Greve paralisa transportes públicos na Guiné-Bissau - Federação
A Federação das Associações de Motoristas e Transportadores Públicos da Guiné-Bissau iniciou hoje uma greve geral de cinco dias, que, segundo o presidente da organização, Caram Cassamá, paralisou os transportes “em todo o país”.
A Lusa constatou que, em Bissau, alguns táxis e ‘toca-tocas’ (transportes interurbanos) estavam a circular nas primeiras horas, Caram Cassamá explicou que se trata de veículos disponibilizados pela federação para “dar socorro às pessoas vulneráveis”.
“Por exemplo, uma pessoa doente, uma pessoa idosa que esteja na berma da estrada ou a andar a pé porque não há transporte pode ser ajudado por esses táxis”, referiu o líder dos motoristas e proprietários de transportes públicos guineenses.
Caram Cassamá notou ainda que alguns táxis e ‘toca-tocas’ em circulação serão veículos cujos proprietários são funcionários públicos que “decidiram furar a greve”.
O responsável disse que “quase 100%” dos transportes públicos de passageiros “estão parados” e ainda reforçou que a paralisação “é mais notada a nível do interior” da Guiné-Bissau.
“As ‘candongas’ estão paradas. Ninguém leva ou traz passageiros para Bissau”, observou, referindo-se aos transportes que fazem ligações entre o interior e a capital guineense.
A greve, que deve decorrer até sexta-feira, é a resposta da Federação dos Motoristas e Transportadores Públicos ao “incumprimento do memorando de entendimento” rubricado com o Governo, disse à Lusa Caram Cassamá.
Em 2021, após ondas de greves dos transportadores públicos, as duas partes rubricaram um memorando ao abrigo do qual o Governo se comprometeu a acabar com as cobranças do Fundo Rodoviário (imposto de circulação) até que as estradas sejam reparadas, que a Polícia de Trânsito suspenda a cobrança de coimas na via pública, que os pagamentos sejam feitos num guichet e ainda que sejam reduzidas as operações de controlo.
Na mesma carta, Cassamá avisa que se o Governo não cumprir o memorando de entendimento, a greve poderá continuar "em ondas sucessivas".
Nos últimos dias, alguns transportadores públicos pararam os veículos em sinal de protesto contra uma gigantesca operação stop promovida pelos serviços de Viação e Transportes Terrestres, Alfândegas e Guarda Nacional para exigir um conjunto de documentação aos motoristas e aos carros.
Os transportadores que paralisaram as atividades acusaram as autoridades de lhes causar prejuízos com uma operação realizada em plena época das chuvas.
O diretor geral da Viação e Transportes Terrestres (DGVTT), André Deuna, refutou as críticas dos transportadores e salientou que tudo está a ser feito dentro da lei.
Uma fonte da DGVTT disse à Lusa que “não se compreende a greve” hoje decretada, uma vez que as duas partes acordaram, numa reunião realizada no domingo, que o movimento seria suspenso.
De acordo com a fonte, as duas partes rubricaram um acordo de entendimento.
Questionado pela Lusa, Caram Cassamá desmentiu a assinatura “de qualquer acordo” com o Governo, mas admitiu ter existido uma reunião no domingo da qual, disse, a Federação aguarda “cumprimento de promessas feitas”.
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