terça-feira, 26 de outubro de 2021

Governo anuncia requisição civil para hospitais

Na sequência dos recentes protestos de rua dos médicos, enfermeiros e técnicos de saúde, o Conselho de Ministros guineense tomou a decisão inédita de recorrer à requisição civil para manter os hospitais em funcionamento.
Após mais um boicote dos profissionais do setor da saúde, que deixaram de trabalhar para protestar nas ruas e realizar vigílias para exigir a libertação de dois dirigentes sindicais, detidos desde a passada sexta-feira (22.10), o Governo guineense decidiu avançar esta segunda-feira (25.10) com a requisição civil para os serviços essenciais de saúde até ao próximo dia 31 de dezembro.

A decisão foi tomada após um Conselho de Ministros extraordinário para analisar a situação do setor da saúde e encontrar "soluções alternativas para o atendimento das necessidades sanitárias da população", anunciou em comunicado.

O Governo guineense também vai requisitar "médicos e técnicos de saúde nacionais em idade de reforma" e "médicos adstritos à Brigada Médica Cubana sem serviço no país e expatriados cubanos".

Apelos aos parceiros de cooperação
Outra das medidas decididas pelo executivo guineense é envolver os "parceiros de cooperação em matéria de saúde para a superação de barreiras impostas pelo boicote dos técnicos de saúde", além de "acelerar o processo de vacinação contra a Covid-19 em todo o território nacional".

No mesmo comunicado, o Governo diz-se disposto a prosseguir o "diálogo e a concertação com os sindicatos assentes no realismo e na defesa dos superiores interesses das populações".
"Os hospitais, daquilo que soube, não estão a funcionar a 100% com esta situação de boicote ao sistema, mas quero dizer que o Governo tem conhecimento de todas essas dificuldades", afirmou hoje o ministro da Saúde da Guiné-Bissau, Dionísio Cumba.

Profissionais da área da saúde protestaram esta tarde em frente à sede das organizações internacionais em Bissau para pedir a ajuda dos parceiros para resolver a tensão social que se vive no país.

Libertação de sindicalistas detidos
Yoio João Correia, presidente do Sindicato Nacional dos Enfermeiros, Técnicos de Saúde e Afins (SINETSA) e o seu vice, João Domingos da Silva, foram detidos na sexta-feira (22.10), em Bissau, acusados do "crime de omissão de auxílio" pelo Ministério Público.

Na sequência da detenção dos dois sindicalistas, os técnicos de saúde iniciaram no sábado (23.10) mais um boicote em território nacional.

A Liga Guineense dos Direitos Humanos exigiu hoje a "libertação imediata" dos sindicalistas, considerando que se trata de uma tentativa restringir a liberdade sindical do país.

A organização não-governamental responsabilizou também o Governo pela "perda de vidas humanas decorrentes das paralisações sistemáticas do sistema de saúde" e exigiu diálogo entre as autoridades governamentais e as organizações sindicais.

A Liga Guineense dos Direitos Humanos exorta igualmente as organizações sindicais a "adequarem as suas lutas laborais aos ditames da lei da liberdade da greve e da liberdade sindical, evitando assim paralisações sem observância dos serviços mínimos". 
Rispito.com/DW, 26/10/2021

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