Futuras líderes da Guiné-Bissau preparam-se em acampamento
As futuras líderes guineenses estão em estágio num acampamento com 150 raparigas dos 16 aos 28 anos, na localidade de Canchungo, norte do país, com o objetivo de "remover barreiras e normas socioculturais e promover a valorização das meninas".
O acampamento, primeira escola nacional de jovens mulheres líderes da Guiné-Bissau, é uma organização da Rede Nacional de Jovens Mulheres Líderes (Renajelf -GB), presidida por Fatumata Sané, de 25 anos, médica recém-graduada em Bissau.
A Lusa visitou a escola, que decorre em seis oficinas improvisadas em vários pontos da cidade de Canchungo, onde estão 25 jovens raparigas em cada uma das oficinas, vindas de todas as zonas da Guiné-Bissau a receberem formações em domínios diversos como inteligência emocional, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez precoce e não desejada, liderança, cultura e arte, gestão associativa, direitos humanos e migração, entre outras valências.
Profissionais seniores, na sua maioria mulheres já no mercado de trabalho, foram convidadas pela Renajelf para ministrarem aulas práticas e noções básicas às futuras líderes, de quem se espera "atitudes, melhoria de virtudes, autoconfiança" nas suas comunidades, a partir de "novos valores cívicos".
A presidente da rede disse à Lusa que "uma menina empoderada será uma mulher fortalecida e pronta para participar nas esferas da tomada de decisões" na sua comunidade e no próprio país, daí se sentir encorajada a continuar com a iniciativa nos próximos anos.
Fatumata Sané destacou também o facto de a iniciativa, a primeira no país, ter juntado "meninas, futuras líderes" oriundas de todas as regiões e de todas as franjas sociais - de organizações comunitárias, jovens com deficiência física, de confissões religiosas, jovens jornalistas, de partidos políticos, desportistas, empreendedoras e militares.
De todas, Sane espera mudanças "a partir de agora" nas suas comunidades e espaços, sobretudo que sejam portadoras de valores que "os mais velhos não têm" e que sejam também "derrubadoras das barreiras e normas socioculturais" que dificultam a ascensão das mulheres aos lugares de decisão, disse.
A líder da Renajelf considerou que a remoção de barreiras na escola vê-se com a presença de sete jovens militares num acampamento organizado por civis entre 04 e 11 de agosto, com os apoios do Governo guineense e agências locais das Nações Unidas.
"É necessário a diversidade, o que é a nossa força, tirando a farda, elas são civis", frisou Fatumata Sané.
Chaviana da Silva é uma das 150 jovens presentes no acampamento.
Oriunda de Bissau, esta guineense de 23 anos concorda com a visão defendida pela líder da rede e, em poucos dias, disse já ter aprendido "muita coisa" sobre os direitos humanos e migração, referindo que a sua meta de vida é "ajudar o país a ser próspero para que os jovens deixem de arriscar a vida, tentando a emigração irregular".
Chaviana disse ter aprendido que aquela forma de sair do país acarreta riscos como a fome, doenças, assassínios e torturas. Mas, acrescentou, sem a estabilidade na Guiné-Bissau, os jovens vão continuar a escolher aquela forma para abandonarem o país.
Dados do Governo guineense indicam que 60% da população ativa é considerada jovem e cerca de 61% da população é do sexo feminino, num país com cerca de 1,8 milhões de pessoas.
Rispito.com/Lusa, 12-08-2019
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