram acesso a financiamento que permita iniciar a campanha eleitoral, bem como a existência de várias falhas no recenseamento. O líder do PRS diz que a “ajuda técnica e de organização” de Portugal “é essencial” para que tudo corra com normalidade. Por escrito, o líder do PRS respondeu, assim, a algumas questões do Observador sobre o processo eleitoral e disse voltar a estar disponível para integrar um governo com o PAIGC, embora lamente a instabilidade interna do maior partido guineense.
Numa pequena entrevista ao Observador, o líder do PRS, Alberto Nambeia, diz que quer acreditar no primeiro-ministro, mas adverte que “as eleições não se realizam sozinhas nem por mera manifestação de intenções“. Denuncia, por exemplo, que os partidos ainda não tiveram acesso a financiamento que permita iniciar a campanha eleitoral, bem como a existência de várias falhas no recenseamento. O líder do PRS diz que a “ajuda técnica e de organização” de Portugal “é essencial” para que tudo corra com normalidade. Por escrito, o líder do PRS respondeu, assim, a algumas questões do Observador sobre o processo eleitoral e disse voltar a estar disponível para integrar um governo com o PAIGC, embora lamente a instabilidade interna do maior partido guineense.
O primeiro-ministro, Aristides Gomes, garantiu na sexta-feira numa entrevista à Lusa na sede da ONU, que as eleições se realizam no dia 18 de novembro. O PRS esteve desconfiado que não ia haver eleições. Agora já acreditam que vai mesmo haver eleições nesse dia?
Queremos acreditar no primeiro-ministro, mas as eleições não se realizam sozinhas nem por mera manifestação de intenções. Neste momento, assistimos a uma falta da disponibilização dos fundos para o processo eleitoral, não convocação dos partidos políticos e organizações da sociedade civil para fazer ponto de situação da campanha de educação cívica e o não envolvimento da sociedade civil na organização e operacionalidade da educação cívica.
De que forma Portugal pode ajudar a tornar as eleições mais transparentes?
A ajuda técnica e de organização é essencial. A experiência portuguesa na realização de eleições é grande, mas é também necessário que certifiquem à comunidade internacional a transparência e isenção do processo.
Além de Portugal, acham oportuno ter observadores de outros países no escrutínio?
Gostaríamos que a União Europeia e os países da nossa subregião africana estivessem envolvidos. No fundo, queremos também instar a Comunidade Internacional a acelerar o processo de desbloqueamento dos fundos prometidos para o apoio ao processo eleitoral de modo a viabilizar o cronograma.
Quais são, no vosso entender, as principais ameaças a umas eleições livres e justas?
O lançamento de recenseamento sem condições técnicas, operacionais, materiais e financeiras para que as pessoas possam realizar os seus registos. Mais, o lançamento oficial do recenseamento não está a incidir sobre todo o espaço nacional e na diáspora.
Se forem o partido mais votado aceitam fazer coligação com o PAIGC no próximo Governo desde que o primeiro-ministro seja do PRS?
Naturalmente. A Guiné precisa de todos! E nós não temos qualquer problema com o PAIGC. Aliás, estamos num governo com este partido. O que se passa é que o próprio PAIGC tem problemas com o PAIGC. A instabilidade política recente na Guiné é causada por conflitos internos deste partido.
E se voltarem a ser a segunda força mais votada, aceitam voltar a integrar um Governo liderado pelo PAIGC?
Dependerá das medidas programáticas que o PAIGC aceite do nosso projeto eleitoral. Há coisas de que não abdicamos. É fundamental que os próximos quatro anos sejam dedicados à modernização da economia guineense (para gerar emprego e baixar a pobreza); à valorização do capital humano (para melhorar as competências pessoais do cidadão); e à reforma dos serviços públicos para melhorarmos a saúde, educação e a proteção social.
Teme que uma crise política no país possa redundar numa nova crise militar?
Podíamos acenar com esse fantasma à comunidade internacional, mas não estaríamos a ser verdadeiros. Os guineenses sabem o que é a guerra e os militares sabem o que são as instituições públicas. Ninguém quer voltar aos tempos do sangue. Sabemos que qualquer guerra política é melhor que as guerras armadas, mas não nos podemos iludir: sem instituições a funcionar, o país não se desenvolve, a pobreza não recua e a Guiné-Bissau não tem futuro. Precisamos que a comunidade internacional perceba isso.
Quais são, no vosso entender, as principais prioridades da Guiné-Bissau?
De forma muito sucinta: a Educação e Formação (de outra forma nunca nos desenvolveremos); a criação da riqueza nacional e do emprego para a redução da pobreza; a preservação da biodiversidade nacional (como grande valor do país); e a segurança interna e o combate aos tráficos de todo tipo e ao terrorismo regional e internacional.
Sem comentários:
Enviar um comentário
ATENÇÃO!
Considerando o respeito pala diversidade, e a liberdade individual de opinião, agradeço que os comentários sejam seguidores da ética deontológica de respeito. Em que todas as pronuncias expressas por escrita não sejam viciadas de insultos, de difamações,de injúrias ou de calunias.
Paute num comentário moderado e educado, sob pena de nao sair em público