sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Ramos-Horta

Políticos no exterior podem regressar à Guiné-Bissau, onde há “tranquilidade” 

Ramos-Horta, representante especial das Nações Unidas na Guiné-Bissau, disse hoje à agência Lusa que há "tranquilidade" no país e que qualquer cidadão guineense que esteja no estrangeiro "por razões políticas" deve poder regressar ao território.

Aquele responsável comentava assim a decisão do primeiro-ministro deposto no golpe de Estado de 2012, Carlos Gomes Júnior, que na quarta-feira anunciou, em Lisboa, pretender regressar à Guiné-Bissau e candidatar-se à Presidência da República. "Assiste a todos os cidadãos da Guiné-Bissau, que estejam na Diáspora, por razões políticas relacionadas com eventos do passado, a possibilidade de regressarem", referiu Ramos-Horta.

"Estamos no século XXI", acrescentou, sublinhando que "qualquer cidadão guineense que esteja no exterior devia poder participar na vida política, social e humanitária do seu país: cabe a cada um tomar essa decisão". Segundo o responsável, a Organização das Nações Unidas (ONU) tem procurado "criar as condições de tranquilidade, de diálogo, de aceitação mutua e de inclusão para que todos os guineenses possam sentir que fazem parte da sociedade e do projecto político".

Questionado pela agência Lusa sobre as condições de segurança para o regresso do primeiro-ministro, Ramos-Horta respondeu dizendo que não sente qualquer tipo de ameaça à tranquilidade. "Vivo [em Bissau] há sete meses e não sinto a mais pequena ameaça à tranquilidade de ninguém", sublinhou. A Guiné-Bissau "é um país pacífico, onde não há criminalidade e não tenho detectado casos graves de violação dos direitos humanos desde que cheguei", disse Ramos-Horta.

A Guiné-Bissau vive um período de transição desde o golpe de Estado que, a 12 de abril do ano passado, afastou o Governo eleito. O Presidente interino, Raimundo Pereira (que ocupava o cargo na sequência da morte do Presidente eleito Malam Bacai Sanhá), e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, foram afastados e estão desde então em Portugal. Em maio do ano passado foi constituído um Governo de transição para conduzir o país até às eleições, que deviam realizar-se no prazo de um ano.

Atrasos vários no processo levaram a que o período de transição fosse estendido até ao final deste ano. As eleições gerais (presidenciais e legislativas) estão agora agendadas para 24 de novembro e são já conhecidos três candidatos à presidência do país: Carlos Gomes Júnior, o ex-diretor-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa Hélder Vaz e o antigo ministro da Educação Tcherno Djaló. 
Lusa - 09 de Agosto de 2013

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