DEBATE DOS DOIS CANDIDATOS DA SEGUNDA VOLTA PRESIDÊNCIAL
O candidato Domingos
Simões Pereira saiu de
forma confortável no
frente a frente com
Umaro Sissoco Embaló de esta quinta-feira, 26
de Desembro, no debate
promovido pela
Televisão da GuinéBissau no quadro da
segunda volta das
eleições presidenciais.
No debate que durou
quase 3 horas,
Domingos Simões
Pereira, candidato
apoiado pelo PAIGC
mostrou-se mais a
vontade respondendo
quase todas as questões
colocadas.
A estratégia
contrária foi adoptada
por Umaro Sissoco
Embaló que, no conjunto
de todas as perguntas
colocadas, não
respondeu sequer
metade, preferindo
investir no ataque
durante todo o debate.
As investidas de Sissoco
Embaló que visavam
desestabilizar o seu
adversário acabaram por
não surtir efeitos, tendo
em conta que Domingos
Simões Pereira focou-se
mais nos temas da
Presidência e nas
perguntas dos
jornalistas. Por exemplo,
Simões Pereira não
aceitou debater duas questões no debate. As
questões étnicas,
argumentando que
quem quer ser
Presidente da República,
não pode pronunciar
sobre este assunto. Esta
resposta surgiu quando
Umaro Sissoco Embaló
disse ser Fula e acusou o
seu oponente de
discriminação étnica e
de excluir alguns grupos
étnicos no PAIGC.
O segundo tema que
Simões Pereira não deu
relevância e que parecia
interessar bastante o
candidato Umaro
Sissoco Embaló foi
relativa ao desempenho
do Governo de cada um
deles, já que todos foram
Primeiros-ministros. Um
dos trunfos evocados
por Umaro Sissoco foi
quando armou que
teve quatro avaliações
positivas do FMI e do
Banco Mundial,
contrariamente a
Domingos Simões
Pereira.
Em resposta ao desao
de Sissoco Embaló,
Domingos Simões
Pereira perguntou se o Governo que referia
tinha o Programa e o
Orçamento ou ainda se
Sissoco Embaló chegou
ao cargo de Primeiroministro por via legal.
Sissoco Embaló
respondeu que se
chegou as funções na IX
legislatura, porque a
mesma foi polémica. Na
réplica à sua resposta,
Domingos Simões
Pereira disse ser
estranho, uma pessoa
que arma ser
democrata aceitar
funções
antidemocráticas.
E
quanto às supostas
avaliações positivas,
Domingos Simões
Pereira considera
estranho quem diz ter
sucesso, precisar de ir à
Líbia para trazer
dinheiro na mala sem
qualquer controlo. “Mas
não era isso que queria
enfatizar. O que quero
enfatizar aqui é a
mistura que o meu
oponente faz das
instituições financeiras.
Faz referência ao Banco
Mundial e o Fundo
Monetário Internacional
que dispõem de tarefas totalmente diferentes.
Mas, pronto é a sua
preparação”, disse
acrescentando: “Como é
que um Governo não é
credível, não tem
avaliação positiva, mas
consegue reunir a
conferência dos
doadores em que
participam o próprio
Banco Mundial e o FMI. Portanto, o que vejo
aqui é que o meu
adversário não tem
noção das coisas que
aborda”, atacou
Domingos Simões
Pereira.
O debate começou com
alguma alteração,
porque Umaro Sissoco
Embaló preferiu uma
opção contrária ao
determinado pela
moderação. O debate
devia decorrer em
português, mas Umaro
Sissoco disse preferir
falar em crioulo para
poder atingir a
audiência. A opção
provocou um pequeno
“bate-boca” com os
jornalistas que
alertaram que, as
questões continuaram a
ser colocadas em português. E foi assim
durante todo o debate.
Com o decorrer do
mesmo, Umaro Sissoco
acusou os jornalistas de
terem questões
encomendadas e que
Domingos Simões
Pereira era candidato da
imprensa. Chegou a
chamar os jornalistas de
“bocas de aluguer”.
Depois atacou
Domingos Simões
Pereira com acusações
de que, tem o hábito de
trair as pessoas, que
agora são apoiantes dele
Sissoco, como foram os
casos de Carlos Gomes
Jr., Nuno Nabian ou
Botche Candé pelos
apoios que lhe deram na
governação e no partido.
Simões Pereira acha que
não adianta falar do
assunto, porque aqueles
foram, mas ele ficou com
o povo.
Sobre as questões
candentes como a
Revisão Constitucional,
política Externa e a
Estabilidade
Governativa, a posição
dos candidatos são
diametralmente opostas.
Sissoco Embaló diz que a
Constituição da Guiné-Bissau é perfeita e não
tem nada a alterar.
Domingos Simões
Pereira entende que a
mesma precisa de ser
claricada, para evitar
interpretações dúbias.
Defende que existem
definições na
Constituição da
República em que as
funções do Chefe de
Estado são confundidas
com funções executivas.
Sobre os sistemas de
Governo, Domingos
Simões Pereira acha que
o problema está nas
pessoas e na
interpretação que fazem
do papel do Presidente
da República.
Na recta nal, o debate
voltou a aquecer,
quando Domingos
Simões Pereira
questionou a
autenticidade do grau de
General que Umaro
Sissoco Embaló ostenta.
A pergunta não só
irritou Umaro Sissoco
Embaló como levou-o a
acusar os jornalistas de
terem perguntas
encomendadas contra a sua pessoa. Mesmo
assim, depois de tentar
em vão entregar ao
jornalista um chip
supostamente
comprovativo da sua
formação, Umaro
Sissoco disse que a sua
promoção foi deliberada
pelo Conselho Superior
da Defesa e na altura era
Chefe de Estado-maior,
António Injai. Apesar de
ouvir toda a explicação,
em função da irritação
de Umaro Sissoco
Embaló, Domingos
Simões Pereira armou
que o ambiente criado é
prova de que a formação
e autenticidade são
tabus para o seu
adversário eleitoral.
Sissoco Embaló atacou
com argumentos de que,
a sua diferença com
Domingos Simões
Pereira é a honestidade
e verticalidade.
Rispito.com/e-Global, 27/12/2019
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