quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Boicote mata 9 pacientes no Simão Mendes

Oito Directores de Serviço, em carta conjunta que entregaram ao Director do Hospital Nacional Simão Mendes (HNSM), Silvano Coelho, apresentaram o pedido de demissão dos seus cargos. Em causa, está a "Invasão" dos seus gabinetes por técnicos militares NOT durante o boicote dos trabalhadores, iniciado a 20 de Setembro e ainda sem data de término. 

O Governo qualificou a decisão dos técnicos de saúde como um "acto polítizado e criminoso", e pretende responsabilizar os autores da paralisação. O porta-voz do Governo, Fernando Vaz, disse esta terça-feira 21 de Setembro que o boicote em curso é "um acto selvagem" e atenta contra todo o trabalho que está ser feito pelo executivo. Considera também que pretende confrontar os trabalhadores, porque a figura requerida de "boicote", não consta nos instrumentos de luta dos sindicatos, já que não garante o serviço mínimo. 

Consequentemente, é equacionada a possibilidade de manter pelo tempo necessário a requisição civil e até a contratação de médicos estrangeiros. 

O Director do HNSM confirmou que os médicos militares estão a operar no Hospital Simão Mendes, para RIS atender os casos urgentes tais como acidentes e partos. O sector de saúde da Guiné-Bissau está a viver um dos seus plores momentos. 

Depois de uma greve de 9 meses, lançada pela UNTG e à qual aderiram todos os sindicatos da saúde, os funcionários do Hospital Nacional Simão Mendes radicalizaram o modelo de luta e entraram agora no chamado "boicote dos trabalhos". O "boicote" teve de imediato efeitos mais desastrosos, comparados com a greve, e apenas nas primeiras horas do seu cumprimento, a 20 de Setembro, faleceram 9 pessoas. 
Tendo em conta a determinação dos técnicos de não trabalharem em função do não respeito dos pontos constantes no Caderno Reivindicativo da UNTG, os familiares dos pacientes começaram a os retirar do hospital Nacional, permanecendo apenas o Hospital Militar como o único que acolhe pacientes. 

Na manhã do mesmo dia, o Governo promoveu negociações com os representantes doS funcionários em boicote, mas após várias horas não conseguiram chegar a um consenso, sendo que, alguns dos memnbros do Governo presentes na reunião, tal como o Secretário de Estado do Tesouro decidiu abandonar por estar "irritado" com a forma como os representantes dos trabalhadores estavam a abordar a matéria. 

Momentos depois da saída do Secretário de Estado do Tesouro, o ministro de Saúde e o vice-Primeiro-ministro também abandonaram encontro, sem chegarem algum consenso. Na noite do mesmo dia, numa operação que envolveu o Primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabian, o Governo decidiu, como medida de urgência, colocar técnicos de saúde militares Nabian, o Governo decidiu, como medida de urgência, colocar técnicos de saúde militares no Hospital Simão Mendes, permitindo assim um funcionamento parcial dos serviços 

O Governo autorizou a abertura de alguns gabinetes dos Diretores de Serviços assim como o controlo de todo o perímetro do Hospital. Esta decisão tornou-se no motivo que bloqueou as negociações em curso, tendo os funcionários e responsáveis dos serviços do Hospital Nacional Simão Mendes qualificado como "comportamentos inadmissíveis". Como reação à decisão do Governo, os diretores de serviço reuniram e apresentaram uma carta de demissão. 

No documento coletivo, os oito Diretores de Serviços alegam que, mesmo em greve, jamais deixaram de fazer os seus trabalhos enquanto responsáveis, pelo que não compreenderam a razão de o Governo autorizar a "invasão" dos seus gabinetes. 

De acordo com E-Global, o Governo durante esta terça-feira, 21 de Setembro, estava a analisar a possibilidade de contratar médicos cubanos. Tanto o Ministério das Finanças como da Saúde aplaudem essa possibilidade faltando apenas o aval do Chefe do Executivo e do Presidente da República, o qual está ausente do país desde 20 de Setembro, em virtude da sua participação na Assembleia Geral das Nações Unidas
Fonte: e-Global

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