Chefes de Estado-Maior da CEDEAO travam a batalha errada
É com vista à concretização de uma das resoluções da 62ª sessão ordinária dos Chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, que se reuniram na capital guineense, Bissau, os Chefes de Estado Maior dos países da sub-região de 18 a 19 de dezembro de 2022 para refletir sobre a criação de uma força de intervenção contra o terrorismo e mudanças inconstitucionais na sub-região.
Se a iniciativa é bem-vinda dada a urgência e a necessidade de superar estes dois fenómenos que aniquilam todos os esforços de desenvolvimento, também não deixa de suscitar muitas questões. Incluindo a relativa à ausência de países considerados hoje como epicentro da luta contra o terrorismo, nomeadamente o Mali e o Burkina Faso.
A estes dois países acresce a Guiné Conakry, que é uma das campeãs do golpe, também excluída de todos os órgãos da CEDEAO. De fato, todos esses países têm o denominador comum de serem liderados por soldados, que chegaram ao poder após um golpe de estado, quebrando assim a proibição com a democracia.
Hoje, são muitos os críticos da organização sub-regional que afirmam com convicção que os chefes de estado da CEDEAO estão muito mais preocupados com a preservação das suas capelas do que com o bem-estar das populações, elas que pagam o alto preço nesta situação de insegurança.
Mali e Burkina Faso são os dois países mais atingidos pelo terrorismo, pelo que devem estar no centro de todos os planos e estratégias implementadas para combater este flagelo.
Convidá-los para fóruns específicos como o do Estado-Maior não seria nem uma legitimação de seus poderes, nem uma garantia para o golpe de estado, muito menos um tapete vermelho sendo estendido para eles, mas sim uma preocupação com a eficiência, inclusão e cooperação com os Estados considerados epicentro da luta contra o terrorismo.
Que os Chefes de Estado da CEDEAO não se enganem, sem uma sinergia de ações, qualquer tentativa de lutar contra a hidra terrorista estará fadada ao fracasso.
Em suma, se há que reconhecer a necessidade, veja-se a urgência da realização de tal encontro, que, recorde-se, chega em boa hora, pois a situação de segurança é preocupante com a ameaça terrorista que hoje se estende até ao países do Golfo da Guiné, especialmente depois de terem impactado fortemente os do interior, como Mali e Burkina Faso.
Mas, continua inadmissível refinar uma estratégia de luta contra o terrorismo sem estes dois países. A não ser que os Chefes de Estado da CEDEAO estejam mais preocupados com a preservação das suas capelas do que com a salvaguarda dos interesses dos seus povos, lutando contra as forças do mal.
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