sábado, 6 de outubro de 2012


Guiné-Bissau a margem da 67ª Assembleia Geral das Nações Unidas 
Por: Samba Bari
Um país, duas representações opostas, era a república da Guiné-Bissau no espaço de concertação mundial... Criando nervosismo e expectativas ao mundo, e particularmente ao povo guineense. 

Perante uma disputa de quem das duas delegações presentes em Nova Iorque, para assistir a 67ª Assembleia Geral das Nações Unidas ficava com o uso de palavra para que a sua presença seja finalmente justa  como representante aceite perante esse órgão máximo mundial.

Por tantos que lá estavam, não tinha razões de supor a presença da Guiné-Bissau, ao ponto de se caracterizar  numa presença ausente...  Mas, seja como for, a vontade que se caracterizou em paciência, o esforço e muito desperdício no chegar em Nova Iorque, demonstrou ao mundo que ainda existe um país, um povo e um território chamado República da Guiné-Bissau.

É verdade que a divergência está bem presente na Guiné-Bissau... Depois do derrube do Presidente interino e do governo, o país viveu em algum momento o vazio do poder e de autoridade. Onde o restabelecimento dos depostos em certo momento foi tentado pela via negocial, mas que parou  sem sucessos pela falta de consenso.
A ganancia excessiva de se fechar em recusa do dialogo pela parte deposta "agora dita legitima" e a sua compassa... Assim como a intransigência da parte golpista, e de não ceder em nada que permita a volta dos afastados, deitou a baixo  hipótese de  devolver o poder aos depostos, onde qualquer pressão a força nesse sentido era um atear do fogo para incendiar o país.

Como o poder não deve permanecer na rua e o país viver em anarquia, surge as autoridades de transição, dos quais cabe a missão de conduzir o país a novas eleições gerais para reposição da normalidade constitucional perdida. Mas devido a sua natureza pós-golpe, carece de reconhecimento  pela maior parte da comunidade internacional.

Certamente, os homens que compõem a transição aceitaram esse desafio conscientes da dificuldade de serem bem vistos e a guerra diplomática que estarão sujeitos,  que deverá estender ao longo de todo o período transitório. Mas como os grandes homens se revelam nos momentos mais difíceis,  enquanto o país precisa de gestão, regaçaram as mangas e deram as caras para enfrentarem a luta.

Hoje, há muita dúvida de aceitação do retomar da governação se os depostos forem confrontadas com essa hipótese, mesmo que seja pelas razões da falta de segurança e a perca total com o rumo do aparelho estatal.
Nem o governo de transição aceitaria ficar por muitos anos neste isolamento por falta de reconhecimento, com derrotas diplomáticas e a falta de voz no seio da convivência homologa.

Assim sendo, se olharmos para a lógica dos acontecimentos e a posição de Assembleia geral da ONU face a não uso de palavras por nenhum dos representantes presentes da Guiné-Bissau, pode se fazer a leitura de:
- Se o Presidente de transição não pode usar de palavras, devido a natureza do governo que preside... Embora sendo o atual gestor do país, próximo do povo, responsável pela vida dos citadinos, assim como o garante da reposição da legalidade perdida.
- Também não era correto admitir um presidente interino de um governo que era legitimado pelo povo... Mas com o derrube do mesmo, perdeu o poder e controlo do país, afastou-se de gestão da administração pública, longe do povo a mais de cinco meses (asilo), para falar em nome desse povo.

A ONU acautelou-se com o discurso do Nhamadjo, para evitar de uma eventual aceitação indirecta do golpe, já que a transição nasceu a margem de 12 de Abril... Um discurso do  N hamadjo significava um reconhecimento internacional de forma tácita as autoridades de transição.
Da mesma forma também que o discurso do Raimundo Pereira não passou, acautelando acreditação de um governo já derrubado, em asilo, desligado aos problemas do país a mais de cinco meses... E consequentemente evitar de  acreditar em responsabilidades de quem "infelizmente" já perdeu o comando do país, para falar em nome da Guiné-Bissau.

Articulando essas ideias, aceita-se que a admissão de um discurso em relação a outro podia significar um incidente que leva um agravar do desentendimento com proporções muito complicados de poder gerir o fim da crise pretendido.

Daí que, é vergonha reclamar vitoria neste desfecho indesejado e humilhante, em que a República da Guiné-Bissau perdeu, por ter ficado  a quem das expectativas habituadas.
Vergonha, porque afinal ser um bom político não significa ser um líder preocupado  com discursos de promoção pessoal ou de grupo, mas sim um homem ou uma mulher preocupado com vitorias políticas e diplomáticas da sua República.

A história em geral dessa Assembleia, para os grandes patriotas e pessoas idóneas, não existe sensação de alegria ou razões para celebrar vitoria...Mas sim motivos para  aprofundar reflexões de como achar as vias possíveis de atingir um entendimento nacional, e de aproveitar os momentos da paz para correr a traz do desenvolvimento.

Eu acho que já concluímos que nos serve muito aceitar o diálogo entre nós, seja qual for o desentendimento ou a guerra que nos põe. Porque afinal é sempre errado numa guerra entre dois, dizer que um tem toda a razão e outro é totalmente culpado, e de não aceitar um diálogo que envolve os dois.

Seja como for, se não quisermos continuar a complicar nossa situação, e de andar a tentar o impossível devemos aceitar a nossa realidade politica actual. Ou seja, de todos nós aceitarmos contribuir na  gestão do tempo... Porque é só com essa transição seremos capazes de retomar a nossa normalidade constitucional perdida. Alias ninguém deve pedir isso, pois é a realidade que nos está a impor.
Da mesma forma que, o governo da transição também não deve perder mais tempo em lutar para o reconhecimento internacional, pois isso será um grande consumo de tempo e provavelmente em vão... Mas sim, empenhar-se em procura de apoios para cumprir com o acordo de transição assinado, para findar  esse desafio com êxito, porque só assim poderão salvar as suas carreias politicas postas em risco... 

Meus irmãos, na política da Guiné, os políticos do país andam em guerras constantes... Uma dessas consequências é que arrastou Guiné-Bissau na perda dessa batalha em Nova Iorque de maneira triste e lamentável. Mas acreditem que o país não está derrotado... Porque a república da Guiné-Bissau está cheio de homens e mulheres competentes, capazes de um dia, inverter toda essa mã convivência.

Eu continuo a acreditar no patriotismo do povo guineense, no amor que todos têm para com essa pequena república da costa ocidental africana... Que pelo esforço de todos e de cada um de nós, sem raiva nem desinteresse, sem ódio nem pretensões de vingança, seremos capazes de fazer com que o desentendimento e a injustiça faça parte da nossa história passada. 

Samba Bari 

Sem comentários:

Enviar um comentário

ATENÇÃO!
Considerando o respeito pala diversidade, e a liberdade individual de opinião, agradeço que os comentários sejam seguidores da ética deontológica de respeito. Em que todas as pronuncias expressas por escrita não sejam viciadas de insultos, de difamações,de injúrias ou de calunias.
Paute num comentário moderado e educado, sob pena de nao sair em público