sexta-feira, 12 de julho de 2019

Todos os países africanos vão ganhar com a zona de livre comércio, afirma o economista Carlos Lopes

O economista guineense Carlos Lopes salientou que todos os países africanos vão ganhar com o estabelecimento de uma zonza de livre comércio no continente, defendendo que a rapidez com que o processo está a avançar é "extraordinária".

Todos os países africanos vão ganhar com a zona de livre comércio, afirma o economista Carlos Lopes"Não há nenhum país africano que vá perder com esta zona de livre comércio, todos vão ganhar", disse o economista, acrescentando: "Há países que vão ganhar mais do que outros, quem vai ganhar mais é porque tem algumas vantagens comparativas, melhor infraestrutura, melhor base industrial, melhor quadro legislativo, e há muitos que por causa da sua pequenez ou debilidades específicas não vão aproveitar tanto quanto esses, mas todos vão ganhar".

Carlos Lopes falava aos jornalistas à margem de uma visita à sede da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa, hoje, na qual recebeu o 'Prémio José Aparecido de Oliveira', "pelo elevado mérito e extenso contributo para a difusão dos valores da CPLP e a visibilidade da Comunidade".

África "tem grandes vantagens em estabelecer uma zona de livre comércio, mas estamos numa etapa de harmonização tarifária, portanto as tarifas em África vão ser eliminadas em cerca de 90%, e em matéria comercial 10% de não eliminação ainda é significativo, mas é um bom começo, um começo pragmático", considerou.

Citando as previsões que apontam para um crescimento para mais de 50% do comércio intra-africano, por oposição aos menos de 20% existentes atualmente, Carlos Lopes disse que o comércio informal vai deixar de fazer sentido "porque se se eliminam as tarifas, as pessoas podem pura e simplesmente passar de um país para o outro sem se esconder na informalidade, e isso vai ter grandes vantagens económicas".

O estabelecimento de cadeias de valor é outra das vantagens apontadas pelo antigo subsecretário-geral das Nações Unidas e responsável pela Comissão Económica da ONU para África, considerando que isso será "fundamental para a nossa industrialização".

Sobre a rapidez do processo, apelidada de "extraordinária", Carlos Lopes disse que "os países que não ratificaram estão mais dentro do [tempo] padrão do que os outros, que ultrapassaram tudo o que se podia prever, o que mostra uma grande vontade política", concluiu.

O Acordo de Livre-Comércio Continental Africano (AfCFTA) entrou em vigor em 30 de maio, depois de ter sido ratificado inicialmente por 24 países, e pretende estabelecer um enquadramento para a liberalização de serviços de mercadorias, tendo como objetivo eliminar as tarifas aduaneiras em 90% dos produtos, o que permitiria a criação do maior mercado do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 2,5 biliões de dólares.

O AfCFTA entrou em vigor oficialmente a 07 de julho - durante a cimeira da União Africana em Niamey, no Níger - nos países que o ratificaram.

O acordo não foi assinado ainda pela Eritreia, mas entre os países que o ratificaram contam-se as maiores economias africanas. Entre os países lusófonos, o acordo foi apenas ratificado por São Tomé e Príncipe, mas já foi aprovado por todos.
Rispito.com/Lusa, 12-07-2019

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