sábado, 13 de agosto de 2022

 

Veteranos da guerra de independência guineense manifestam-se frente ao palácio da presidência

Um grupo de cerca de 100 veteranos da guerra pela independência da Guiné-Bissau manifestou-se  diante do palácio da presidência, em Bissau, para demonstrar “indignação e revolta” pela forma como têm sido tratados pelo Governo.

Lourenço Cassamá, porta-voz do grupo, que empunhava dísticos com frases como “Chega de maus-tratos aos combatentes da liberdade da Pátria” ou “desbloqueiam as nossas pensões”, explicou que a manifestação “é na sequência do facto de o Governo se mostrar surdo” perante as reivindicações da classe.

“O objetivo da nossa manifestação aqui é para exigir o cumprimento dos nossos direitos que não estão a ser respeitados, direitos consagrados na Constituição da República e demais leis da República da Guiné-Bissau. Os combatentes estão a morrer todos os dias sem dignidade”, observou Lourenço Cassamá.

É a primeira vez que uma manifestação de cidadãos guineenses acontece a escassos metros do palácio da presidência desde que Umaro Sissoco Embaló é Presidente da Guiné-Bissau.

A manifestação, que esteve sempre vigiada de perto por soldados da Guarda Presidencial, durou cerca de uma hora com os presentes a entoarem cânticos com críticas aos representantes do Estado guineense, nomeadamente o Governo, que acusam, entre outros, de “insensível à situação dos combatentes da liberdade da pátria”.

A manifestação diante do palácio ocorreu numa altura em que o chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló, estava a deixar o país para assistir às festividades da independência nacional do Chade, de acordo com uma nota publicada em Bissau.

Lourenço Cassamá afirmou que a manifestação, com alguns veteranos sentados em cadeiras de plástico, visa exigir das autoridades o aumento do valor da pensão de sobrevivência, o desbloqueamento desta remuneração para os beneficiários que já o recebem e um tratamento condigno por parte dos órgãos do Estado.

O Governo guineense tem em curso um processo de recenseamento presencial de funcionários públicos e pensionistas do Estado e, de acordo com o ministro da Função Pública, Cirilo Djaló, todos os colaboradores estatais bem como pensionistas terão de fazer prova de vida, caso contrário o salário ou a pensão serão bloqueados.

“Exigimos o desbloqueamento de pensões de sobrevivência dos que já auferem esse direito do Estado, mas que, mesmo de pouco valor, foram bloqueados por ordem do Governo. Os nossos filhos e as viúvas dos nossos camaradas estão a morrer à fome”, defendeu Lourenço Cassamá.

O responsável avisou que os veteranos da luta armada pela independência da Guiné-Bissau se vão manifestar daqui para a frente até que as suas exigências sejam cumpridas pelo Estado. 
Rispito.com/A Semana com Lusa, 11/08/2022

Sem comentários:

Enviar um comentário

ATENÇÃO!
Considerando o respeito pala diversidade, e a liberdade individual de opinião, agradeço que os comentários sejam seguidores da ética deontológica de respeito. Em que todas as pronuncias expressas por escrita não sejam viciadas de insultos, de difamações,de injúrias ou de calunias.
Paute num comentário moderado e educado, sob pena de nao sair em público