sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

DEBATE DOS DOIS CANDIDATOS DA SEGUNDA VOLTA PRESIDÊNCIAL

O candidato Domingos Simões Pereira saiu de forma confortável no frente a frente com Umaro Sissoco Embaló de esta quinta-feira, 26 de Desembro, no debate promovido pela Televisão da GuinéBissau no quadro da segunda volta das eleições presidenciais. No debate que durou quase 3 horas, Domingos Simões Pereira, candidato apoiado pelo PAIGC mostrou-se mais a vontade respondendo quase todas as questões colocadas. 

A estratégia contrária foi adoptada por Umaro Sissoco Embaló que, no conjunto de todas as perguntas colocadas, não respondeu sequer metade, preferindo investir no ataque durante todo o debate.

As investidas de Sissoco Embaló que visavam desestabilizar o seu adversário acabaram por não surtir efeitos, tendo em conta que Domingos Simões Pereira focou-se mais nos temas da Presidência e nas perguntas dos jornalistas. Por exemplo, Simões Pereira não aceitou debater duas questões no debate. As questões étnicas, argumentando que quem quer ser Presidente da República, não pode pronunciar sobre este assunto. Esta resposta surgiu quando Umaro Sissoco Embaló disse ser Fula e acusou o seu oponente de discriminação étnica e de excluir alguns grupos étnicos no PAIGC.

O segundo tema que Simões Pereira não deu relevância e que parecia interessar bastante o candidato Umaro Sissoco Embaló foi relativa ao desempenho do Governo de cada um deles, já que todos foram Primeiros-ministros. Um dos trunfos evocados por Umaro Sissoco foi quando armou que teve quatro avaliações positivas do FMI e do Banco Mundial, contrariamente a Domingos Simões Pereira.

Em resposta ao desao de Sissoco Embaló, Domingos Simões Pereira perguntou se o Governo que referia tinha o Programa e o Orçamento ou ainda se Sissoco Embaló chegou ao cargo de Primeiroministro por via legal. Sissoco Embaló respondeu que se chegou as funções na IX legislatura, porque a mesma foi polémica. Na réplica à sua resposta, Domingos Simões Pereira disse ser estranho, uma pessoa que arma ser democrata aceitar funções antidemocráticas.

E quanto às supostas avaliações positivas, Domingos Simões Pereira considera estranho quem diz ter sucesso, precisar de ir à Líbia para trazer dinheiro na mala sem qualquer controlo. “Mas não era isso que queria enfatizar. O que quero enfatizar aqui é a mistura que o meu oponente faz das instituições financeiras.

Faz referência ao Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional que dispõem de tarefas totalmente diferentes. Mas, pronto é a sua preparação”, disse acrescentando: “Como é que um Governo não é credível, não tem avaliação positiva, mas consegue reunir a conferência dos doadores em que participam o próprio Banco Mundial e o FMI. Portanto, o que vejo aqui é que o meu adversário não tem noção das coisas que aborda”, atacou Domingos Simões Pereira.

O debate começou com alguma alteração, porque Umaro Sissoco Embaló preferiu uma opção contrária ao determinado pela moderação. O debate devia decorrer em português, mas Umaro Sissoco disse preferir falar em crioulo para poder atingir a audiência. A opção provocou um pequeno “bate-boca” com os jornalistas que alertaram que, as questões continuaram a ser colocadas em português. E foi assim durante todo o debate. Com o decorrer do mesmo, Umaro Sissoco acusou os jornalistas de terem questões encomendadas e que Domingos Simões Pereira era candidato da imprensa. Chegou a chamar os jornalistas de “bocas de aluguer”.

Depois atacou Domingos Simões Pereira com acusações de que, tem o hábito de trair as pessoas, que agora são apoiantes dele Sissoco, como foram os casos de Carlos Gomes Jr., Nuno Nabian ou Botche Candé pelos apoios que lhe deram na governação e no partido. Simões Pereira acha que não adianta falar do assunto, porque aqueles foram, mas ele ficou com o povo. 

Sobre as questões candentes como a Revisão Constitucional, política Externa e a Estabilidade Governativa, a posição dos candidatos são diametralmente opostas.

Sissoco Embaló diz que a Constituição da Guiné-Bissau é perfeita e não tem nada a alterar. Domingos Simões Pereira entende que a mesma precisa de ser claricada, para evitar interpretações dúbias. Defende que existem definições na Constituição da República em que as funções do Chefe de Estado são confundidas com funções executivas. Sobre os sistemas de Governo, Domingos Simões Pereira acha que o problema está nas pessoas e na interpretação que fazem do papel do Presidente da República.

Na recta nal, o debate voltou a aquecer, quando Domingos Simões Pereira questionou a autenticidade do grau de General que Umaro Sissoco Embaló ostenta. A pergunta não só irritou Umaro Sissoco Embaló como levou-o a acusar os jornalistas de terem perguntas encomendadas contra a sua pessoa. Mesmo assim, depois de tentar em vão entregar ao jornalista um chip supostamente comprovativo da sua formação, Umaro Sissoco disse que a sua promoção foi deliberada pelo Conselho Superior da Defesa e na altura era Chefe de Estado-maior, António Injai. Apesar de ouvir toda a explicação, em função da irritação de Umaro Sissoco Embaló, Domingos Simões Pereira armou que o ambiente criado é prova de que a formação e autenticidade são tabus para o seu adversário eleitoral. Sissoco Embaló atacou com argumentos de que, a sua diferença com Domingos Simões Pereira é a honestidade e verticalidade.
Rispito.com/e-Global, 27/12/2019


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