quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Liga Guineense dos Direitos Humanos apela à libertação de jornalista moçambicano

A Liga Guineense dos Direitos Humanos apelou hoje, em carta aberta, à libertação imediata do jornalista moçambicano Amade Abubacar, detido há 10 dias por militares, quando exercia a sua atividade de repórter no interior de Moçambique.
A carta assinada por Augusto Mário da Silva, presidente da organização guineense, exorta o Governo de Moçambique "a ordenar de forma imediata" as Forças Armadas a libertarem Amade Abubacar, jornalista da Rádio e Televisão Comunitária Nacedje, no distrito de Macomia.
A Liga considera "um grave retrocesso" no domínio dos direitos humanos em Moçambique, quando se constata que os militares "mantêm sob sequestro" um jornalista que estava a fotografar e a entrevistar famílias em fuga do distrito do Cabo Delgado para outras paragens com receio de novos ataques de grupos armados.
"Apelamos firmemente ao Governo de Moçambique no sentido de ordenar a libertação imediata e incondicional de Amade Abubacar, e renovar o seu compromisso com os padrões internacionais dos direitos humanos", lê-se na carta aberta assinado por Augusto da Silva.
O dirigente da organização guineense considera "inaceitável a situação de sequestro do jornalista que se encontra incomunicável e ainda sem qualquer processo judicial", quando estava a exercer a sua missão constitucional de formar e informar os cidadãos do seu país.
"As autoridades moçambicanas devem concentrar os seus esforços na proteção da população e perseguição dos terroristas que insistem em lançar o caos e medo generalizado junto das populações e não prender de forma abusiva, aqueles que trabalham para informar os cidadãos" moçambicanos, refere ainda a carta da Liga Guineense dos Direitos Humanos.
Em dezembro de 2017, militares detiveram por dois dias o jornalista de Estácio Valoi, o investigador da Amnistia Internacional David Matsinhe, e o seu motorista, Girafe Saide Tufane.
Em junho de 2018, Pinde Dube, correspondente da estação televisiva privada sul-africana eNCA, foi também preso em Cabo Delgado quando fazia reportagens sobre ataques armados na região.
Vários distritos de Cabo Delgado têm sido assolados por uma onda de violência que começou após um ataque armado a postos de polícia de Mocímboa da Praia, em outubro de 2017.
Depois de Mocímboa da Praia, têm ocorrido dezenas de ataques que se suspeita estarem relacionados com o mesmo tipo de grupo, sempre longe do asfalto.
Os ataques têm acontecido fora da zona de implantação de fábricas e outras infraestruturas das empresas petrolíferas que vão explorar gás natural, na península de Afungi, distrito de Palma, na região, e cujas obras avançam com normalidade.
Em finais do mês passado, o Ministério Público (MP) de Moçambique juntou mais cinco nomes à lista de cerca de 200 pessoas que estão em julgamento acusadas de estarem envolvidas nos ataques armados em Cabo Delgado.
Rispito.com/Lusa, 16-01-2019

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