Governo quer desalojar sede nacional do PAIGC
Nabiam, PrimeiroMinistro da GuinéBissau, deu orientações
ao Ministro do Interior,
Botche Candé para
desalojar o PAIGC da
sua sede nacional, no
centro de Bissau, no
mais rápido prazo Botche Candé reuniu já
com Mussa Nambatcha,
comandante da PIR, para
dar início ao processo de
operacionalização do
despejo da sede
partidária até ao final do
mês de Agosto.
De acordo com fontes
ligadas ao Ministério do
Interior da Guiné-Bissau, a justicação
oficial para o despejo
serão “razões de
segurança”, uma vez que
o PAIGC tem o seu
edifício sede localizado
no edifício ao lado do
Palácio da Presidência
da República, ocupado
actualmente por Umaro
Sissoko Embaló. No
entanto, na base da
acção estará uma
tentativa do Primeiro
Ministro para
incapacitar o partido
mais votado nas últimas
legislativas de reassumir
importância no xadrez
político guineense.
De acordo com várias
fontes contactadas, esta
estratégia de força de
Nabiam pretende acção entre Primatura e
Presidência da
República, numa altura
em que o dossier de uma
eventual remodelação
governamental voltou a
estar em cima da mesa.
Umaro Sissoko Embaló
(USE), eleito como
Presidente da República
da Guiné-Bissau no
início de 2020 iniciou o
seu mandato oferecendo
a esperança de uma
nova era neste instável
país africano. Apesar da
longa batalha judicial
com o Domingos Simões
Pereira, o candidato
derrotado, USE, como é
conhecido o actual
Presidente, viu a sua
vitória reconhecida pela
CEDEAO e logo depois
da tomada de posse
impôs a nomeação de
um novo Governo, com o
objectivo de cortar em
definitivo com um
passado recente do país
ligado ao tráco de
droga, golpes de estado
e assassinatos políticos.
Porém, nas últimas
semanas, USE tem como o Governo tem
conduzido a gestão do
país, sobretudo na área
da Justiça. A e-Global
sabe que USE tem
questionado o Primeiro
Ministro sobre as
investigações a vários
casos que têm sido
reportados de
perseguições a políticos
e jornalistas, sem que
tenham sido
apresentadas quaisquer
justicações para a
inoperância policial.
Na base da degradação
das relações estarão três
casos. Em primeiro lugar,
o rapto e espancamento
do deputado Marciano
Indi, a 21 de Maio
último. Indi, líder da
bancada parlamentar do
APU-PDGB, o mesmo do
Primeiro-Ministro do
qual é ele próprio crítico,
terá sido raptado por
uma equipa de
elementos com o
fardamento da PIR,
espancado e conduzido
às celas no Ministério do
Interior, por alegadas
críticas ao Governo e ao
Presidente da República nas redes sociais
responsabilizando vários
elementos,
alegadamente membros
das forças de segurança,
nenhuma detenção foi
feita.
A 20 de Junho, Armando
Correia Dias, membro
do comité central do
PAIGC foi detido por
elementos da PIR
quando circulava em
Bissau. A detenção
ocorreu na véspera da
aprovação do Programa
de Governo e quando
esta era tão incerta que
cinco ministros do
Executivo tiveram de ser
exonerados para
reocuparem as suas
funções na Assembleia e
votarem favoravelmente
a continuidade de Nuno
Nabiam. Armando Dias,
que ficou detido durante
três dias, estaria a tentar
reverter o
posicionamento de
alguns deputados do
PAIGC que em cisão com
o seu partido acabaram
por votar
favoravelmente o
documento.
Já a 26 de Julho, seis elementos com fardamento da Guarda
Nacional invadiram
durante a noite o edifício
da Rádio Capital FM em
Bissau, tendo
vandalizado o
equipamento e cortado
o transmissor,
impossibilitando a
continuidade das
emissões. A Rádio
Capital, é considerada
como uma das mais
críticas do actual
Governo. Apesar das
investigações em curso,
e dos vários nomes que
circulam em Bissau
apontando a autoria do
crime a elementos das
forças de segurança ou
mesmo a elementos do
corpo de segurança
presidencial, até ao
momento nenhuma
detenção foi feita.
A rápida sucessão destes
casos de ataques à
liberdade de expressão e
ao direito à opinião
levaram a que USE, nos
corredores da
Presidência, tenha por
várias vezes criticado a
incapacidade do
Ministério do Interior e investigações. USE terá
mesmo acusado o
Executivo de
“impreparação”
USE receia que a
sucessão e continuação
destes casos possa vir a
causar danos
irreparáveis não só na
sua imagem junto dos
parceiros internacionais,
mas também pôr em
causa todo o trabalho ao
nível das relações
exteriores que tem
vindo a ser efectuado
pela Presidência da
República. Mais do que
outra coisa, USE teme
que estas acções de
ataques à liberdade de
expressão de opinião
possam vir a colocar em
causa fundos de apoio já
negociados no âmbito
bilateral, numa altura em
que a Guiné-Bissau se
debate também com a
crise sanitária da Covid19.
É neste contexto que
nos últimos dias USE
terá já dado sinais ao
PAIGC de que quer
contar com este partido.
Domingos Simões
Pereira, o presidente do
partido, para avaliar a
possibilidade de fazerem
parte do governo em
caso de uma eventual
remodelação
governamental, por si
provocada. O Presidente
pretenderá um Governo
o mais abrangente
possível em termos de
formações partidárias,
para diluir a inuência
de cada um dos partidos
na governação do país.
No entanto, a e-Global
sabe que Nabiam não
está favorável a uma
remodelação
comandada pelo
Presidente,
pretendendo usar o
despejo da sede do
PAIGC como sinal claro
de que não só mantém o
apoio das forças policiais
e militares como
também recusa a
entrada deste partido no
Governo.
Caso o Presidente da
República e o PAIGC
cheguem a um acordo de
governo definitivo para de futuro, o lugar de Primeiro Ministro poderá estar
em aberto. USE já terá o
acordo do PRS e do
MADEM G-15, os outros
partidos que sustentam
o actual Governo, para
avançar com a
remodelação, e
pretenderá fechar o
dossier até ao final das
próximas semanas.
Rispito.com/e-Global, 06/08/2020
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