segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Instabilidade política e preços do caju tornam Guiné-Bissau instável - BAD

O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) considera que a instabilidade política e a volatilidade dos preços do caju tornam as previsões sobre a Guiné-Bissau muito difíceis, antecipando crescimentos de 5% nos próximos dois anos.
"A perspetiva de evolução económica é altamente incerta devido à instabilidade política e à volatilidade dos preços do caju, a maior fonte de rencimento para mais de dois terços dos agregados familiares", lê-se na mais recente avaliação do BAD à economia guineense.

Para além destas dificuldades, as previsões dos técnicos do principal banco de desenvolvimento em África também são arriscadas "devido à instabilidade bancária, aos preços do petróleo superiores às previsões e à grande dependência da agricultura que pode ser rprejudicada por fenómenos climatéricos adversos".
O relatório sobre as economias africanas, que inclui uma parte especificamente sobre a Guiné-Bissau, alerta para os perigos da forte exposição dos bancos à dívida pública guineense, com a dívida interna a representar quase 40% do PIB deste pequeno país africano.
"As melhorias na gestão pública financeira são essenciais para evitar que o setor privado seja afastados dos investimentos pela presença do Estado na economia", diz o BAD, alinhando com o Fundo Monetário Internacional na necessidade de conferir mais qualidade à gestão pública.
"A Guiné-Bissau enfrenta problemas profundamente enraizados de fraca governação e corrupção, que precisam de ser tratados para permitir que realize o seu potencial económico e melhore os padrões de vida da população", refere, num comunicado enviado à imprensa, Concha Verdugo-Yepes, que liderou uma equipa do FMI que esteve em Bissau desde 18 de setembro até ao princípio de outubro para fazer uma avaliação às vulnerabilidades da governação no país.

Durante a sua estada em Bissau, a equipa do FMI reuniu-se com as autoridades políticas, representantes da comunidade internacional, sociedade civil e setor privado para fazer um diagnóstico preliminar às fraquezas de fiscalidade, regulação de mercado e combate à corrupção e branqueamento de capitais.
"Um primeiro passo para aquele objetivo é desenvolver uma estratégia nacional abrangente de combate à corrupção, focadas nos sistemas tributários, administração de receitas, Estado de Direito e no combate à corrupção e lavagem de dinheiro", salientou a responsável do FMI no comunicado então enviado.

O BAD, por seu turno, acrescenta que "garantir um crescimento forte e inclusivo obriga a resolver as falhas nas infraestruturas", já que "apenas 10% das estradas nacionais são asfaltadas, e a taxa de acesso à energia é de 14,7%".

A pobreza afeta mais de 70% da população e a desiguldade de rendimento, medida pelo Índice Gini, foi estimada em 50,7 pontos, com as mulheres a continuarem marginalizadas no acesso ao crédito e à formação profissional, lamenta o BAD.

Nas últimas previsões sobre a evolução da economia, divulgadas durante os Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, em outubro, estes analistas antecipavam um crescimento do PIB da Guiné-Bissau de 5,5% este ano e 4,9% em 2020, com a dívida pública a manter-se ligiiramente abaixo dos 70%, ainda assim acima da média regional de 50%.
Rispito.com/Lusa, 02/11/2019

Sem comentários:

Enviar um comentário

ATENÇÃO!
Considerando o respeito pala diversidade, e a liberdade individual de opinião, agradeço que os comentários sejam seguidores da ética deontológica de respeito. Em que todas as pronuncias expressas por escrita não sejam viciadas de insultos, de difamações,de injúrias ou de calunias.
Paute num comentário moderado e educado, sob pena de nao sair em público