terça-feira, 13 de setembro de 2022

GOVERNO GUINEENSE PODERA AFASTAR CERCA DE 3 MIL PROVESSORES E TECNICOS DE SAUDE

A recente decisão do congelar como admissões públicas de dois sectores que eram exceções, saúde e educação, poderá causar graves graves prejuízos nos utentes, mas também lançar para desemprego vários recém-formados nos setores já definidos.

A previsão das inscrições para o próximo ano aponta para uma descida drástica . O Ministério de Saúde já suspendeu o contrato de 1500 técnicos de saúde , entre enfermeiros e médicos . O Ministério de Educação prevê fazer o mesmo e admite que o número poderá ser superior .

Apenas num ano , cerca de 2 mil professores podem receber a guia de marcha para abandonarem o sector , por suposta falta de condições financeiras do Governo . Na saúde , como consequência imediata , mais de cinco dezenas de centros de saúde já encerraram . 

No sector de saúde , a formação é assegurada pelo Governo e privados . Para além da Escola Nacional de Saúde e Faculdade Raúl Diaz , organismo estatais , a formação no domínio da saúde é garantida pela Universidades Lusófona e Jean Piaget . 

A Universidade Lusófona forma técnicos de enfermagem superior e a Jean Piaget forma médicos . Existe ainda outra instituição de formação a nível nacional denominada Bâ Biagué , que , em parceria com uma Universidade brasileira , também garante a formação dos técnicos de saúde . 

No entanto , o risco é que os recém - formados podem ver vedada a sua admissão na função pública , uma vez que a decisão do governo , apesar de estar a gerar polémica , deverá impor - se e consolidar - se . A decisão do Governo começou já a causar um êxodo dos funcionários . 

Quando o ministro Dionísio Cumba exarou o despacho , que suspende os contratos , todos os técnicos abrangidos pelos mesmos abandonaram os seus postos . O ministro anulou todas as admissões do ano 2021 quando era o ministro António Deuna, os sindicatos reclamam, mas nada mudou

Segundo dados apurados pelo e - Global , anualmente o sector de educação através das quatro escolas estatais forma 1000 professores . Com a recente decisão do Executivo , todos os formados correm o rico de ficar sem colocação , independentemente das necessidades evidentes no sector educativo guineense , sobretudo no que concerne à classe docente no interior do país . Existem nessas localidades escolas que encerraram por falta de professores . 

Na educação , a situação vai agravar ainda com a possibilidade de saírem novamente perto de 900 formandos , uma vez que os três novos pólos criados pelo Governo , em Cacheu , Bafatá e Buba terão finalistas do ano 2021/2022 . A agravar a situação , as quatro escolas de formação estão neste momento a finalizar os exames de recurso , o que implica ter um número perto dos 976 que saíram das escolas de formação entre 2020/2021 . 

Na Guiné - Bissau , as sete escolas de formação de professores são exclusiva responsabilidade do Governo . Escola Superior de Educação ( ESE ) que engloba Tchico Té e Escola Nacional de Educação Física e Desportos para formar licenciados ; Escola 17 de Fevereiro , em Bissau e Amílcar Cabral em Bolama que forma professores em bacharel . 

Em 2019 , devido às necessidades e em virtude das reformas operadas no sector educativo , o Governo criara três pólos de escolas de formação na Guiné - Bissau em Cacheu ( quarta região do país mais populosa e que recebe estudantes do país ) , Bafatá ( segunda capital ) e Buba , uma zona

que recebe formandos de três regiões , Quinará , Bolama e Tombali . São estes três últimos que , conforme os dados apurados , podem produzir este ano juntas cerca de 900 professores . Estas escolas em Cacheu , Bafatá e Buba funcionam em regime de internato e são das mais concorridas neste momento no capítulo de formação , até porque , a organização das mesmas é eficiente e progressiva . 

Os responsáveis das escolas , que pediram anonimato , criticaram a decisão do Governo , uma vez que os seus formandos não vão ter colocação , num país onde há uma carência absoluta de docentes . Mais de 2000 professores Se os dados para escolas citadas ainda estão para chegar , as tradicionais têm números oficiais revelados por responsáveis das mesmas . 

Na ESSE , por exemplo , saíram na época 2020/2021 , cerca de 300 professores e consequentemente colocados . A escola que mais formou professores no mesmo período foi 17 de Fevereiro com 347 professores que receberam diplomas .

Na Escola de Educação Física e Desportos ( ENEFD ) , o número de formados foi de 120 , enquanto a Amílcar Cabral , em Bolama , especializada em formar Bacharéis , terá formado 209 professores entre 2020/2021 . " Foram 976 professores saídos e colocados no ano passado . Estamos nos exames e existe a possibilidade de nessas escolas saírem números idênticos . Significa que serão cerca de 1843 professores em dois anos . 

Quanto é que podem sair dos pólos ? Sejamos otimistas para avançarmos que cada polo pode produzir cerca de 150 professores . Ao todo serão , no mínimo , 450 professores . O que fazer com eles ? " , questionou um professor da escola de formação . 

O processo de admissão dos professores no ano passado na Função Pública começou com uma polémica , porque os sindicatos denunciaram que militantes dos partidos , não formados como docentes , estavam a ser colocados na Função Pública via Educação . 

Mas soube - se posteriormente que já estava prevista a redução dos efetivos , ou acabar , tal como aconteceu na saúde . Os sindicatos das escolas de formação de professores estão a recolher dados para confrontar o Governo com aquilo que qualificam de problema extremamente grave e que vai mexer profundamente com o sector do ensino.
Rispito.com/e-Global, 13-09-2022

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