quinta-feira, 6 de junho de 2019

MADEM e PRS pedem ao Presidente para não ceder a pressões

Guinea-Bissau Bissau- Oppositionsparteien PRS und MADEM (DW/F. Tchuma Camará)
Partidos da oposição marcharam para pedir ao Presidente a não ceder a pressão de nomear novo Governo. Enquanto isso, a central sindical pede solução para greve na função pública através de uma marcha pacífica em Bissau.
Na manifestação convocada pela oposição, o MADEM G-15 (Movimento para a Alternância Democrática) e o Partido da Renovação Social (PRS), exigiram a conclusão do processo de eleição da mesa do Assembleia Nacional Popular (ANP).
Luís Oliveira Sanca, primeiro vice-presidente do MADEM-G15, pediu ao Presidente da República para não ceder a pressões e aguardar a conclusão da formação definitiva da mesa do Parlamento.
José Mário Vaz, Primeiro Magistrado da Nação, a quem tivemos grande consideração e estivemos sempre juntos até que chegamos a fase atual, portanto vamos pedir-lhe para não ceder a nenhum momento, repito a nenhum momento para nomear o novo primeiro-ministro, enquanto não forem ultrapassados os problemas na Assembleia Nacional Popular.
Por seu turno, Jorge Malú  um dos vice-presidentes do Partido de Renovação Social (PRS), terceira força política mais votada nas legislativas de 10 de março apelou "a todos os guineenses para estarmos unidos nesta causa, sobretudo quando temos a certeza que temos razão, nós estamos a reivindicar a nossa razão".
O PRS reivindica a indicação de um nome para o lugar de primeiro secretário da mesa do parlamento da Guiné-Bissau, enquanto o MADEM-G15 se recusa a apontar outro nome, que não seja o do seu coordenador nacional, Braima Camará, para ocupar o cargo de segundo vice-presidente do Parlamento.
Para Jorge Malú "querem ocupar 80% na mesa da Assembleia Nacional Popular, isso é possível? Que tipo de matemática é essa, não vamos aceitar isso. Um partido que ganhou com 47 mandatos e pretende ter 80% dos elementos na mesa".
Jorge Malu (DW/B. Darame)
O PRS reivindica a indicação de um nome para o lugar de primeiro secretário da mesa do parlamento da Guiné-Bissau, enquanto o Movimento para a Alternância Democrática (Madem) se recusa a apontar outro nome, que não seja o do seu coordenador nacional, Braima Camará, para ocupar o cargo de segundo vice-presidente do parlamento.
Uma outra manifestação de caráter social foi promovida também esta quinta-feira (06.06.) pela União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG) e a Confederação Geral dos Sindicatos Independentes (CGSI). 
Recorde-se, que as duas centrais sindicais realizam desde há três semanas períodos de greve que decorrem sempre entre terça e quinta-feira para reivindicar a aplicação de um conjunto de diplomas sobre estatuto de carreiras de vários funcionários públicos, a conclusão do processo de aprovação do novo código de Trabalho, bem como um aumento do salário mínimo para 150 euros mensais.
Os participantes na manifestação das duas centrais sindicais estiveram na rua vestidos com "coletes amarelos” para se diferenciarem dos manifestantes políticos.
À imprensa, Júlio Mendonça, Secretário-geral da UNTG, acusou a classe política de ser a pior no continente e, por isso pediu a união dos trabalhadores guineenses no combate aos "desmandos políticos no país".
"Cabe aos trabalhadores começar a pensar e refletir porque a nossa luta é para dignificar todo aquele que presta um bom serviço ao Estado guineense. A Guiné-Bissau não é o país mais pobre da África mas o problema é que temos a pior classe política a nível do continente, em particular e do mundo em geral. Por isso vamos continuar a lutar contra todos esses desmandos políticos".
Júlio Mendonça, criticou por outro lado o que considerou ser a grave violação dos direitos dos trabalhadores "sobretudo por parte das empresas multinacionais. Por isso o nosso apelo à classe trabalhadora, é que ganhe a consciência que só reivindicando é que vai conquistar os seus direitos. Os direitos dos trabalhadores estão plasmados nas leis da República e devem ser conquistados se não forem aplicados voluntariamente por quem de direito.  E no setor público aquilo que ganhamos é pequena coisa e insignificante. Por isso temos que acreditar nas nossas dinâmicas e coerência de que somos capazes de conquistar ainda mais coisas", concluiu.
Guinea-Bissau Júlio Mendonça, UNTG trade union center (DW/B. Darame)Também Malam Ly Baldé, Secretário-geral da Confederação dos Sindicatos Independentes responsabilizou o Governo liderado por Aristides Gomes pela situação laboral atual do país.
"Apesar de pouca adesão dos trabalhadores, esta marcha tem um significado tão grande para as duas centrais sindicais, pois permiti-nos exprimir o nosso desagrado face à situação atual do funcionalismo público guineense. Temos 45 pontos em reivindicação mas que o Governo não pode dar resposta a todos. Daí haver alguma cedência da nossa parte...mas o que estamos a reivindicar são diplomas aprovados em Conselho de Ministros, mas que até agora não foram aplicados. Refiro-me por exemplo aos estatutos da carreira docente, da Televisão da Guiné-Bissau, dos oficiais de Justiça, dos Funcionários do Ministério das Finanças e do Ministério das Pescas".
Ainda no âmbito das manifestações, cerca de três dezenas de mulheres dos partidos que representam a maioria no Parlamento da Guiné-Bissau e outros partidos sem assento parlamentar realizaram esta quinta-feira uma vigília no centro de Bissau a exigir a nomeação do primeiro-ministro.
"As mulheres dos partidos de maioria parlamentar estão a exigir ao Presidente da República para nomear o Governo que saiu das urnas", disse à Lusa Joana Kopte, da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB).
Segundo Joana Kopte Nhanque, as mulheres guineenses estão a sofrer e pedem ao Presidente para nomear o Governo para o país sair da situação em que se encontra.
"Não há escola, não há nada. As mulheres não conseguem vender e têm crianças em casa sem nada para comer", disse.
Joana Kopte disse também que no final da vigília vão entregar cartas às Nações Unidas, União Africana, União Europeia, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, e vão prosseguir com o protesto até ao final do mandato do Presidente guineense, José Mário Vaz, que termina a 23 de junho.
Participaram na vigília mulheres do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), APU-PDGB, União para a Mudança, Partido da Nova Democracia, Partido da Convergência Democrática e Partido da Unidade Nacional.
Rispito.com/DW, 6-6-2019 

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