terça-feira, 19 de abril de 2022

Guineenses na diáspora descontentes com situação política da Guiné-Bissau

Guineenses na diáspora estão, de um modo geral, descontentes com a situação política na Guiné-Bissau, agravadas depois da alegada tentativa de golpe de Estado. Acusam Umaro Sissoco Embaló de desmandos e violações à lei.

Entre o silêncio de alguns e o desconforto da maioria, os guineenses na diáspora estão, de um modo geral, descontentes com a situação política na Guiné-Bissau, agravadas depois da alegada tentativa de golpe de Estado no início de fevereiro.

Sidónio Gomes está em Portugal desde 1985 e continua a seguir as notícias da Guiné-Bissau. É um dos cidadãos guineenses descontentes com a situação política no seu país natal. Acusa o Presidente Umaro Sissoco Embaló de autoritarismo e de cometer ilegalidades.

"Como é que eu posso estar de acordo com ilegalidade? Todas as ilegalidades ninguém quer. Na minha ótica, para construir um país, não é só uma pessoa”, diz.

Este guineense, ouvido pela DW nas ruas de Lisboa, afirma, por outro lado, que, nos últimos anos, os dirigentes da Guiné-Bissau abandonaram todos os princípios de unidade e de desenvolvimento defendidos por Amílcar Cabral, pai da independência nacional. 

"Na minha ótica, a teoria de Cabral morreu. Ninguém cumpriu. Como se desviaram dos princípios de Amílcar Cabral, estagnaram tudo”, lamenta. 

Carta aberta
A Associação Amílcar Cabral escreveu há poucos dias uma carta aberta onde expressa preocupação sobre a situação política do país depois do ataque ao Palácio do Governo, a 1 de fevereiro, qualificado como tentativa de golpe de Estado. Apela ainda ao Presidente da República e ao Executivo para respeitarem os "direitos do povo guineense", conquistados após a "longa luta pela independência". 

É um pedido que João Conduto subscreve.

"Tem havido da parte da diáspora muita reação face à situação que se vive no país. Nós temos um país que neste momento está completamente capturado por interesses obscuros”, acusa.

Este quadro guineense diz que o país enfraqueceu e ficou mais pobre, porque "certos interesses conseguiram capturar uma certa massa crítica, mas também, as Forças Armadas e uma boa parte dos políticos”.

"Eu estou absolutamente convencido que muitas pessoas que estão neste momento ao serviço dessa mão invisível não têm noção do quanto estão a prejudicar o seu próprio país. No dia em que tiverem noção [disso] vão ser os primeiros a revoltarem-se contra isso”, complementa.

Regressão nos direitos fundamentais
Igualmente preocupado, Mariano Quadé fala do sentimento de frustração dos guineenses face à forma como tem sido gerido o país, onde estão a regredir os direitos fundamentais. Dá o exemplo de limitações impostas a algumas figuras políticas, impedidas de se deslocarem livremente ao exterior. 

"Por outro lado, também tem havido no país notícias de ataques aos órgãos de comunicação social. Existem várias situações de violência física contra cidadãos e dirigentes partidários. Tudo isso transmite um clima de preocupação profunda”, frisa. 

Quadé sustenta que é premente uma mudança de paradigma, levando as autoridades no poder a compreenderem que "um país é feito de várias opiniões e de várias instituições que precisam de ter voz e expressão”. 

"E o desenvolvimento só pode ser alcançado através de um diálogo entre as instituições, entre as comunidades existentes no país com sensibilidades diferentes, procurando defender o interesse nacional e o interesse comum”.
Rispito.com/DW, 19/04/2022

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