quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Declaração do Candidato Dr. José Mário Vazsobre os resultados provisórios 

Povo da Guiné-Bissau,
A imagem pode conter: 3 pessoas, pessoas sentadasSaúdo e felicito a todos e a cada um dos Guineenses que, com sentido de responsabilidade e de patriotismo participaram de forma cívica nestas eleições presidenciais.
Hoje, de consciência tranquila e com o profundo sentimento do dever cumprido no exclusivo interesse da Pátria e dos meus concidadãos, sem atender a interesses que lesam a nossa soberania e as Leis da República, venho agradecer a todos os guineenses e em especial os que votaram na nossa candidatura, e também uma palavra de reconhecimento e gratidão à minha família por esta caminhada que juntos empreendemos, para a realização dos desígnios nacionais de Liberdade, Soberania, Igualdade e Justiça.

Disputei com muito orgulho o segundo mandato, com o objectivo de consolidar os ganhos dos primeiros cinco anos. Estes cinco anos, que ficaram marcados pelo início de uma nova era de liberdade, de paz social e de tranquilidade interna, com respeito pelo próximo, com tolerância, sem abusos de poder, sem espancamentos, sem crianças órfãs e mulheres viúvas por razões políticas, sem golpes de estado, sem o barulho das armas, sem levantamentos militares.
Revisitando 23 de Junho de 2014 à presente data, posso dizer, orgulhosamente, que o nosso país mudou.

1 Pela primeira vez na história da Guiné-Bissau em 46 anos de Independência não tivemos um Presidente acima dos cidadãos, dispondo aleatoriamente da vida e da liberdade e do destino dos seus compatriotas. E é com orgulho que digo, comigo os Guineenses conquistaram a Liberdade individual e colectiva.
Este é um legado histórico, importante que deixo aos Guineenses e que peço que preservem e defendam e que seja o símbolo da nossa luta.
Por outro lado, os últimos cinco anos foram anos que nos permitiram compreender a natureza distinta da nossa identidade nacional e compreender os riscos acobertados pelo grupo de interesses que impendem sobre a nossa soberania. No intuito de defender os jovens Guineenses, usei a minha magistratura de influência para combater o flagelo da droga, recusei dar aval a exploração desenfreada dos recursos naturais porque pertencem a todos os guineenses e não apenas a uma minoria.
Os nossos recursos marinhos e a nossa vasta riqueza mineral, a bauxite, o ferro, o zircónio, a ilmenite, o amianto, as rochas potencialmente diamantíferas, as pedras preciosas, o petróleo dos nossos mares, os fosfatos de Farim, o molibdeno, o cobre, o zinco e o chumbo da região de Gabu são a razão da cobiça e da ganância que provocaram a instabilidade política no nosso país, induzida por uma comunidade interesses.
Irmãos Guineenses,
Temos como alternativa a agricultura, o turismo e a pesca artesanal, que podem dar de comer a todos os guineenses e criar emprego para os nossos jovens e deverá ser o motor de crescimento para nossa economia.
Assim, os nossos recursos marinhos e a nossa riqueza mineral permaneceriam como a reserva económica e estratégica para gerações futura e evitaria a cobiça e a ganância que podem provocar a instabilidade política no nosso país patrocinado por uma comunidade de interesses.

2 REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU
O Presidente da República, é defensor do interesse nacional e da soberania, tornou-se num alvo a abater para abrir caminho à exploração e ao aprofundamento das desigualdades. Por isso, durante três anos, a comunidade de interesses impediu a continuidade de governos que eram maioritários no Parlamento, desprezou a nossa Constituição, impôs a violação das nossas Leis, desprezou a relevância do encerramento abusivo do Parlamento, o sequestro dos mandatos dos deputados e os apelos a golpes de estado.
Por isso, num atentado à nossa soberania, a CEDEAO foi ludibriada a fim de ditar limitações ilegais ao mandato do Chefe de Estado, apesar da Lei Eleitoral da Guiné-Bissau ser clara e inequívoca ao estabelecer que o mandato termina com a realização de eleições, que se devem realizar entre os dias 23 de Outubro e 25 de Novembro do ano em que termina o mandato presidencial (vide Arto 3o no2 e Arto 178o da Lei no10/2013 de 25 de Setembro). Por isso, a comunidade de interesses, em violação da Carta das Nações Unidas, opôs-se e impediu ao cumprimento do ditame Constitucional que obriga à demissão do governo minoritário quando a dinâmica Constitucional dá lugar à formação de uma nova maioria, celebrado um mês antes destas eleições. Face a todas estas ameaças, eu, soube sempre colocar acima de tudo e à frente de tudo o interesse nacional, as leis da República e a dignidade dos Guineenses. Foi isso o que me custou a reeleição como Presidente da República.
Porém, no superior interesse da Guiné-Bissau, honrando o sangue dos que tombaram pela nossa Sagrada Independência, eu voltaria a fazer o mesmo, da mesma forma e pelas mesmas razões de superior interesse nacional e da dignidade do meu povo.
Povo da Guiné-Bissau, jovens que não viveram a Luta pela conquista da Soberania e da Independência, eis o legado que eu vos deixo: em qualquer circunstância, a todo o momento e a qualquer preço, defendam sempre o que nós temos de mais valioso, que é a nossa identidade e a nossa soberania, a memória

3 REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU
honrosa dos nossos heróis e mártires, o respeito pela nossa Pátria, a nossa dignidade e a nossa Independência, porque sem soberania e dignidade um povo não tem nada.
Guineenses, durante os últimos cinco anos tiveram um Chefe de Estado que pugnou e lutou pela igualdade entre os guineenses, sem cidadãos de primeira e cidadãos de segunda, sem cidadão do interior ou da cidade, porque somos todos Guineenses e irmãos. É importante que não deixeis perder este legado e que doravante vos assegureis de que apenas sereis governados por cidadãos que vos tratem a todos de forma igual, promovendo o princípio da Igualdade.
Ao exigir que o dinheiro do Estado fique nos cofres do Estado eu tive de lutar contra os interesses instalados e enraizados na nossa sociedade. Peço aos jovens deste nosso país que assumam este combate contra a corrupção e que sejam os herdeiros desta bandeira de luta pela justiça que eu deixo nas vossas mãos. A Guiné-Bissau tem de ser de todos e para todos, e os recursos públicos não podem pertencer a uma minoria que se aproveita deles em prejuízo da grande maioria.
Às Forças de Defesa e Segurança o meu agradecimento pelo comportamento republicano e pela forma digna como trabalharam sob o comando do Comandante Supremo na defesa da Pátria e da Soberania. A acalmia, o sossego, a liberdade, a paz social e a tranquilidade interna conquistados nos últimos cinco anos são um legado comum das Forças de Defesa e Segurança e do Chefe de Estado. Peço-lhes que este passe a ser, doravante, o timbre do comportamento e da postura das nossas Forças Armadas que tem por missão Constitucional assegurar a tranquilidade dos Guineenses.
Apesar das vicissitudes do processo eleitoral, apesar de elevado número de cidadãos impedidos de votar, por não constarem nos cadernos eleitorais que foram publicitados 10 dias após o prazo legal estabelecido, apesar de terem aparecido urnas com votos

4 REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU
previamente preenchidos, apesar dos locais de funcionamento das assembleias de voto terem sido publicitados 30 dias após o prazo legal estabelecido, eu continuo fiel aos ideais da paz, da democracia e liberdade que sempre me nortearam e aceitarei quaisquer resultado que sejam publicados pelo órgão de gestão eleitoral, Comissão Nacional das Eleições (CNE).
O Presidente da CNE e a sua equipa na posse de todos os dados, sabem perfeitamente quem realmente deveria estar nesta disputa na segunda volta.
Quero felicitar a todos os candidatos que se apresentaram nesta disputa eleitoral, bem como encorajar e desejar boa sorte aos dois candidatos mais votados para a segunda volta das eleições presidenciais.
O poder é do povo, e este entendeu que chegou a hora de colocar nesta cadeira um outro cidadão que conduzirá os destinos do país nos próximos cinco anos. Eu vou continuar a servir o meu país e ao meu povo no sector privado de onde tinha saído.
Irmãos Guineenses,
Ao transferir a faixa presidencial ao meu sucessor, facto inédito na Guiné-Bissau ao fim de 46 anos, farei com orgulho, pois será um marco na democracia da Guiné-Bissau, e eu, sairei de cabeça erguida, com a missão cumprida e caminharei pelas ruas desta nossa terra com a consciência tranquila, em paz, porque não matei, não roubei, não menti, não torturei, não violei direitos e cumpri o meu dever enquanto Presidente da República, lutando pelos ideais de Liberdade, Soberania, Igualdade, Justiça e humanismo, nos quais acredito.
Uma chamada de atenção do Presidente da República à Comunidade Internacional, apesar das irregularidades, aceito o resultado afim de contribuir para a pacificação da sociedade.

5 REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU
Também queria chamar atenção a comunidade internacional pelos princípios que conseguimos lutar e erradicar que foi sentimento do ódio, da vingança, do rancor, da perseguição, da prisão arbitrária, da retaliação e ajuste de contas, nunca mais deverá ter lugar no nosso país e contamos com o acompanhamento directo e responsável da comunidade internacional e em especial os nossos irmãos da sub-região porque conseguimos conquistar algo inédito para o nosso país e para o nosso povo. Os Guineenses podem continuar a contar comigo, e estarei sempre na linha frente em defesa de tudo quanto nos conquistamos.
Estou convicto de que, com a determinação e coragem que sempre caracterizaram o povo Guineense, nunca mais ninguém volta a parar o nosso país.

Viva a República da Guiné-Bissau!
Que Deus abençoe a Guiné-Bissau e ao seu Povo!
POR: BRAIMA DARAME

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