A crise político-civil de governação bissau-guineense: as duas vias de soluções legais de saída, ainda restantes
Por: Abdulai
Keita
O que posso eu dizer, a quente, em relação ao que parece ser resultados
do fim da 51ª Cimeira dos Chefes de Estado da CEDEAO e pelo dito, pelo nosso S.
Exa. Sr. Presi, Dr. JOMAV a seu regresso desta Cimeira (Cif., http://guineendade.blogs pot.ch/2017/06/noticias-ao-minutopr-da-guine-bissau.html, acessado,
05.06.207), no referente a nossa presente situação de crise e tudo mais e, com
muita convicção, é o seguinte.
As únicas, atitude e comportamento políticos que possam trazer,
institucionalizar e instalar e não só na boca mas sim de facto, a paz e
estabilidade duradouras para e na Guiné-Bissau é e será sempre, o respeito
irrestrito dos princípios de leis estabelecidos, as próprias leis,
as normas,
as regras
procedimentais e os compromissos assumidos “contratualmente”(no
caso deste último elemento, como por ex. os compromissos assumidos com a
assinatura do Acordo de Conakry).
Isto é assim em todas as partes do mundo dos
nossos dias. Se faz assim há já centenas de anos (ou em África, há já algumas
dezenas de anos) em todos Estados com Regimes de Democracia Parlamentar
Representativa e de Estado de Direito bem-sucedidos. Aí não há dúvidas. Será
também assim, imperativamente na nossa Guiné-Bissau do POVO BOM. Que alguém de
aqui ou acolá da elite governantequeira isso ou não.
Nesse sentido, se não se quer implementar o Acordo de Conakry tal como
previsto e tal qual, então o único caminho de “contribuir para a paz e estabilidade para a Guiné-Bissau”, diante de
tudo que se tem tido e visto até a presente data no desenrolar da presente
situação de crise, é dissolver a ANP e marcar, segundo manda as
leis bissau-guineenses em tais casos, as eleições legislativas antecipadas.
Porque nós, os bissau-guineenses (Mulheres e Homens) dos nossos dias, temos
que colocar-nos definitivamente (os que ainda não o tenham feito até então) esta
seguinte interrogação pertinente de orientação bem respondida pelo camarada
Cabral no seu tempo: Podem
os seres humanos (Mulheres e Homens) construírem e manterem pacificamente, em
comum, uma ordem pública justa?
Pois,colocar-se e partir desta interrogação é
importante. Porque isto é como costumava dizer um dos nossos maiores Doutos
do continente africano dos nossos tempos, Prof. Joseph KI-ZERBO (citado pelo
bloguista burquinabê[?] Bertrand COGOE, acessado, 11.02.2011). Cito, “quand on ne sait pas ce qu’on cherche, on ne
comprend pas ce qu’on trouve” (quando
não se sabe aquilo que se está a procurar, não se compreende aquilo que se
encontra/acha; tradução do autor do presente texto). Fim da citação.
Devemos colocar-nosportanto
e por isso seriamente esta interrogação. Porquejá devemos ter reparado, ou já devemos
reparar e constatar pelo menos desde ontem (04.06.2017, no fim da referida
Cimeira) de que o rumo seguido pelo nosso país nestes tempos todos da crise até
a presente data, está tudo muito mal. Nós! Estou a falar de todos e a todos nós,
bissau-guineenses (Mulheres e Homens), mas sobretudo e muito particularmente a
nosso S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV e a todos os apoiantes da sua posição
(nacionais e estrangeiros). Tudo está muito mal. Desdea eclosão desta presente
situação de crise no dia 12 de Agosto de 2015.E até, algum pouco tempo antes. Deixemos
portanto de agir assim à toa. Sem nenhuma muito pertinente interrogação de
orientação.
Para que a S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV e seus apoiantes deixem de se
enganarem. Deixemde agir desta forma à toa como têm agido até aqui neste
assunto.Pensandoque estão a fazer a “grande
política”. Pensando que estão a conseguir a enganar muita gente. Repetindo
as práxis
políticaserradas do nosso passado recente, mas que infelizmente têm
feito a sua “boa escola” junto de muita gente durante os últimos 23 anos no
nosso país, da institucionalização e instalação, de facto, do nosso atual
Regime de Democracia Parlamentar Representativa e de Estado de Direito. Escola
de práxis
política, cujos resultados são esta situação de crise que agora temos.
A produzir só mais problemas em cada uma das suas rondas (estamos neste momento
na 4ª), pensadas talvez no arranque de cada, de ser desta vez, esta a trazer
alguma solução de saída. Assim se fez desde à partida. E ai. Nada! Emvez disso,
foi-se é, criando sucessivamente problemas e mais problemas, sem parar,
complicando tudo cada vez mais.
Porque a S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV e apoiantes da sua posição a pensarem
erradamente. De que a resposta a interrogação precedente é: a POLÍTICA
é “jogo de interesses em proveito
de indivíduos ou grupo de indivíduos que nele participam”. E os atores
políticos visando ou encontrando-se profissionalmente a exercer o poder
político (no sentido Max weberiano do termo) e Partidos políticos em geral “são
agentes e organizações cujos objetivos são a conquista e o exercício do poder” no
tal jogo.
Não! A resposta a
esta interrogação precedente não é nada esta. A política não pode ser entendida
assim. Ela deve ser entendida, em primeiro lugar, partindo da interrogação
precedente, quer dizer, da perspetiva da construção da paz duradoura, desta
outra maneira.
A POLÍTICA
é a arte da conceção, construção,
realização e manutenção (no sentido de prevenção e reparação permanente de
falhas/erros) em cada caso e situação, de UMA ORDEM PÚBLICA JUSTA para
todos os membros de uma comunidade humana(Mulheres e Homens)e consequentemente,
para cada um dos seus membros e em geral, para todos os elementos integrantes do
seu habitat, elementos esses, indispensáveis à realização das condições da vida
eterna no nosso planeta terra. E os atores políticos visando ou encontrando-se profissionalmente a
exercer o poder político e Partidos políticos em geral são agentes e
organizações, cujos objetivos são a criação e realização desta arte.
É a isso que o
camarada Cabral se referia ensinando que a política é “a arte de transformar o que é
aparentemente impossívelem possível” na defesa intransigente da causa e dos
interesses comuns [a ordem
pública justa]
dosmembros de cada comunidade humana, em cada caso e situação concretos.
Sendo consequentemente os Partidos políticos, as organizações de pessoas que,
dotadas de uma dada convicção, tomam parte numa dada ideia, para realizar uma
dada coisa, seguindo um dado caminho, perante a adoção de um dado comportamento
na sua vida privada e na sua vida social” (Cif.,“II. Uma
luta fecunda ilumina o caminho da luta: Lénine e a luta de libertação nacional”
p. 215; e, “VI. Nem toda gente é do
Partido”, p. 163; ambos os artigos, in: A.
Cabral, 1978, Arma da teoria: unidade e luta, obras escolhidas, Lisboa, Sera Nova, 2a ed.,
248 p.).
Eis, e é o que deve ser entendido e
interiorizado pelos bissau-guineenses, a gente da elite governante em
particular, que ainda não tenham assim agido. E sendo assim, será, é, ou CUMPRIR
O ACORDO DE CONAKRY COMO “IL LE FAUT”, se este já não se tornou
definitivamente obsoleto com as presentes decisões saídas desta 51ª Cimeira
antes referida, ou CONVOCAR AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS ANTECIPADAS sem mais demora.
O resto é ou será apenas mais cantiga para nada.Tendendo
a enfiar este que é o nosso país querido, a Guiné-Bissau, ainda mais para o
caminho das práxis políticas provocadoras de mais situações de crise, sem
parar.
Ora, a isso não! Porque tem gente na Guiné-Bissau de
posição contrária. Tendo assim agido nesta presente situação e encorajando
muito outra gente.
São todos aqueles que têm seguido, evidentemente, o caminho
do respeito irrestrito dos princípios de leis durante todo o período do evoluir
desta presente situação de crise. Com um destaque particular aos 74% dos
membros do grupo parlamentar dos Deputados da Nação da Bancada do PAIGC,tendo-se
mantido fiéis à linha do seu Partido e igualmente a seus colegas de outros
Partidos (UM e PCD) tendo apoiado esta sua posição. Mas com ainda o maior
destaque e de maior excecionalidadeaos 27% dos Magistrados tendo-se recusado seguira atitude totalmente equivocada
do nosso S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV. Quando pensou absolutamente errada e
equivocadamente, mas com muita convicção, na altura da nomeação do seu 2º
Governo de Iniciativa Presidencial, de que se encontrava numa situação bem portadora
de “garantias de estabilidade
governativa até ao fim da presente [IX] legislatura” (Cif., Decreto N°
2/2016 do 26 de Maio de 2016). Situação então designada de“NOVA
MAIORIA ABSOLUTA” por ele. Acrescenta-se, uma“NOVA
MAIORIA ABSOLUTA”, ex post
eleição, então estabelecida, via “arranjos
obscuros” (porque falou-se de compromissos, mas que nunca ninguém viu,
pois nunca tornados publico por documento nenhum); “NOVA MAIORIA ABSOLUTA”,
no seio da ANP estabelecida no nível apenas do seu Órgão da Plenária. Uma posição
e convicçãototalmente errada e equivocada portanto, mas que veio beneficiar mais
tarde do beneplácitodos 73% dos Magistrados do Supremo Tribunal da Justiça (STJ),
contra evidentemente 27% dos seus pares (chapéu de honra a estes), tendo
mantido firme a sua posição de serem movidos só e só pela sua convicção e no
espírito da lei e nada mais. E ainda tem muito mais gente desta na Guiné-Bissau
entre membros da elite, mas sobretudo dominando no seio da nossa gente do nosso
POVO BOM.
A
Guiné-Bissau tem portanto uma potencialidade e força real para não se deixar
mais uma vez, ser enfiada para o
caminho das práxis políticas provocadoras de mais situações de crise, sem
parar.Tem que ser travado esta vez, definitivamente, este hábito nefasto
instalado firmemente no seio de muitos dos nossos, da gente da elite governante.
Para assim se quebrar o ciclo de perpetrações permanentes dos atos de
instabilidades político-civis de governação e/ou de político-civis e militares
misturadas, uma vez por todas. Sem prémio (benefício) nenhum, a ninguém dos perpetradores.
Pois isso
é assim, repetindo-me para terminar. Comou sem sanções da CEDEAO, nadafunciona e
nunca irá funcionar na Guiné-Bissau do Regime atual. E já foi dito, o nosso Regime deDemocracia Parlamentar Representativa e de Estado
de Direito. Nuncahaverá a estabilidade governativa e a paz verdadeira e
duradoura. Não haverá nadaem parte nenhuma. Se os princípios de leis
estabelecidos, as próprias leis, as normas, as regras
procedimentais e os compromissos assumidos “contratualmente”não
são respeitados e aplicados irrestritamente. Quem não entendeu isso é porque
tem que aprender ainda. Porque nesse assunto, ainda não entendeu nada!
Do resto, as duas únicas soluções possíveis (se
o PRS continuar a manter a sua até aqui seguida posição ao que tudo dá a crer)
são apenas estas duas: ou CUMPRIR O ACORDO DE CONAKRY
COMO “IL LE FAUT”, ou CONVOCAR AS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS
ANTECIPADAS sem mais demora. Senão, é que todos os sacrifícios
e perdas enormes que o país tem tido durante todos os últimos 21 meses e pico
de paralisação e tudo mais, terão sido para nada, em vão. E só terão
contribuído para a consolidação da posição daqueles que pensam que a política
não é, senão a grande arte de trapaçaria. Que ainda não entenderam nada neste
assunto, de tratar-se com efeito, das mais nobres causas da coisa, pela qual
vale a pena cada cidadão engajar-se, contribuindo na construção de UMA
ORDEM PÚBLICA JUSTA para toda gente da sua comunidade (Mulheres e
Homens), sendo ao mesmo tempo para si mesmo.
Obrigado.
Boa sorte para todos nós
bissau-guineenses (Mulheres e Homens).
Que reine o bom senso
no nosso país querido do POVO BOM, a Guiné-Bissau.
Amizade.
A. Keita
OBS: Todas as ideias aqui editadas são da inteira responsabilidade do seu titular (autor).
Sem comentários:
Enviar um comentário
ATENÇÃO!
Considerando o respeito pala diversidade, e a liberdade individual de opinião, agradeço que os comentários sejam seguidores da ética deontológica de respeito. Em que todas as pronuncias expressas por escrita não sejam viciadas de insultos, de difamações,de injúrias ou de calunias.
Paute num comentário moderado e educado, sob pena de nao sair em público