terça-feira, 14 de março de 2023

Comissão da ONU destaca subfinanciamento das eleições na Guiné-Bissau

A Comissão de Consolidação da Paz das Nações Unidas (ONU) destacou hoje a lacuna orçamental que a Guiné-Bissau enfrenta para realizar as próximas eleições legislativas, marcadas para 04 de junho, instando ao apoio da comunidade internacional.

Numa reunião de nível diplomático sobre a Guiné-Bissau, o representante permanente do Brasil junto à ONU, Ronaldo Costa Filho, que preside a Configuração Especial para a Guiné-Bissau da Comissão, fez um balanço da sua recente visita ao país africano e sublinhou o seu objetivo de mobilizar atenção e apoio internacional para combater os problemas que o país enfrenta.

"Os desafios na Guiné-Bissau ainda permanecem. Em particular, a questão do subfinanciamento. E, a esse respeito, gostaria de destacar que o Governo tem feito um esforço muito árduo para a eleição (...), mas ainda há um défice, para o qual chamo a atenção. (...) Chamo a atenção para a necessidade de ajudar a Guiné-Bissau a colmatar essa lacuna orçamental", disse o embaixador brasileiro ao corpo diplomático presente na reunião.

Ronaldo Costa Filho visitou a Guiné-Bissau no mês passado, para uma troca de opiniões sobre o avanço das prioridades de construção da paz no país e discutir formas de sustentar o progresso e o diálogo político até às próximas eleições legislativas.

Dessa visita, o diplomata brasileiro saiu com a convicção de que há um "envolvimento genuíno de todos os atores do espetro político para participarem plenamente no processo eleitoral", algo que considerou "um sinal muito encorajador".

"O ponto mais importante que tiro da viagem é que estamos a caminhar para um processo eleitoral em que todos os partidos se envolvem, apesar das dúvidas que possam ter. A sensação que tenho é que todas as forças políticas estão dispostas a se envolver no processo eleitoral, e espero que a sensação que tenho seja a de respeito pelos resultados", disse.

Já nas reuniões que manteve com representantes de organizações da sociedade civil, Costa Filho ouviu as dificuldades que enfrentam em estabelecer um diálogo estruturado e permanente com as instituições políticas.

"A opinião dessas organizações é que existe um abismo entre a sociedade civil e o domínio político. E acho que isso é algo que teremos que continuar a conversar com a Guiné-Bissau. Acho que é um passo essencial para avançar rumo ao desenvolvimento, se conseguirmos garantir que haja interação e que as forças políticas ouçam mais a sociedade civil", afirmou o embaixador.

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, dissolveu a Assembleia Nacional em maio e marcou as legislativas para 18 de dezembro do ano passado, mas o Governo, após encontros com os partidos políticos, propôs que as eleições fossem adiadas para maio deste ano.

Umaro Sissoco Embaló marcou o escrutínio para 04 de junho.

As eleições legislativas da Guiné-Bissau estão orçadas em 7,9 mil milhões de francos cfa (cerca de 12 milhões de euros), segundo o ministro das Finanças guineense, Ilídio Té.

De acordo com o ministro, até ao início de fevereiro, o Estado guineense já tinha disponibilizado 5,7 mil milhões de francos cfa (cerca de 8,6 milhões de euros).

Em relação ao combate à criminalidade, Ronaldo Costa Filho apontou que, apesar de a Guiné-Bissau ser muitas vezes criticada por ser um país de trânsito no comércio internacional de drogas, o Estado não tem meios suficientes para combater todo o tráfico de estupefacientes, principalmente quando se dá por via marítima, pedindo ajuda da comunidade internacional.
Lusa

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