segunda-feira, 4 de julho de 2016

Guiné-Bissau olha para Macau como portal para investimento chinês

A Guiné-Bissau debate-se com o impacto orçamental de uma suspensão da ajuda de parceiros de cooperação e, à semelhança de Moçambique, olha para a China como fonte alternativa de capital estrangeiro, através de investimentos, focando esforços de captação em Macau.

Apesar de ser dos países de língua portuguesa politicamente mais instáveis, a Guiné-Bissau é dos que apresenta actualmente previsões de crescimento económico mais elevadas – 4,8% em 2016 e 5% em 2017 – e é também um dos que tem maiores oportunidades, uma vez que, além de necessidade de infra-estruturas e recursos inexplorados (caso da bauxite), está inserido no mercado regional da África Ocidental.

A agricultura é a principal fonte de rendimento, em particular a produção de castanha de caju, sendo também uma das oportunidades de investimento identificadas.

O boletim de informação Africa Monitor Intelligence noticiou que um recente estudo técnico chinês veio confirmar a aptidão do país, em particular no que concerne aos solos, para a produção em larga escala de arroz, produto que o país actualmente importa para abastecer o mercado interno (cerca de 200 toneladas/ano).

O estudo, a que a Macauhub teve acesso, segundo a mesma fonte, aponta também a necessidade prévia de uma recuperação das planícies alagadiças (bolanhas) aptas para a orizicultura, a maior parte sem uso nos últimos anos ou votadas ao abandono.


O embaixador da China em Bissau, Wang Hua, tem vindo a salientar as excelentes condições climatéricas e de solos que a Guiné-Bissau tem para produzir e abastecer a sua população e reafirmou o apoio da China para a concretização desse objectivo.

“Falta muito trabalho para que a Guiné-Bissau atinja a sua independência alimentar e solucione o problema de fome no país”, adiantou em Maio, durante uma visita ao interior do país.

O novo primeiro-ministro guineense, Baciro Djá, recebeu o embaixador da China na semana passada, poucas semanas depois de tomar posse, tendo confirmado a participação do país na próxima cimeira económica entre a China e os países da África, que vai decorrer em Pequim ainda este ano.

Em Abril, a Guiné-Bissau recebeu pela primeira vez o “Encontro dos Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e o Países de Língua Portuguesa”, à margem do qual foi anunciado que a China Machinery Engineering Corporation (CMEC) vai construir, entre outras infra-estruturas, o novo Aeroporto Internacional de Bissau, alargar a antiga aerogare, construir o porto de pesca de Pikil, no nordeste da Guiné-Bissau, o porto de águas profundas em Buba, no sul, estradas, pontes e ainda habitação social.

Recentemente, a China ofereceu 250 postes de iluminação pública solar para serem instalados em diversos bairros e artérias de Bissau.

O país foi tema de um seminário organizado na semana passada pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), conjuntamente com o Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau).

O representante guineense no Fórum Macau, Malam Becker Camará, afirmou que Macau pode ajudar a internacionalização de produtos do seu país, enquanto a administradora do IPIM, Glória Ung, afirmou que “as empresas chinesas podem utilizar a Guiné-Bissau como plataforma e base para desenvolver a cooperação e o desenvolvimento com os outros países da África Ocidental, com vista a penetrar nos mercados regionais.” 
Rispito.com/Macauhub/CN/GW/MO, 04-07-2016

Sem comentários:

Enviar um comentário

ATENÇÃO!
Considerando o respeito pala diversidade, e a liberdade individual de opinião, agradeço que os comentários sejam seguidores da ética deontológica de respeito. Em que todas as pronuncias expressas por escrita não sejam viciadas de insultos, de difamações,de injúrias ou de calunias.
Paute num comentário moderado e educado, sob pena de nao sair em público