Carta Aberta aos Chefes de Estados e de Governo de CEDEAO
Junto a carta aberta de Movimento da Sociedade Civil para a Paz, Democracia e Desenvolvimento aos Chefes de Estados e de Governos da CEDEAO, que vão reunir numa cimeira extraordinária em Dakar no dia 25 de corrente mês, Agenda da cimeira, entre outros, ACORDO DE PARCERIA ECONÓMICA ENTRE A UNIAO EUROPEIA e a CEDEAO/UEMOA.
Movimento da Sociedade Civil da Guiné-Bissau estará presente nessa cimeira através do seu Presidente, Jorge Gomes juntamente com varias organizações membros da Plataforma da Sociedade Civil de África Ocidental (FOSCAO), onde ocupa o lugar de vice-presidente.
FOSCAO enquanto plataforma da sociedade civil de África ocidental, reunirá previamente numa reunião de concertação em Dakar nos dias 23 e 24 de Outubro e, para no dia 25 participar na cimeira dos Chefes de Estados e de Governos.
O Movimento Nacional da sociedade Civil para a
Paz, Democracia e Desenvolvimento é uma plataforma das
organizações da sociedade civil de diferentes naturezas que surgiu em Novembro
de 1998, logo após a guerra civil como forma de reunificar e permitir a
comunhão de esforços das várias organizações em busca de soluções que permitam
o País sair da difícil situação em que se encontrava mergulhado.
Atendendo
as difíceis situações em que o país passou, a organização tem servido de elo de
ligação entre as diferentes franjas da sociedade, nomeadamente, a classe
castrense, os órgãos de soberania, os partidos políticos e a maioria da
população.
O
acontecimento de 12 de Abril de 2012, que culminou com um golpe de estado,
mexeu profundamente com as relações que vinham sendo estabelecidas entre o país
e os seus parceiros de desenvolvimento, e como consequência o país conheceu uma
inédita situação de abandono.
Perante
este facto, alguns parceiros entenderam que era necessário agir de forma a
evitar que a situação se tornasse fora do controlo, nesta linha é que a CEDEAO,
como instituição mais próxima, assumiu e interveio no processo para ajudar a
normalização constitucional do Pais.
A
intervenção da CEDEAO foi reconhecida por outras organizações internacionais,
como as Nações Unidas, União Africana e a CPLP, o que fez acrescer a
responsabilidade desta instituição em relação a Guiné-Bissau. É assim que esta
organização dispõe de uma força militar e policial, designada ECOMIB capaz de
ajudar a manutenção de segurança para a população, muito abalada com as
instabilidades cíclicas vividas.
Apesar
da grande importância da presença da CEDEAO no país, a sua intervenção no
processo de transição foi apenas de apoio as autoridades nacionais, tendo
deixado de lado a população, ou melhor a sociedade civil, tendo em conta a não
existência de um mecanismo de acompanhamento fora dos circuitos formais.
Sendo
a Guiné-Bissau isolada por vários países e organizações parceiras e que se
traduziram nas seguintes situações:
·
Ausência
das Instituições de estado a funcionar e garantir os serviços básicos a
população nomeadamente a energia eléctrica, água potável, entre outras;
·
Falta
de pagamento de salários atempados aos funcionários públicos o que se traduziu
em ondas generalizadas de greves, sendo a mais lamentável a paralisação total
do sector educativo, estando em vista igualmente as ameaças do sector da saúde;
·
Uma
campanha agrícola muito deficiente, votando a insegurança alimentar, a má
comercialização do produto estratégico a castanha de caju;
·
Graves
violações dos direitos humanos, manifestas nos espancamentos e detenções de
pessoas sem que os órgãos de estado consigam dar respostas;
·
Desmandos
nas forças de defesa e segurança e na administração pública, com desobediência
de várias naturezas; e a
·
Corrupção
generalizada no aparelho de estado, sem perspectivas de responsabilização.
Todas
essas preocupações são favoráveis aos que usam o actual poder político, razão
pela qual não tem interesse na realização imediata das eleições e
consequentemente no retorno a normalidade constitucional. Assim, o Movimento
Nacional da Sociedade Civil alerta as Suas Majestades Chefes dos Estados e de
Governos da CEDEAO sobre as eventuais situações de descalabro total indesejável
que poderá ainda agudizar o processo de transição.
Como
sair da situação?
O Movimento nacional da Sociedade Civil da
Republica da Guiné-Bissau, entende que a saída para esta situação implica dotar
o país de autoridades legítimas, de acordo com as normas e princípios
internacionais o que passa necessariamente pela realização de eleições justas e
transparentes, do qual vão sair autoridades com idoneidade de poderem negociar
com dignidade com os parceiros do desenvolvimento.
Ainda, deve haver acções de restabelecimento
da boa imagem do país, para isso, devem os parceiros envolver ainda mais na
preparação e organização do processo de transição.
A Comunidade Internacional em geral e a CEDEAO
em especial, devem participar mais na definição da agenda política da
transição, envolvendo ainda mais no processo de recenseamento, de fixação da
data de eleições, acompanhamento de gestão dos fundos disponibilizados e
sobretudo, no seguimento de percepção da população em relação aos aspectos de
segurança e dos direitos humanos no país.
O
Movimento Nacional da Sociedade Civil Guineense conclui que difícil contexto em
que o país se vive, só é possível com o retorno a normalidade constitucional,
com o maior envolvimento da CEDEAO no monitoramento do processo de transição,
através de definição de uma agenda realista, acompanhada em todos os seus
processos.
Em fim, o Movimento entende que a não
realização das eleições implica prorrogar o sofrimento da população do país e
para isso, as eleições não devem ultrapassar o primeiro trimestre de 2014, sob
pena de serem comprometidas as actividades económicas e relações com os
principais parceiros da Guiné-Bissau.
Feito em Bissau, aos dias vinte
e um de Outubro de dois mil e Treze.-
À Bem da Nação!
O Movimento Nacional da Sociedade Civil
_____________________
Jorge Gomes
/Presidente/
C/c: - União Africana;
- CPLP;
- UE;
- PNUD;
- UNIOGUIBIS
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