quarta-feira, 6 de novembro de 2019

​"José Mário Vaz sempre teve dificuldades em compreender as leis da Guiné-Bissau” 

Image result for político Rui Jorge SemedoO cientista político Rui Jorge Semedo considera que o Presidente da República da Guiné-Bissau é, neste momento, um dos maiores entraves à estabilidade democrática daquele país. O investigador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), com sede em Bissau, entende que José Mário Vaz está isolado.

Ao Expresso das Ilhas, o politólogo analisa a mais recente crise política guineense, que resultou na demissão do governo liderado por Aristides Gomes e nomeação de Faustino Imbali para o cargo de Primeiro-Ministro, num acto que mereceu a reprovação da comunidade internacional.

“Ele [José Mário Vaz] está a assumir muito claramente a sua posição como um dos maiores obstaculizadores ao funcionamento da democracia. Ao longo do tempo em que está na função de Presidente da República, sempre teve dificuldades em compreender as leis do país”, observa Rui Jorge Semedo.

A 31 de Outubro, o Presidente guineense deu posse a um novo elenco governativo. Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), União Africana, União Europeia (UE) e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) declararam reconhecer apenas o executivo que tomou posse a 22 de Junho. Segunda-feira, Gomes recebeu os embaixadores de EUA, Espanha, Portugal, França, Brasil, Angola e UE, num encontro encarado como um sinal de apoio reforçado destes países e organização à solução governativa saída das eleições de Março.

Para o investigador do INEP, a reacção internacional isola José Mário Vaz.

"O Presidente da Republica está isolado. O decreto que emitiu pode ser chamado de ‘decreto da vergonha’, porque não tem pernas para andar, tanto do ponto de vista jurídico, quanto do ponto de vista político”, avalia.
O chefe de Estado Guineense terminou o mandato em Junho e é um dos candidatos às presidenciais marcadas para 24 Novembro. Por acordo em sede de CEDEAO, Vaz deverá prosseguir funções até à tomada de posse de um novo Presidente.

Rui Jorge Semedo acredita existir uma tentativa de adiamento da ida às urnas.

"A primeira investida foi tentar derrubar o governo durante o debate do programa de governo. Depois, a denúncia feita senhor Primeiro-Ministro de que estava em curso uma tentativa de golpe de estado. Fracassadas essas duas tentativas, a única que restava era entrar em cena o senhor Presidente da República para derrubar o governo. Pensava que, como tinha acontecido no passado, ia impor a sua vontade e, ao mesmo tempo, contribuir para o adiamento das eleições”, defende.

Segunda-feira, José Mário Vaz reuniu o Conselho Superior de Defesa. Do encontro não saiu qualquer posicionamento público, facto que o cientista político interpreta como um sinal de que “os propósitos do Presidente da República não foram acolhidos pelos militares.

Também ontem, o Conselho de Segurança das Nações Unidas ameaçou com novas sanções “contra aqueles que minam a estabilidade" da Guiné-Bissau, ao mesmo tempo que apelou à continuidade do processo eleitoral.

"Graças a Deus, a campanha política já começou”, disse aos jornalistas, em Nova Iorque, o presidente do comité de sanções e representante permanente da Guiné Equatorial para a ONU, Anatolio Ndong Mba.
Rispito.com/Expresso das Ilhas, 06/11/19

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