terça-feira, 5 de março de 2019

PRS considera Portugal "porta de entrada" de guineenses para Europa

O líder do Partido da Renovação Social (PRS), Alberto Nambeia, considerou Portugal como "uma porta de entrada" dos guineenses para a Europa e admitiu reforçar a cooperação com as autoridades portuguesas, caso vença as legislativas de domingo.

Em entrevista à Lusa, na vila de Ingoré, norte da Guiné-Bissau, onde se encontrava numa ação de campanha, Alberto Nambeia mostrou-se confiante na vitória do PRS, e entre as prioridades da sua política externa, apontou Portugal como "parceiro incontornável" da Guiné-Bissau.

"Fomos colonizados por Portugal, posso dizer que temos laços de sangue com eles, assim sendo podemos considerar Portugal a nossa porta de entrada para a Europa. Portugal é o nosso parceiro prioritário que não podemos deixar de lado", afirmou Alberto Nambeia.

O líder do PRS, um dos 21 partidos concorrentes às legislativas de 10 de março, defendeu que a Guiné-Bissau tem o Senegal e a Guiné-Conacri como "parceiros imediatos", dada a vizinhança, mas salientou que Portugal "é um parceiro histórico" e ninguém será deixado de lado por um Governo do seu partido.

"Temos que reforçar a nossa cooperação para que o mundo sinta a Guiné-Bissau como um Estado que reconquistou a sua independência", observou Nambeia.

O líder do PRS disse sentir que o povo guineense "quer mudanças" e que está a compreender os propósitos do partido fundado por Kumba Ialá através do seu programa eleitoral denominado "Lantanda Guiné" (Reerguer a Guiné), no qual se destacam a educação, saúde, agricultura, energia e infraestruturas.

A nível da educação, Nambeia defende escolas organizadas e professores qualificados; no setor da saúde pretende ver na Guiné-Bissau hospitais e centros de saúde modernos e ainda acabar com a ida de doentes guineenses ao Senegal para tratamento médico, e na agricultura aponta para a mecanização e transformação local do caju, principal produto agrícola e de exportação do país.

O programa "Lantanda Guiné" também dará uma atenção especial aos recursos minerais, mas se o PRS chegar ao Governo fará um estudo técnico prévio, antes de iniciar qualquer processo visando a exploração dos recursos, afirmou Alberto Nambeia, que disse não pretender criar falsas expectativas.

Nambeia defende igualmente reformas em quase todos os setores do país: das forças de defesa, à justiça, da função pública à Constituição da República, embora saliente que não é a lei magna que promove a discórdia no país, mas a arrogância de certos dirigentes, disse.

O líder do PRS não entende como é possível que em Cabo Verde e em Portugal, por exemplo, o semipresidencialismo funcione bem, mas já não acontece o mesmo na Guiné-Bissau, que tem o mesmo sistema político.

"Com o PRS no Governo não haverá essa questão", sublinhou Alberto Nambeia, que disse que também acabará a política de exclusão de quadros na governação do país.

"Isso é um imperativo, se de facto queremos ter um país estável, se pretendermos sair desta instabilidade crónica, temos que criar condições para que todos os filhos da Guiné-Bissau sintam que estão inseridos no processo", destacou Nambeia.
Riapito.com/DN, 05-03-2019

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