O 1º Ministro deposto quer ganhar as eleições com 80% dos votos
O primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, manifestou-se quinta-feira confiante de que ganhará as eleições com 80% dos votos, após anunciar, perante dezenas de guineenses em Lisboa, ser "o primeiro candidato" a presidente.
"Eu não vou ganhar as eleições com 49%, vou ganhar com 80% desta vez", disse Carlos Gomes Júnior, deposto num golpe de Estado a 12 de abril de 2012, dias depois de passar à segunda volta das presidenciais após obter 49% dos votos na primeira.
Numa conferência de imprensa num hotel em Lisboa, onde foi recebido de pé e com aplausos por mais de uma centena de elementos da comunidade guineense, o político anunciou que decidiu regressar ao seu país, de onde se exilou após o golpe de Estado do ano passado.
Sem anunciar uma data para o regresso - "estamos a criar as condições" -, disse ter "as malas prontas" e afirmou esperar assistir já em Bissau à festa da Independência, a 24 de setembro.
Questionado sobre se há condições de segurança para regressar, uma vez que o país é dirigido por um Governo de transição saído do golpe de Estado que o depôs, Gomes Júnior recordou declarações recentes do secretário-geral-adjunto da ONU para os Direitos Humanos, Ivan Simonovic.
O responsável das Nações Unidas, lembrou o dirigente guineense, anunciou ter obtido do Governo de transição garantias de que "estão criadas todas as condições para um regresso incondicional de todos os filhos da Guiné-Bissau".
À pergunta sobre se irá apresentar a sua candidatura às eleições gerais de 24 de novembro deste ano, Gomes Júnior afirmou já ser "o primeiro candidato".
"Eu sou o número um, ganhei as eleições com 49%. Sou o primeiro. Os outros vêm perfilados atrás", disse o político, arrancando uma sonora gargalhada da plateia.
Gomes Júnior frisou aos jornalistas que essas eleições "foram confirmadas pelo Supremo Tribunal de Justiça e não foram anuladas".
"Não sendo anuladas sou o candidato número um", afirmou.
Acompanhado de Raimundo Pereira, que devido à morte do presidente eleito Malam Bacai Sanhá era presidente interino na altura do golpe de Estado, e de outros dirigentes guineenses, como o ministro deposto dos Negócios Estrangeiros, Djaló Pires, Gomes Júnior dirigiu-se à plateia em crioulo, cantou e gritou vivas à Guiné-Bissau e aos guineenses.
No seu discurso, agradeceu o "acolhimento hospitaleiro" de Portugal e dos portugueses a todos os dirigentes guineenses que se exilaram no país após o golpe de Estado.
Manifestou também o seu "eterno agradecimento e reconhecimento a toda a comunidade internacional", incluindo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, a União Africana, a União Europeia e a ONU "pelo esforço na busca de soluções" para a Guiné-Bissau.
Mas pediu ainda à comunidade internacional "mais um esforço e mais uma oportunidade para a Guiné-Bissau".
A Guiné-Bissau vive um período de transição desde o golpe de Estado que, a 12 de Abril de 2012, afastou o Governo eleito.
O presidente interino, Raimundo Pereira (que ocupava o cargo na sequência da morte do Presidente eleito Malam Bacai Sanhá), e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, foram afastados e estão desde então em Portugal.
Em maio de 2012 foi constituído um Governo de transição para conduzir o país até às eleições, que deviam realizar-se no prazo de um ano. Atrasos vários no processo levaram a que o período de transição fosse estendido até ao final deste ano.
As eleições gerais (presidenciais e legislativas) estão agora agendadas para 24 de Novembro e são já conhecidos três candidatos à presidência do país, Carlos Gomes Júnior, o ex-director-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Hélder Vaz, e o antigo ministro da Educação da Guiné-Bissau, Tcherno Djaló.
Voz da Rússia - 09 de Agosto de 203
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