Técnicos de Saúde guineenses denunciam que Governo mandou embora mais de mil profissionais
O coordenador do coletivo de novos técnicos admitidos em 2021 no Sistema da Saúde Pública da Guiné-Bissau, Déncio Fernandes, denunciou hoje que o Governo “mandou embora” mais de mil profissionais da Função Pública.
Em declarações à Lusa, Déncio Fernandes reagia ao despacho hoje publicado pelo ministro da Saúde guineense, Dionísio Cumba, que dá conta da anulação pelo Governo de todos os recrutamentos efetuados ao nível da saúde em 2021, por não respeitarem os critérios fixados na lei.
Entre os critérios que deveriam ser observados, Dionísio Cumba aponta para a necessidade de observância de existência de vaga, disponibilidade financeira para pagamento ao técnico e autorização do Ministério da Função Pública.
O despacho do ministro assinala que doravante a admissão do pessoal da saúde deve ser feito mediante a existência de vagas e através de concurso público.
Segundo o coordenador do coletivo de novos ingressos na Saúde Pública guineense, a medida afeta de forma direta mais de 1.200 técnicos.
Déncio Fernandes disse ter orientado os técnicos que até hoje ainda estavam a prestar assistência nos hospitais e centros de saúde de Bissau e do interior do país para que abandonassem os serviços e fossem para casa.
“Demos orientações a todos os técnicos a nível nacional para que abandonem o serviço. O Estado está a dizer que não somos úteis, afinal o despacho já tinha sido assinado quando ainda estávamos a trabalhar”, observou o responsável.
O coordenador de técnicos recém-admitidos na Saúde Pública guineense notou que só no Hospital Nacional Simão Mendes, maior centro hospitalar da Guiné-Bissau, a medida afeta cerca de um terço de todo o pessoal médico.
A medida engloba cerca de 240 técnicos entre médicos, enfermeiros, parteiras e outros elementos da assistência aos doentes, frisou Déncio Fernandes.
“Essa situação vai deixar uma lacuna enorme no Simão Mendes e pensamos que brevemente o Governo vai sentir o impacto”, defendeu o responsável, que não afasta a hipótese de greves e vigílias do pessoal médico, contando com os efetivos no sistema.
Déncio Fernandes disse que a estrutura que coordena manteve reuniões de concertação com dois sindicatos do setor da saúde com os quais afirmou vão lutar “até que o Governo reconsidere a sua posição”.
A Lusa contactou a direção do Hospital Simão Mendes, mas ainda não obteve uma resposta sobre o impacto que o abandono de serviço de 240 profissionais está a ter naquela unidade médica.
Numa mensagem divulgada na rede social Facebook, na sequência de uma reunião de urgência com diretores e enfermeiros de todos os serviços para “analisar e encontrar soluções internas”, a direção do hospital manifesta solidariedade com os colegas dispensados.
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