sexta-feira, 8 de novembro de 2019

JOMAV disse que evitou a guerra e não participa na cimeira da CEDEAO sobre crise política no país

José Mário Vaz disse ter evitado guerra entre guineensesNum comício popular em Nhacra, na âmbito da campanha eleitoral, em que busca a sua reeleição no cargo no próximo dia 24, José Mário Vaz afirmou ter percebido que há uma divisão entre os militares, a polícia e a Guarda Nacional, que poderia levar a um conflito armado no país.

O também chefe de Estado notou que se apercebeu desta divisão nas duas reuniões que realizou no âmbito do Conselho Superior de Defesa do país, em que instou as Forças Armadas a cumprirem a sua ordem de despejo dos membros do Governo do primeiro-ministro, Aristides Gomes, que demitiu por decreto presidencial.

José Mário Vaz disse ter sentido que os militares estavam de um lado, e do outro estavam a polícia e a Guarda Nacional, em relação à sua decisão, mas sem que se perceba qual a força que estava do seu lado.

"Quando há esta divisão, o que é que as pessoas querem?", perguntou o recandidato, recebendo como resposta da assistência: "Guerra".

O político guineense afirmou que no primeiro dia da reunião do Conselho Superior de Defesa, na segunda-feira, "algumas pessoas disseram que não vão executar a ordem" de desalojar o Governo de Aristides Gomes, para permitir a instalação do executivo de Faustino Imbali.

Já no segundo dia da reunião, na terça-feira, ficou acordado que cada uma das forças "iria assumir com as suas responsabilidades", indicou José Mário Vaz, para sublinhar que a sua ordem não foi cumprida.

"Falamos até quase à 01:00, chegamos a um acordo em como todos iriam assumir as suas responsabilidades. Já ontem [quarta-feira], tudo o que conversamos já não valia nada", declarou Mário Vaz.

O dirigente guineense avisou os jovens que o país está ameaçado, mas que enquanto for Presidente não vai aceitar que haja derramamento de sangue na Guiné-Bissau, como "querem uma meia dúzia de pessoas, por causa do poder".

"Não vou permitir que haja um conflito armado entre os militares e os irmãos da polícia", defendeu José Mário Vaz, sublinhando que estar no poder não pode justificar uma guerra entre os guineenses.

Sobre a cimeira extraordinária de líderes da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), que decorre sexta-feira no Níger, justamente para abordar a crise política na Guiné-Bissau, José Mário Vaz disse que preferiu concentrar-se na sua campanha eleitoral.

A Guiné-Bissau vive um momento de grande tensão política, tendo o país neste momento dois governos e dois primeiros-ministros: Aristides Gomes e Faustino Imbali.

A União Africana, a União Europeia, a CEDEAO, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e as Nações Unidas já condenaram a decisão do Presidente de demitir o Governo liderado por Aristides Gomes e disseram que apenas reconhecem o executivo saído das eleições legislativas de 10 de Março, que continua em funções.

A reuniao de CEDEAO, nesta sexta-feira em cimeira para discutir a situação na Guiné-Bissau, deu na quarta-feira 48 horas aos ministros do Governo de Faustino Imbali para apresentarem a demissão, sob pena de lhes serem impostas "sanções pesadas".

Na segunda-feira, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas ameaçou com novas sanções a todos aqueles que "minem a estabilidade" da Guiné-Bissau.

A cimeira extraordinária da CEDEAO, que se realiza na sexta-feira, em Niamey, no Níger, foi convocada na sequência da demissão do Governo liderado por Aristides Gomes, saído das eleições legislativas de 10 de Março, pelo Presidente guineense, José Mário Vaz, a menos de um mês da realização de eleições presidenciais, marcadas para 24 de Novembro.

À procura de um segundo mandato, em plena campanha eleitoral, na vila de Nhacra, região de Oio, norte da Guiné-Bissau, o chefe de Estado cessante anunciou esta quinta-feira (06.11) que não vai participar na cimeira: "Eu devia estar a esta hora em Niamey, capital do Níger, para assistir à conferência dos chefes de Estado da CEDEAO. Mas não fui, por estar em campanha eleitoral e porque sei também o que me espera em Niamey”.

Jomav revelou ainda que as forças de defesa e segurança e os militares se recusaram a acatar a sua ordem de retirar do poder o Governo do primeiro-ministro Aristides Gomes. Os dois decretos de exoneração e de nomeação do novo Executivo foram considerados ilegais pela comunidade internacional.

Segundo o Presidente cessante, após duas reuniões com o Conselho Superior de Defesa Nacional - a instância máxima que decide sobre a questão de segurança do país - a sua ordem caiu por terra. "No primeiro dia, alguns recusaram executar a ordem que dei. Voltei a reunir o órgão pela segunda vez com todos, o Governo, Forças Armadas, forças de segurança, Guarda Nacional e Polícia da Ordem Pública. Reunimos até por volta da 1h00 da manhã e chegamos a acordo de que cada um faria o seu trabalho. Mas tudo o que conversámos não serviu para nada. Militares de um lado, forças de segurança de um outro lado", explicou.

O chefe de Estado, cujo mandato terminou em julho passado, disse que deixou cair por terra a sua decisão para evitar derramar sangue por uma questão de poder. Por várias vezes, José Mário Vaz afirmou que o país está ameaçado.

Sanções no horizonte?

O Governo guineense, liderado por Aristides Gomes, será representado nesta cimeira pela chefe da diplomacia, Suzi Barbosa, que já se encontra no Níger. Para o analista político Rui Landim, o encontro deve assumir uma posição firme contra o ainda Presidente guineense, e nomeadamente aplicar-lhe pesadas sanções.

Esta quinta-feira, o ministro dos Recursos Naturais do Governo liderado por Faustino Imbali, nomeado pelo Presidente cessante e contestado pela comunidade internacional, apresentou a sua demissão à CEDEAO, para evitar sanções e cumprindo o ultimato da organização sub-regional.

Em nome das organizações juvenis do país, Aissatu Forbs, presidente do Conselho Nacional da Juventude, pede a José Mário Vaz a revogação dos decretos e que se concentre na campanha eleitoral: "Achamos que o momento não é propício para demitir e nomear um novo Governo. Achamos que o Presidente deve cumprir os compromissos assinados com a CEDEAO anteriormente e respeitar a vontade do povo expressa nas urnas nas últimas eleições legislativas, para que este Governo possa organizar as presidenciais na data marcada e num clima de estabilidade".

Após o ultimato da CEDEAO, que deu 48 horas ao Governo de Faustino Imbali para se demitir, o país viveu um dia relativamente mais calmo, com as instituições do Estado a funcionar normalmente. O povo continua apreensivo quanto ao futuro imediato e aguarda-se com expetativa os resultados da cimeira extraordinária da CEDEAO.
Rispito.com/DW, 07/11/2019

3 comentários:

  1. Mentira! O Sr queria mais e' derrame de sangue ! Vamos Julga- lo nas urnas sr. cobarde do diabo!

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  2. Jomav fez bem porque existe pessoas que não podem viver sem este conflito.
    Obrigado pela escolha de Paz.

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  3. O dialgo é mais importante entre os Guineenses vamos unir junto para o bem de Guine Biseau.nunca é tarde.

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