sábado, 25 de janeiro de 2014

Globalização e a perda da identidade do Estado-Nação

A população mundial nos dias atuais está envolta na teia do que se denominou chamar de globalização. Esse fenómeno, que invade fronteiras, modifica costumes, expande as novas técnicas cientificas e tecnológicas, constrói e destrói mercados, com a sua nova dinâmica, dificulta o controle estatal sobre ele. Novas formas de atividades são levadas a cabo, a exemplo da tecnologia da informática e de transações comerciais feitas entre países em questão de segundos, obrigando as instituições estatais a repensar suas estratégias.
O sistema capitalista que se disseminou pelo mundo, trazendo consigo a ideia da individualização do lucro e do pensamento neoliberal, exige a abertura das fronteiras de todos os países do globo, conduzindo com isso várias formas de dominação das potências desenvolvidas sobre países do terceiro mundo. 
Verificamos, de outro lado, que, com a abertura dos mercados e a dominação do capital e do lucro pelos países desenvolvidos, cresce a situação de pobreza dos países periféricos, com imensos efeitos negativos para sua população e com consequências sociais enormes, como a deficiência da educação, da saúde, e o aumento da criminalidade. 
Ao mesmo tempo em que cresce a desigualdade social das populações, o Estado-nação vai ficando cada vez mais debilitado, perdendo suas mais nobres funções, começando com a dominação económica através das "ajudas" das instituições financeiras e de países ricos interessados na manutenção desse status quo, as quais, normalmente, desemboca na vala seguinte que é a dominação política. A "ajuda", através de empréstimo, vem sempre ajoujada a várias imposições económicas e políticas, sob pena de indeferimento, causando, portanto, a debilitação do Estado-nação. 
De outro lado, outros fatores que ultrapassam as questões económicas, mas quase sempre são dela originários, corroboram para o enfraquecimento do Estado-nação e a perda de sua própria identidade. São problemas como a criminalidade e a formação de grupos contrários à globalização. 
O que ressalta na análise é o fato de que, com a globalização, há o favorecimento ao sistema capitalista de governo e um mais acentuado emprego do liberalismo económico que reflete de forma negativa, principalmente, nos países periféricos e que acarreta um desnivelamento do poder económico das populações, gerando um distanciamento maior entre as camadas sociais, fazendo surgir um novo tipo de apartheid. 
O capital volátil, a versatilidade de empresas multinacionais e outros aspectos propiciam a desestabilização do emprego, com o aparecimento cada vez maior de uma camada de miseráveis, sem as condições mínimas de sobrevivência, que acaba se voltando para a criminalidade, seja de pequenos delitos, seja do crime organizado. 
O Estado, por sua vez, já debilitado em sua economia, não tem condições de enfrentar essa onda crescente do crime que ocorre em forma de dominó. Ou seja, o emprego e as condições sociais como educação e saúde diminuem cada vez mais; o Estado tem menos condições de enfrentar esses problemas que vão se agravando; a criminalidade, por conseguinte, ao invés de diminuir com investimentos da área social e na segurança, aumenta, pois cresce de maneira inversamente proporcional a esses investimentos. 
Vê-se que o Estado – nação já não é mais o responsável pelo seu próprio destino. O poder político do Estado está colocado frente a frente com o mercado e encontra-se dele dependente. A economia encontra-se globalizada e é impossível o isolamento do Estado – nação nessa área, sob pena de seu perecimento. É impossível controlar dinâmicas que extrapolam seus limites territoriais, fazendo com que ele tenha seu poder de decisão reduzido. 
Ao mesmo tempo em que o Estado perde sua identidade, as instituições multilaterais se tornam muito mais fortalecidas, pois passam a influenciar nos seus desígnios, na medida em que são necessárias e disputadas pela comunidade internacional, seja as de cunho financeiro, seja as de cunho empresarial, principalmente, nas questões relativas a atração de divisas ou de empregos. 
É que a formação da sociedade global modifica substancialmente as condições de vida e trabalho, os modos de ser, sentir, pensar e imaginar. Assim como modifica as condições de alienação e as possibilidades de emancipação de indivíduos, grupos, etnias, minorias, classes, sociedades, continentes etc. Essa onda globalizante provoca transformações com suas implicações económicas, políticas e sociais, resultando na dissolução de fronteiras, numa dança que define as forças dominantes, ora num, ora noutro território. Gera, com isso, o enfraquecimento do Estado-nação, que não mais monopoliza essas forças, as quais invadem territórios rasgando fronteiras e que são representadas por corporações empresariais, conglomerados, organizações e agências transnacionais. São os fluxos de capitais, pessoas, dinheiro e outros que passam a definir o lugar de importância no momento, pelos seus mais variados aspectos e que foi denominado por Castells como "espaços fluxos. 
Essas questões são envolventes e interessam a todas as pessoas, pois, queiram ou não, estão sendo atingidas pelos efeitos da globalização, seja no sentido positivo, seja no sentido negativo. 
Por isso,simultaneamente ao enfraquecimento da identidade do Estado, surgem movimentos políticos que procuram barrar essa onda globalizadora, pregando um sentimento nacionalista e lutando contra ela.

Por: José Carlos Baldéum destacado quadro guineense  a viver em Portugal durante vários anos, com muita experiência politica e social.
OBS: Todas as opiniões aqui editadas são da inteira responsabilidade do seu titular (autor)

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